Review Risonho: Luke Cage e Punho de Ferro!
“Eu sou o GAROTO-PROPAGANDA DOS PODERES MISTICOS! Até meus PEIDOS são místicos e poderosos…eu manjo tudo de poderes místicos.”- DE FERRO,Punho
Olá, jovos e jovas, só quero dizer uma coisa antes de começar: Eu estou SATISFEITO! Sim, por que em meio a todo o cabaré e polêmica em que a Marvel se meteu recentemente, ainda sobrou espaço pra ótimas revistas que não se preocuparam em querer refazer a roda. E, apesar da frase inicial parecer ter saído do roteiro de um filme do Michael Bay, acredite, ela se encaixa muito bem dentro de toda a proposta de uma das HQs mais divertidas que li nos últimos meses. Obviamente estou falando de Luke Cage e Punho de Ferro (está no título do post, dããã…), encadernado lançado recentemente pela Panini.
Antes de mais nada eu preciso confessar como cheguei até essa HQ, já que nunca fui grande fã do Luke Cage e nem do Punho de Ferro, e me tornei menos fã ainda deste segundo após assistir sua HORRENDA série na Netflix. Eu fui atraído justamente pelos desenhos do senhor Sanford Greene e seu estilo meio cartunesco um estilo que me lembra uma mescla dos desenhos do Sean Murphy (um dos meus favoritos) com grafites de rua. Eu adorei assim que eu bati o olho. Inclusive, numa conversa pelo Discord dos Superamiches com o Evandro e o Sir Vinnie, concordamos que iriamos atrás pelo menos pelos desenhos, já que não esperávamos grandes coisas do roteiro. Ledo engano, pra minha alegria!
O desenho de Greene parece ser a mão que se encaixa perfeitamente na luva que é o roteiro de David Walker. Walker nos entrega uma história leve, descontraída e extremamente divertida de se ler, com tiradas bem humoradas e que te fazem se pegar rindo alto várias vezes, coisa que raros autores conseguem quando se trata de minha pessoa. Mas, antes de me aprofundar um pouco mais, deixa eu dar um resumão dessa primeira edição:
Danny Rand convence um relutante e agora pai de família (QUE DELIIIIICIA, CARA),Luke Cage, a recepcionar uma pessoa muito importante no passado de ambos na porta da cadeia, lugar do qual Cage quer mais é distancia por motivos óbvios. Descobrimos, então, que se tratava de Jennie Royce, antiga gerente da Heróis de Aluguel e condenada a 5 anos de prisão pelo assassinato de seu ex-companheiro e atual defunto, Eugene Mason, vulgo Vigilante do Crime, um combatente do crime que não só era PÉSSIMO no que fazia como descontava suas frustrações na pobre Jennie. Mas Jennie não o matou por pura raiva, ele estava, na verdade, possuída. No entanto, tal fato foi irrelevante para a justiça e ela foi sentenciada a “apenas” 5 anos graças aos esforços de Rand e Cage, ou poderia ter pego MUITO MAIS. Porém a moça não achou nada justo e agora que acertar as contas com seus ex-companheiros de trabalho, os quais julga culpados por deixá-la ir apara a cadeia. Para se vingar, ela usa a boa vontade de Rand e o tamanho e força de Cage para conseguir uma joia mistica que estava em poder do Lápide e assim, ao lado de sua nova aliada, Maria “Sombria” Dillard, a qual conheceu na cadeia, conseguir sua vingança.
Confesso que assim que o elemento místico foi introduzido na trama eu já torci o nariz. Heróis urbanos pra mim tem que enfrentar tretas urbanas! Mas, felizmente, David Walker não se foca demais nesse aspecto trazendo um final apoteótico com uma grande luz azul que brota do chão até o céu e faz toda a cidade pirar (beijo, Esquadrão Suicida). Ele, sabiamente, prefere manter a coisa toda muito mais contida e se focar na simplicidade das relações dos personagens e no trabalho capenga de detetive da dupla Rand e Cage, o que rende momentos hilários e dá todo um ar de filme de dupla policial, no melhor estilo Máquina Mortífera, a coisa toda. Honestamente não temos tanta porradaria louca a alucinada, como qualquer outro autor poderia empurrar, dado o histórico dos personagens, e isso até seria uma saída fácil pra fazer uma trama extremamente básica e, provavelmente, vazia. Mas, acreditem, isso não incomoda nem atrapalha a trama. Muito pelo contrário! O humor é o fio condutor de toda a história e as poucas “trocas de tapas” são pontuais e funcionam muitíssimo bem.
E é aí que volto a falar da arte do Sanford Greene. Como já disse, se encaixa perfeitamente ao roteiro de David Walker e Greene ainda tem sacadas geniais ao colocar o Luke Cage fazendo cara de mal sempre que tá peitando um mal caráter mas fazendo cara de gigante gentil assustado sempre que tá tomando bronca de sua furiosa esposa, a excelentíssima Jessica Jones que, de acordo com o próprio Luke ” Pode fazer O QUE ELA QUISER. É ela que manda”.
Já no caso do Punho de Ferro, Greene o representa como um garotão fanfarrão e extremamente inocente e de bom coração e, por muitas vezes, o desenha tendo reações hilárias e fazendo poses ridículas ao se deparar com um inimigo, com destaque especial para duas sequencias, a primeira quando ele encontra acidentalmente os capangas do Lápide que seguiam ele e Luke Cage o dia inteiro e a segunda quando o Luke Cage imita o arremesso especial do Colossus com o Wolverine e o Punho de Ferro se mostra totalmente incerto sobre e eficiência de tal façanha.
Ah, e o encadernado encerra com uma divertida história que mostra o confronto da dupla contra Marsdale “O Aniquilador” , mostrado de vários pontos de vista e culminando com um desfecho hilário com o Luke Cage tendo seu “novo superpoder de voo” devidamente explicado”. Aqui o traço do Greene muda levemente, creio que deva ter sido arte finalizado por alguém não creditado, mas não perde o charme.
A edição da Panini é o básico e MUITO BEM VINDO encadernado de capa cartonada e miolo em LWC, com apenas 116 páginas que compilam a edição 1 á 5 da série original, custando R$19,90 (saudades de encadernados neste valor…). “Puxa…poucas páginas, né, Hellbolha…?” você indaga, e eu digo SIM, poucas páginas pra um encadernado, na verdade é quase uma mensal nos bons tempos, quando elas tinham 100 páginas e custavam R$6,00, hoje elas tem 52 páginas e custam R$7,20. Mas a quantidade de páginas pode ser explicada, pois a revista infelizmente, foi cancelada na 15ª edição para que cada personagem ganhasse revista solo (informações via Caio Egon, obrigado jovem), assim sendo, a Panini irá publicar 3 encadernados trazendo 5 edições em cada mais o Especial de Natal. E eu já estou ansioso pelo próximo encadernado!
Enfim, Luke Cage e Punho de Ferro é uma leitura leve, divertida e com desenhos de encher os olhos (a não ser que você seja uma daquelas pessoas que só gostam de HQs com desenhos extremamente acadêmicos e anatomicamente corretos, e teria orgasmos caso Da Vinci fosse vivo e desenhasse o Homem-Aranha com os traços do Homem Vitruviano, seu chato do caralho…). Se você estava em dúvidas se deveria adquirir essa edição, vá sem medo. Ela se afasta de todo o cabaré que tomou o resto da Marvel e vai te fazer lembrar como é bom ler um quadrinho sem apelação pra chamar leitor com polêmica babaca. E eu quero muito mais disso!
Nota: 8,0