Não o filme. Você quer saber mais?

Publicado em 1959 o livro, escrito por Robert A. Heinlein, é repleto de polemicas até hoje. A controvercia cercando esse livro vem já daquela época.

O próprio Heinlein serviu na Marinha, mas foi dispensado por razões médicas, de forma que não chegou a entrar em combate. No entanto ele fez entrevistas com muitos soldados para ter a noção de como se sentia um soldado de infantaria.

É graças a esse livro que existe a imagem do space marine, o fuzileiro espacial, que vai desde Master Chief, passando por Starcraft, Gundam, até chegar ao Adeptus Astarte de Warhammer 40k. E na verdade todo tipo de traje de combate mecanico. É uma influencia direta a uma infinidade de animes.

Uma das maiores acusações de fascismo é a famosa situação dos “Cidadães”. O filme acaba sendo confuso nisso, e cabe ao livro explicar melhor. No sistema da  Federação, apenas aqueles que serviram podem ser cidadães plenos. A impressão que passa é que os demais não teriam direitos. Bem, isso está errado. A diferença primordial é que os cidadães podem votar e fica basicamente nisso. Se alguém se lembra, a familia do Rico é, desculpem, muito rica, dona de empresas e tal. Comparações com regimes fascistas como nazismo e outras não duram a uma análise rasa.

Na verdade, eles parecem viver mais por “Com grandes poderes vem grandes responsabilidades” já que é explicado que, um Cidadão recebe uma pena mais pesada que um civil, até oito vezes maior, se for um oficial. E falando nos oficiais, num combate, todos vão, até o mais graduado general.

É curioso pensar que o filme é realmente uma inversão do livro. Se no livro, são discutidos os méritos do sistema da Federação e como os militares, dispostos a se sacrificarem, são os responsáveis por manter o sistema politico que substituiu as corruptas democracias que causaram o Caos. O filme vai para o lado da sátira desses valores. O problema é que a sátira ficou muito sutil e acabou recebendo a pecha de “propaganda fascista”.

O protagonista do livro é John “Johnny” Rico e mostra seu ponto de vista desde seu ultimo ano na escola, o momento que toma a decisão de se alistar no serviço militar e posteriormente a guerra contra a espécie alienígena conhecida como Aracnídeos.

Vamos então, apontar algumas diferenças, sem ser muito espoilerento.

Os trajes. Esqueça aquelas ondas de soldados avançando com pouca proteção. A Infantaria Móvel é muito menor e muito melhor. Cada soldado que usa/pilota o Traje Mecanizado poderia acabar com um pelotão de tanques atuais sem maiores problemas. Pense na armadura do Homem de Ferro, porém maior e realmente usada para acabar com o dia de alguém. Eles são tão fodas que os Marines lutam afastados quase dois quilômetros uns dos outros, e apenas a unidade do Rico, os Rudes (Roughnecks) bastaria para subjugar um planeta. Se os inimigos não fossem os Insetos.

Outra é a presença da Unidade K9. Os Calebs são algo como cães geneticamente modificados para terem uma alta inteligencia e vinculados a um soldado. O vinculo é tão profundo que, se o humano morre, o Caleb é eutanizado. Se o contrário ocorre, o soldado fica sedado por semanas e eventualmente recolocado em outra função, se conseguir.

Há outras especies de alienigenas, e são, assim como os Aracnídeos, bem diferentes do filme. A Federação tem alianças com algumas delas e todas são mostradas como possuidoras de cultura, ao contrário dos ferais insetos do filme.

As divisões entre sexos. Na Federação, mulheres são alistadas na Marinha, ou seja, pilotam as naves. Isso é principalmente por causa do melhor senso de equilibrio.

O treinamento também é mais detalhado e muito mais infernal. Também se mostra que, a partir de um certo ponto, é preciso muito estudo pra se tornar oficial, no filme Rico vai subindo de posto conforme seus oficiais morrem. Esse tipo de “promoção de campanha” existe, mas as vezes é temporária, até o cara mostrar que merece.

Junto com as polemicas sem fim, houveram muitas obras, tanto adaptações quanto continuações sobre Tropas Estelares. Em 1988, foram lançados seis OVAs chamados Uchū no Senshi, que se afastam do material original tanto quanto o filme, na verdade. Mas pelo menos os Trajes estão ali. No Tubo é possivel de encontrar.

O filme teve continuações um tanto mais fiéis, mas a melhor seria a série animada Roughnecks: Starship Troopers Chronicles, que chegou a passar aqui, teve apenas uma temporada, principalmente porque não era infantil o bastante.

Outro bom também é mais recente, o curta Starship Troopers: Invasion, dirigido por Shinji Aramaki, um veterano dos animes com trajes de combate.

Enfim, Heinlein é a segunda parte da Trindade da ficção cientifica, junto com Azimov e Artur C. Clark. E a edição da editora Aleph tem uma entrevista com dois autores de uma biografia de Heinlein, que ajuda bastante a entender o sujeito, as condições em que o livro foi escrito e rever bobeiras que foram escritas e ditas sobre esse cara e Tropas Estelares por pessoas que, quando muito, viram o filme.

Por sinal, o diretor Paul Verhoeven admitiu só ter lido os primeiros capitulos do livro.