Logan – por Godoka
Aquela dificuldade básica de iniciar um texto depois de tanto tempo sem escrever…
Mas o assunto do post vale o esforço.
Logan é a produção que marca a aposentadoria de Hugh Jackman do papel de Wolverine, responsável por lançá-lo ao estrelato em 1999 com X-Men 1. A história se passa em 2024, muitos anos depois dos mutantes terem sido exterminados, também é relatado durante a película que nenhum novo mutante nasceu desde 1999. Alguns poucos sobrevivem nas sombras, e um deles é Logan. Os poderes de regeneração do mutante não funcionam mais tão bem quanto antigamente por um conjunto de fatores como a exposição constante ao adamantium que recobre os seus ossos (e é extremamente tóxico), a idade avançada e o alcoolismo.
Para se sustentar, Logan trabalha como motorista de limusine, mantendo-se sempre em movimento para tentar esquecer o passado. Ele não é o único sobrevivente, Xavier também está vivo, e aos noventa anos exibe já um estado intermediário de alguma doença degenerativa, o que acaba sendo algo extremamente perigoso visto que se trata do cérebro do maior telepata já conhecido. Enquanto Logan está trabalhando, o velho mentor dos X-Men fica aos cuidados de Caliban, o mutante albino com capacidade de rastrear outros mutantes (que nos quadrinhos era integrante dos Morlocks). O plano de Logan é juntar dinheiro o suficiente para comprar um barco e morar em alto mar, onde nem suas habilidades ou as de Xavier possam machucar mais pessoas.
O ex X-Men é abordado um dia por uma mulher mexicana, que além de conhecer o seu passado, afirma que precisa de ajuda para proteger e levar uma jovem mutante para um local seguro. A jovem Laura faz parte de um projeto governamental que clona material genético de mutantes mortos e treina os clones desde cedo para se tornarem assassinos. Um dia um grupo de enfermeiras acaba libertando muitas das crianças, que se separam porém tem um local de encontro próximo a fronteira. Logan descobre que Laura é um clone seu, e possui o mesmo fator de cura, além de enxertos ósseos de adamantium. A diferença é que Laura possui duas garras que saem das mão e uma dos pés, o que no filme é teorizado como uma variação mutante ligada ao sexo.
Circunstâncias que fogem ao poder de Logan o forçam a ajudar Laura, e os dois mais Xavier iniciam uma jornada até a fronteira dos Estados Unidos com o Canadá, tratado como um refúgio seguro pela jovem, enquanto são perseguidos pelo grupo mercenário conhecido como Carniceiros. É melhor parar a resenha por aqui senão o nível já alto de spoiler vai subir até esse post virar uma versão resumida do roteiro.
De X-Men Origens: Wolverine até os dias de hoje se passaram 8 anos, além de mais um filme solo do mutante aí no meio, mas a espera valeu a pena. Logan é um filme tão acima da média e destoante da franquia mutante que fica até difícil associá-lo aos outros títulos da franquia. Aos 45 minutos do segundo tempo finalmente nós fãs fomos agraciados com o que deveria ter sido feito desde o começo em um filme do carcaju: uma abordagem seca e crua, sem medo de abusar da violência em certos momentos. Falando em violência, nem mesmo as sequências de fúria do personagem em X-Men 2 ou no mais recente X-Men: Apocalipse conseguem preparar os espectadores para o banho de sangue e desmembramentos desse filme.
Mesmo sendo um ótimo filme, é claro que ele tem os seus defeitos. Me incomodou um pouco alguns diálogos que tentaram forçar o drama, como o diálogo final entre Logan e Laura, por exemplo. A necessidade de criar um antagonista mutante para Wolverine também pareceu um tanto desnecessário, visto que o velho Logan não é mais tão forte ou imbatível quanto antes, sem contar que a presença de um proto Daken aqui não exatamente algo bem vindo. Também temos uma certa previsibilidade em alguns momentos do filme, mas isso não é exatamente um problema exclusivo aqui, e sim algo impregnado em toda e qualquer adaptação cinematográfica de quadrinhos.
Como era de se esperar, um filme desses geraria emoções distintas no público, principalmente na galera que curte as hq’s. Na minha opinião, quem está menosprezando o filme está no mesmo balaio dos que saem chorando do cinema. Se de um lado temos gente que se deixa levar demais pelo hype causado com os trailers, entrevistas e material promocional, do outro temos a turma que já estava preparada pra falar mal do filme desde que o mesmo foi anunciado, e que estranhamente não enxerga defeitos mais graves nos filmes quando os mesmos são feitos pela Marvel, ao invés da Fox.
No cômputo final Logan cumpre a promessa de ser uma despedida mais que digna de Hugh Jackman da franquia mutante, e provavelmente é um dos favoritos ao título de melhor adaptação de quadrinhos do ano (algo difícil de ganhar em um ano com Guardiões da Galáxia 2). Esqueçam o mimimi e o chororô que está se espalhando na internet como chorume, vão assistir essa bagaça no cinema (pois vale o ingresso) e tirem as suas próprias conclusões. Não sei se mais alguém do site vai escrever sobre, porém tem grandes chances de um drops analisando o filme sair essa semana, então fiquem ligados. Ou não.
Nota 8 (não curto dar nota nos posts, então não tratem isso como um hábito)