A Trilha da Mulher Gato
Só não digo que duas revistas da Mulher Gato nessa coleção são desnecessárias porque as duas são boas pra cacete!
Logo na esteira de Um Crime Perfeito, a Eaglemoss lançou na sua Coleção DC o encadernado A Trilha da Mulher Gato, continuação direta da publicação anterior. Ainda escrita por Ed Brubaker e com os desenhos ora do falecido (prematuramente) mestre Darwyn Cooke, ora de Brad Rader, o encadernado conta com duas histórias.
A primeira é intitulada Sem Dor. Após os eventos de Um Crime Perfeito, Selina decide largar a vida de crimes e se dedicar aos cidadão de Gotham menos favorecidos, os marginalizados que ou são alvos da repressão policial, ou vítimas do descaso dos vigilantes da cidade. Enquanto a anti heroína busca se encontrar, uma série de crimes chama a sua atenção, muitas prostitutas estão sendo brutalmente assassinadas. Não existe um suspeito, em grande parte porque a polícia não se preocupa com mais uma prostituta morta, mas o mais intrigante é que, por mais que muitos casos seja idênticos, o homem visto na cena do crime sempre possui uma aparência diferente.
A segunda história é Disfarces. Na trama, a amiga de Selina, Holly, ajuda a sua amiga a desbaratar um esquema de tráfico de drogas. Porém Holly acaba sendo usada como bode expiatório de policiais corruptos que fazem parte de tal esquema após presenciar uma execução perpetrada pelos mesmos a mando de um chefão do tráfico. Cabe à Mulher Gato agora salvar a vida e provar a inocência de sua amiga, e para isso ela vai precisar mais uma vez da ajuda do detetive particular Slam Bradley.
Se o primeiro encadernado havia me impressionado pela qualidade e pela dupla criativa envolvida, esse aqui me surpreendeu por conseguir ser melhor que o anterior. Brubaker parece estar mais à vontade agora que a responsabilidade de reformular as histórias de Selina Kyle havia passado. Ambas histórias parecem fluir com mais naturalidade, sem enrolação e capazes de prender a atenção do leitor até a sua conclusão sem o mínimo vacilo. Cooke desenha a primeira história e, pra variar, executa um trabalho impecável. Assim como eu disse que nunca li nada ruim escrito por Ed Brubaker, eu arrisco dizer que nunca vi uma história desenhada por Darwyn Cooke com desenhos ruim ou abaixo do esperado.
Geralmente eu acabo esperando um estranhamento típico quando muda o desenhista de uma série bem no meio do encadernado, mas o traço de Brad Rader consegue se encaixar muito bem na estética de Cooke e ainda assim construir uma identidade visual própria. O trabalho de cores de Matt Hollingsworth e Lee Loughridge ajudam muito também para isso dar certo.
A história extra é uma republicação de Batman #65, de 1951. Na história, a Mulher Gato é libertada da prisão pelo misterioso Senhor X, mas durante um embate contra a dupla dinâmica um trauma forte na cabeça faz com que ela recupere a memória de sua antiga vida como Selina Kyle, uma pacata aeromoça que perdeu a memória em um acidente de avião. Agora consciente de quem realmente é, Selina aceita trabalhar como agente dupla para levar o Senhor X à justiça. Geralmente eu falo que essas histórias servem apenas como curiosidade histórica, mas será que alguém já tentou reaproveitá-las? A história nesse exemplar daria um curta animado de uns dez minutos maravilhosamente divertido, e uma série nesse estilo seria sensacional na minha opinião.
No frigir dos ovos, A Trilha da Mulher gato é um ótimo encadernado, mas infelizmente eu me vejo obrigado a dizer que não vale o investimento. Não só agora, mas daqui em diante todo encadernado da Eaglemoss é assim, pois o preço absurdo acaba tornado boas histórias pouco acessíveis, e um preço desse só deveria ser colocado em histórias clássicas.