Dark Souls III
Morra uma viagem para Lothric.
Então acaba de ser lançada a nova versão da série Dark Souls, no caso o terceiro jogo. O quarto, se consideramos Demons Souls como o primeiro.
A história….bem, é melhor deixar uma coisa bem clara. A historia nunca é clara.
No caso aqui, você é o Ashen One, que tem que encontrar e naturalmente obliterar os Lords of Cinder para impedir uma tremenda merda de acontecer. É…. em resumo seria isso. É mais elaborado que isso, mas nenhum jogo da série entregou a história de mão beijada.
E por falar em mão beijada, vale falar um pouco sobre a tão falada dificuldade da série. Como posso dizer… é dificil, e não é, ao mesmo tempo.
Uma pessoa jogando algum DS (vou usar essa sigla quando falar de qualquer Dark Souls, não é Nintendo DS nem Dark Schneider) pela primeira vez vai ser morta impiedosamente, mesmo que tenha sido criada pelos crueis consoles de 8 e 16 bits.
Isso é claro até que aprenda as mecanicas de como o combate funciona, as esquivas, quais ataques podem ser bloqueados e quais devem ser evitados e por ai vai. Não é complicado na verdade.
Claro, mesmo um cara que domine bem a coisa toda ainda pode ser morto por um miserável grupo de esqueletos se vacilar um pouco que seja. Isso é algo comum na série. Mesmo um personagem de alto nivel pode acabar derrotado por um erro bobo de cálculo do jogador.
Os chefes, bem, costumam ser dificeis mesmo para alguem que passeie pela fase. É uma série que é mais baseada em paciencia do que reflexos rápidos.
Tem algo de melancolico nesse jogo. A história e o mundo giram em torno de cinzas e brasas, de um mundo que está agonizando. Se nos jogos anteriores já havia o peso dessa morte do mundo, aqui, ele está em estagio terminal. Essa melancolia se reflete nos cenários, repletos de cinzas e brasas apagando. Esse é um tema tão presente que se reflete até no icone que você usa para recuperar Humanidade, desta vez são os Embers (brasas) e na aparencia do seu personagem quando ele está em forma humana. É como se ele estivesse em brasas.
Para esse jogo, o criador da série, Hidetaka Miyazaki (o cara que leu muito Berzerk), voltou e assumiu as rédeas da bagaça novamente. Ele trouxe consigo uma imensa quantidade de fanservice da série. Andre, o Ferreiro, Firelink Temple e até um cara, morto, morto mesmo, usando a clássica armadura Elite Knight de Astora, quase no começo do jogo.
Outra coisa que voltou veio lá de Demons Souls, a barra de energia magica. Em DS I e II cada magia podia ser usada um número determinado de vezes, até se esgotar e ter que ser recarregada nas Fogueiras ou com itens especificos, então DS III tem um Estus Flask para recarregar a barra de magia.
Há uma enfase pesada na construção do personagem e do equipamento, permitindo uma maior caracterização e dando ao jogador uma personalização maior para um estilo de jogo, os famosos “builds”. E para isso o combate está refinado ao seu ápice, rápido e respondendo de forma excelente.
Os cenários estão localizados ao redor do Firelink Temple, num hub parecido com DS II, onde os NPCs ficam reunidos e é dali que se parte de uma fase para outra. As fases parecem ser em menor numero desta vez mas elas são muito maiores e bastante labirinticas.
Há outra razão para a melancolia aqui. Segundo Miyazaki, esse vai ser o último jogo da série Souls. É possivel, já que a From tem a série Bloodborne agora e ela pode ser a mãe adotiva dos possiveis órfaos da série.
Na questão técnica, os gráficos não se destacam pra caralho. São bonitos e bem feitos e transmitem a opressão e decadencia esperada, assim como a trilha sonora que é de qualidade como sempre.
Dark Souls III não reinventa a roda e nem se propoe a isso. É uma sequencia com uns melhoramentos aqui e ali, alguns dos problemas já habituais da série, como a camera que as vezes resolve te fuder, como tudo mais na verdade. Mas ao contrário de séries que saem desnecessáriamente todo ano, DS é aguardado o bastante para a galere deixar passar os defeitinhos e curtir a vibe dificultosa.
Pra finalizar, um pequeno desabafo. Vi, aqui e ali, alguns comentários sobre como a série deveria ter um Easy Mode. Alguns argumentam que, se houvesse uma opção para facilitar o jogo, o mesmo alcançaria uma maior variedade de jogadores, pois há aqueles que se intimidam com a dificuldade de Dark Souls.
Bem, eles que se fodam. Simples assim.
Há uma atitude de que todo mundo deve poder aproveitar a experiencia e facilitar as coisas proveriam isso para jogadores menos “hardcore” digamos assim. Essa atitude está generalizada na industria de games hoje, e é por isso que temos tutoriais imensos e jogos que pegam na sua mão como aquela abominação do Super Guide em New Super Mario Bros, que termina a fase pra você. Esse pensamento de que todo mundo tem que aproveitar, todos tem que se divertir com tudo e ninguém pode perder para não se sentir tristinho.
Se todos os jogos atuais tivessem a dificuldade dos antigos, Dark Souls não se destacaria tanto. Aquilo era o comum, como qualquer jogo do Megaman ou mesmo Alex Kidd pode comprovar.
Nosso amiche Godoka sempre admite que usa trainer até para jogar Paciencia, mas isso é uma escolha absolutamente dele, não algo imposto ao desenvolvedor. Sempre houve easy mode em muitos jogos, mas não todos. Se o cara não consegue jogar por ser muito dificil, bem, paciencia, que vá jogar outra coisa.
Afinal de contas, o mesmo Godoka fez um post sobre Laranja Mecanica, todo escrito naquela linguagem maluca do livro e nem por isso acho que deve ser feita uma versão em português compreensivel do livro ou mesmo do post. Se eu não consigo entender ou se a linguagem me irrita, vou ler outra coisa.
Isso de que “mas você está se privando de um clássico” não cola. Vou atrás de outra coisa.
E, só pra deixar registrado. O Easy Mode da série Souls é jogar usando magia.