Quarteto Fantástico – Ações Autoritárias

Esse encadernado poderia ser renomeado como “Que Merda Você Está Fazendo, Reed?”

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Essa edição  é  uma continuação direta de Quarteto Fantástico: Inconcebível, que você pode ler a resenha aqui. Na história, após o aprisionamento de Destino no inferno, a Latvéria é um país sem governante e começa a atrair a atenção de seus vizinhos de fronteira. O antigo ditador era ameaça suficiente para outros países, então a pequena nação nunca contou com mais do que um exército pequeno e mal treinado.

E antes que o  pacato (apesar de dominada pelo medo e com liberdades restritas) país mergulhe em uma banho de sangue, o Quarteto entra em ação. Desde o começo fica claro que este é um plano de Reed, e que todos estão seguindo-o meio a contragosto. Desde o último confronto com Destino, que terminou com o líder dos heróis tendo o seu rosto desfigurado pelo vilão, as ações de Reed possuem motivações sombrias, muitas vezes fugindo da usual benevolência do cientista. Além disso Reed se tornou um homem extremamente amargo, seja por causa do seu rosto, seja pelo seu espírito e confiança quebrados.

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O grupo de heróis enfrenta dificuldades em três principais fronts. Além das ações no mínimo equivocadas de seu líder, a desconfiança a amargura dos cidadão de Latvéria para com eles é enorme. Mesmo mergulhando o país em uma sociedade quase feudal, Destino era visto como um protetor por muitos, mantendo-os seguros, longe da violência, instabilidade econômica, problemas de infraestrutura como saúde e educação tão comuns em outros países. Além disso a propaganda de Destino contra o Quarteto, sempre pintando-o como líder severo porém justo e o Quarteto como sabotadores da utopia está enraizado na mente da população.

E por fim, o terceiro desafio é em relação a política internacional. Mesmo o Quarteto ajudando o país a ficar longe da guerra, eles são uma força internacional que invadiu outro país sem autorização, podendo criar problemas sérios ao seu país de origem. As nuances que vemos na política internacional na vida real são bem retratadas, com países discutindo os problemas diplomáticos enquanto outros apenas colocam lenha na fogueira e ficam ofendidos por perderem a oportunidade de pilhar um país mais fraco desprotegido.

E entre tantos problemas, Reed Richards consegue, mesmo com boas intenções, complicar a sua vida e a de sua família cada vez mais a ponto de acontecerem consequências terríveis. Mas não se desanimem, a história termina bem.

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Já falei isso antes e repito: nunca li uma história ruim ou mal escrita de Mark Waid (Irredeemable é chata, mas bem escrita). A história é muito bem desenvolvida e se desenrola em um bom ritmo, pelo menos até o final. Nos últimos volumes, onde a história se torna menos sombria e mais fantástica (sem o perdão do trocadilho) é muito boa, com um clímax realmente emocionante na forma de homenagem a Jack Kirby, mas deixa a impressão que se tivesse mais uma revista para desenvolver melhor ela ia ficar do caralho. Mesmo com esse defeito é uma ótima história.

Em relação aos desenhos, é bom e é ruim. É bom pois a arte de Mike Wieringo é maravilhosa e casa bem com as histórias de aventura e ficção do Quarteto. E é ruim porque mais da metade do encadernado é desenhada pelo Howard Porter. Pra quem não tá lembrado do nome é só dar uma lida no meu post sobre Torre de Babel. Daquela história pra cá a arte de Porter evoluiu a olhos nus, mas ainda acho uma bosta.

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Enfim, é isso. Eu sei que o encadernado já saiu a um tempinho, mas eu ando meio sem tempo pra ler e com menos tempo ainda pra escrever sobre as coisas que eu li. Ainda tá fácil de comprar pela internet, mas se alguém se interessar é necessário adquirir o Inconcebível também.

Godoka
28/06/2016