Mulher Maravilha – por Zweist
Goddess of War
Pois então amiguinhos. O filme da Mulher Maravilha. Vamos começar com a nota. 8,5, 9. Algo poraí.
Definitivamente me agradou, mas naturalmente está longe de ser perfeito. No entanto, é o melhor filme de herois dos ultimos anos.
A trama é simples até.
Próximo ao final da Primeira Guerra, ali chamada de Grande Guerra, já que ninguem achava que teria uma Segunda, o piloto e espião Steve Trevor, cai numa ilha habitada por mulheres enquanto foge de soldados alemães.
Para sair dali, ele é ajudado pela princesa Diana, não a que casou com o sapo, e sim a original. Ela resolve ir com ele para o Mundo do Patriarcado, pois, ao ouvir os relatos sobre a Guerra, acredita que está sendo causada por Ares, o Deus da Guerra e só sua destruição pode acabar com o conflito.
Lá, ela vai usar seus poderes, armas e treinamento para tentar salvar o mundo de uma guerra eterna, e acaba se tornando a Mulher Maravilha.
Uma coisa que me incomodou foi ter notado que tem muitos elementos derivados de Greg Ruka, apesar da trama básica ser a da fase de George Perez. Aquela coisa sobre a ascendencia dela, o uso constante da espada e do escudo, coisinhas assim. Não me agradou. Outra coisa que irritou um pouco foi a sua obcessão, quase de Ash Ketchun, com um unico objetivo, ser um mestre pokemon, matar Ares. Num certo momento, ela não pára de matraquear sobre isso.
É interessante notar como ela foi aumentando digamos assim, seus poderes durante o filme. Em boa parte dele não dava pra imaginar que ela atingiria niveis Superhomescos de poder, mas conforme ela vai lutando e de certa forma, adquirindo mais confiança é quando começa a jogar peças de artilharia nos outros.
Diana tem uma curiosidade quase infantil quanto ao Mundo do Patriarcado, o que é compreensivel, já que ela viveu na sociedade mais isolada do mundo, depois da Coreia do Norte, a única criança criada lá. As cenas nas ruas de Londres mostram bem isso.
E para aqueles que esperam que eu faça alguma critica à Marvel, sinto desaponta-los. Só porque em mais de dez anos de universo cinematográfico ainda não fizeram um filme com uma heroina, e quando fizerem vai ter que ser com a insuportável Capitã Marvel, não vou criticar.
“Ah Zero. Mas é bom porque tem piadinhas, igual os filmes da Marvel.” Verdade. Se fosse por isso que os filmes da Marvel são bons. E não é, certo? Ao contrário, os que costumeiramente são chamados “os melhores filmes da Marvel” da semana, tirando Guardiões da Galáxia, são justamente os menos carregados de piadas, como Civil War.
Deixando isso de lado, o filme tem algumas coisas realmente curiosas. O general alemão, Ludendorff, por exemplo. É baseado no verdadeiro general Eric Ludendorff , mas no filme carece do bigode foda e do capacete com espigão, o que o torna uma versão inferior.
Falando nisso, esperava também ver mais desses capacetes alemães característicos. Sim, sei que não eram todos os soldados que tinham, em particular próximo ao fim da guerra, mas o Pickelhaube é uma imagem muito ligada ao periodo.
A escolha desse periodo também, a Primeira Guerra, é interessante. Ajuda não ter vilões tão óbvios quanto os nazistas.
O que nos leva à uma área nebulosa aqui. Ares é quase uma presença, a despeito que, em boa parte do filme, Diana é a unica preocupada com ele, mesmo quando Trevor começa a ter menos dúvidas sobre essa história toda. Nosso amiche Hellbolha ficou desapontado com a batalha final entre Diana e Ares.
É compreensível e não foi aquele quebra pau esperado. Mas não me incomodou tanto. Nesse ponto, o pensamento da fase de Perez até ajudaram, já que ali, a Mulher Maravilha, depois de notar que não é páreo para ele, CONVENCE Ares a parar com aquela folia toda, na conversa mesmo. Mas mesmo isso é melhor que aquele final de Dr. Estranho.
