Guia de Sobrevivencia Marvel
Para onde fugir se você insiste em ficar aqui
O que está acontecendo? Na prática, restaram três tipos de escritores na editora, os profissionais profundamente comprometidos com a linha editorial, como Dan Slott e Nick Spencer, os cansados como Mark Waid e os que a Marvel contrata vindos do Tumblr porque se encaixam em alguma minoria que eles querem atingir.
Esses não costumam valer muita coisa, pois em geral nunca leram quadrinhos de super herois, apenas Archie por exemplo, e tem uma noção bastante vaga sobre os personagens nos quais trabalham, vinda da Wikipedia provavelmente.
Então temos abominações como Hulk, estrelado pela Mulher Hulk, numa revista em que ela não se transforma em 6 fodendo edições.
E de repente temos pequenas joias escondidas entre as mais de 100 revistas que a editora imunda o mercado.
Gwenpool é uma dessas.
Comecei a ler porque me pareceu que o conceito era um caça niqueis Quesadiano. Uma mistura da Gwen Stacy, que tinha acabado de voltar como Spider Gwen e Deadpool, que a Marvel coloca em toda parte.
Mas acaba que não é bem isso.
Surgida no gibi do Howard o Pato, Gwen Poole é uma guria normal, sem poderes ou treinamento, vinda na verdade do nosso universo para o universo Marvel.
Lá, ela chega a conclusão, bem acertada na verdade, que se não tiver um uniforme, será apenas um extra. Esse é o unico “poder” dela, vinda daqui, ela conhece todos daquele universo como personagens de quadrinhos, e sabe como as coisas funcionam.
Então arranja um uniforme, rosa, porque ela gosta da cor e ninguém usa, o que garante que ela se destaca e começa a buscar trampo como mercenária. Não que seja boa nisso, ela por exemplo vê tutoriais no youtube sobre como usar espadas.
O nome “Gwenpool” veio como provocação do seu primeiro adversário depois que ela se apresenta para ele.
Ela é absurdamente feliz, se divertindo o tempo todo com a situação, algo como uma Arlequina sem cocaina e trata tudo como uma brincadeira, coisa de gibi mesmo, uma atitude que vem morder ela na bunda posteriormente.
A dupla, bem, trio, criativo principal, é responsável por isso funcionar, mesmo com um conceito tão destinado ao fracasso. O escritor Christopher Hastings é criador de um puta webcomic legal, Dr McNinja e a dupla de artistas japonesas Gurihiru cuida da arte. Gurihiru são Chifuyu Sasaki e Naoko Kawano.
Boa jogada, ao invés de entregar a personagem para gente que desenharia ela como se tivesse um problema cromossômico, como acontece com a Garota Esquilo, ou simplesmente não sabe desenhar, como no gibi, bem, vários outros, investir em desenhistas de mangá. Do Japão mesmo. Já vimos o que acontece quando tentam emular isso.
E Hastings consegue escrever uma historia com um desenvolvimento coerente e principalmente, evitar o grande mal que assola as heroinas da Marvel atualmente, ter uma personalidade cujo unico traço é “garota”. Kamala Khan, a nova Vespa, Riri Willians, Moon Girl, todas elas tem a mesma personalidade intercambiável, “garota”. Tanto é assim que as aparições da Gwen em outros gibis, com outros autores, são ruins de doer, porque eles escrevem ela como se fosse a filha do Deadpool com a Arlequina.
Então é bão. Apenas segure o folego nas edições que não tem a arte de Gurihiru e tudo bem.
Cable
Ahá! Finalmente aconteceu. Acho que convem explicar antes. Sempre gostei do “conceito” do Cable como personagem. Um soldado velho e fodido, que mais apanhou do que bateu na vida, mas que não desiste de lutar. Mas é bem verdade que nunca houve uma história boa com ele.
Pelo menos até agora.
James Robinson mostra que não desaprendeu a escrever desde, sei lá, Golden Age, e mostra uma historia legal com Cable, com, pelo menos o primeiro numero, desenhado por Carlos Pacheco.
Cable está no Velho Oeste e enfrenta uns fora-da-lei armados com armas do futuro, e ele quer saber quem está armando pessoas do passado com equipamento futuristico, o que posteriormente o leva até o Japão feudal e um confronto contra ronins com espadas de energia.
Por enquanto só saiu o primeiro numero e achei bom. Nunca esperei qualidade alguma de uma historia do Cable de forma que me surpreendi. Simples e direto.
Quem sabe a Marvel não consegue transformar o Cable na sua versão do Dr Quem? Só que bom. E com uma bazuca ao invés de um bastãozinho brilhante.
Black Bolt
Esse é outro que tem uma carreira ingrata na Marvel. O unico Inumano realmente interessante. Inspiração para Gene Simmons. E também só se fode na Casa das Idéias. Merecia algo melhor.
O escritor, Saladin Ahmed faz parte da safra de escritores da Marvel sem experiencia com quadrinhos, mas pelo menos não é apenas um autor do Twitter, contando com um curriculo respeitável.
Vulcão Negro Raio Negro depois de abdicar do trono dos Inumanos e se foder de várias formas, acorda preso em um lugar desconhecido, onde uma voz grita com ele, dizendo que tem que se arrepender de seus crimes. Ele escapa, e aí segue.
Por enquanto foram apenas duas edições, e nunca se sabe, pode ser cancelada sem aviso, como Black Panther and the Crew, mas começou bem. A arte de Christian Ward com certeza ajuda aqui.
Há outros dos quais ouvi coisas boas como Old Man Logan e Thanos, mas não me empolguei muito com o Velho Logan e nunca gostei do Thanos.
Mas na real, uns seis ou sete titulos entre o que, cem? Só um deles de um personagem de primeira linha é realmente de cair o cu da bunda.