A Dr Veneno é a outra parte dessa equação. Mostrada como severamente desequilibrada e deformada, não chega a ser assustadora, ou perigosa. A vibe dela é “bizarra”. Aquela máscara que ela usa é baseada nas máscaras protéticas reais da época. Dado os ferimentos tanto à bala, quanto estilhaços e gás durante a guerra, houve uma grande demanda desse tipo de prótese. E sinceramente, não aconselho buscas no Google.
O que agradou também é a quantidade de referencias espalhadas. O avião enorme dos alemães? É o Zeppelin-Staaken R.VI, construido pela mesma empresa Zeppelin que faria, bem, os Zeppelins.
Vamos tirar o elefante branco da sala ok? E já que falamos nisso, comecemos com Etta Candy. Não vou pedir desculpas. O filme retrata um monte de fatores que uma galera não cansa de gritar, mas diferentemente desse pessoal, faz de forma correta e coerente com a historia, tanto do filme quanto História mesmo, com H maiusculo.
Etta é apresentada como a secretária de Trevor, realmente o máximo possivel para uma mulher nas forças armadas no periodo e lugar. No entanto, posteriormente, acaba tendo um papel de planejamento e mostra sua competencia.
Os amigos do Trevor são uma salada multinacional. Um marroquino, um escoces e um indio americano. Eles não são, nunca seriam, parte da mesma unidade nas forças regulares, mas dá a entender que são pessoas que Steve encontrou em algum momento e com quem pode contar, em especial em suas áreas de habilidade.
Curiosamente, o filme tem uma mensagem, algo bastante ausente nesse genero no cinema. E não é a que algumas pessoas esperavam. Então, não. O filme não é um libelo SJW.
Do ponto de vista técnico é meio instável, com momentos de efeitos bons alternando com partes ruins de modo inconsistente.
A trilha sonora no entanto, é muito boa. Realmente se destaca entre as trilhas de herois atuais.
E o logo da DC antes do filme mereceria uma analise mais detalhada por si só.
A diretora, Patty Jenkins mostrou que soube conduzir bem o filme, e mesmo lidando com fatores além de seu controle, como na verdade, a escolha de Gal Gadot como a Mulher Maravilha. Em entrevistas, ela afirmou que sentiu o “coração afundar” quando soube da escolha da atriz, mas posteriormente se convenceu que foi uma escalação acertada.
E se considerarmos que Gadot fez a maioria das suas cenas de ação, boa parte delas estando grávida, de quatro meses creio, é ainda mais impressionante.
Um toque esperto foi a escolha das amazonas. Jenkins colocou tantas atletas quanto podia ali, o que faz total sentido, inclusive a fodelona Ann Wolfe, como Artemis. Jenkins não foi também a primeira escolha do estudio, substituindo Michelle MacLaren, que tinha ideias bem diferentes para o filme, como ser mais focado na ação e Diana ter um tigre de estimação com quem falaria.
É um filme de origens bem ao sentido da palavra, não só mostrando como Diana saiu de Themyscira mas dando a entender o porque ela teria ficado quase escondida por tanto tempo, até o surgimento do Superman. Isso é demonstrado da mudança da Diana ingenua do começo do filme para um ponto de vista quase cinico posteriormente, o que não é de se estranhar dado o nivel de merda que ela testemunhou.
No fim das contas temos um filme realmente bom, não absurdamente excepcional, mas bom mesmo. A tal mudança nos rumos do DCEU deve vir tanto desse filme quanto, principalmente, do afastamento, temporario talvez, de Zack Snyder do comando da bagaça.
O filme acaba sendo um marco, talvez nem tanto pela sua qualidade, mas por ser o “primeiro” de alguma coisa, algo semelhante ao primeiro filme dos Vingadores.
Mas Mulher Maravilha é melhor.