Deadpool: The Movie – o Filme
Agora sim. Sem sacanagem. Ou com.
Pra começar, vou ser polêmico, arbitrário e parcial. Deadpool não é um filme da Marvel e ponto final.
Pra começar, o estúdio é a Fox. Se forem colocar Deadpool na conta da Marvel, vão ter que levar os Quarteto Fantástico também.
O outro ponto é a classificação etária do filme. A despeito das tentativas do estúdio e até petições para uma outra versão ser lançada, o filme levou uma classificação R, a partir de 16 anos. Dada a inclinação cinematográfica da Marvel, me parece improvável que arrisquem uma classificação dessas. Por isso sujeitos como o Justiceiro devem ficar restritos mesmo ao Netflix.
A imensa arrecadação de estreia, talvez convença os estúdios que uma classificação mais alta, além do PG-13 por exemplo, não é necessariamente a morte financeira do filme. Talvez. Mesmo com o filme sendo proibido no mercado chinês, uma grande preocupação em Hollywood atualmente.
Por outro lado, o orçamento baixo para um filme de super herói (sim, sim, Wade odeia ser chamado assim), apenas 50 milhões, garantiu que o estúdio não se intrometesse muito.
Mesmo assim, a produção teve seus perrengues antes mesmo de existir. O nome desse problema era Tom Rothman. Esse sujeito era um dos grandes da Fox e odeia filmes de heróis. Muito. Foi ele que exigiu que costurassem a boca do Deadpool no primeiro filme do Wolverine. E foi, por sinal, quem ordenou as mudanças naquele filme. Aquela coisa de tornar mais light e até repintar os cenários sem o diretor saber. Ele impediu pessoalmente que o filme do Deadpool fosse feito, e esse que está aí só conseguiu sair do papel depois que Rothman foi pra Sony. O que talvez explique os filmes do Aranha Garfield.
O R na classificação garantiu o esperado de um filme do Deadpool, ou seja, muito humor negro e sangue, além de algumas coisas que não se espera nas revistas do Deadpool, como nudez.
Na verdade, é um tipo de filme que passaria tranquilamente na Sessão da Tarde, quando passavam filmes tipo Predador ou Comando Para Matar.
Então vamos a ele. Ao filme.
Mas na verdade vou passar por cima dele meio que por alto. Falar muito sobre o filme é como explicar uma piada.
Wade Wilson (Ryan Reynolds) é um ex membro das Forças Especiais, dispensado com desonra e que agora trabalha como mercenário. Na verdade não é exatamente mercenário, é um tipo de faz tudo da violência.
De toda forma, nessas ele conhece Vanessa (Morena Baccarin) e tudo está feliz até que ele descobre ter câncer terminal em quase tudo. Então ele acaba se envolvendo com um pessoal meio sombrio que promete que podem curar seu câncer. As coisas não acabam bem e ele acaba ficando com uma aparência peculiar. E alguns outros problemas se apresentam.
Ele acaba sumindo e depois busca uma forma de voltar ao normal, o que nos leva a um banho de sangue e lacerações múltiplas.
Boa parte do filme é contada fora de ordem, com Deadpool deliberadamente nos explicando como ele chegou ao ponto que está, já que, naturalmente, ele está ciente que está em um filme.
Não se pode pra negar uma coisa. É o papel da vida de Ryan Reynolds e dá pra ver porque o cara se empenhou tanto em garantir o papel e que o filme saísse (ele é produtor do filme inclusive). E notasse que o sujeito mergulhou incrivelmente no papel e de duas uma, ou ele tem bons roteiristas o tempo todo, ou é uma fábrica de besteiras realmente.
Isso fica claro no marketing do filme. Na verdade, mesmo que o filme fosse ruim, o marketing já seria genial.
Detalhes como a Hello Kitty como imagem do perfil de Twitter do Deadpool, ou os vídeos que foram sendo lançados, como o das campanhas contra o câncer de mamas ou testicular, Deadpool reunindo os X-men (um monte de crianças no Halloween). Uma versão modificada do “Deadpool Rap” toca no filme e a música é originalmente feita por um fã.
No filme também, há uma quantidade absurda de detalhes como uma camiseta das Super Gatas (Deadpool adora a série e eles conseguiram que a única Golden Girl sobrevivente, Betty White, gravasse uma propaganda hilária para o filme).
O espírito de insanidade estava em toda a produção. Em uma lista de personagens secundários dos X-men para escolher, os produtores decidiram usar a Negasonic Teenage Warhead e que só durou uma edição da revista, apenas por causa do nome.
Boa parte do orçamento deve ter sido usado na animação do Colossus, que na verdade ficou mais aproximado do visual dos quadrinhos, que a bem da verdade, normalmente não tem nada de humano nas suas proporções.
A ação é muito bem feita, com lutas bem coreografadas e violentas. Membros voam e o sangue espirra o tempo todo. O Deadpool é bastante acrobático, algo que o Capitão ainda está começando a fazer nos filmes, e o diretor, Tim Miller realmente caprichou nessas sequencias. E o cara é um novato nessa cadeira de diretor.
O elenco é competente. As opiniões parecem ser unanimes, que Ryan Reynolds é o Deadpool. Todo o talento que ele pareceu não ter em Lanterna Verde e naquele outro filme dele que vi (não lembro, era uma comedia romantica com a Sandra Bullock), ele tem aqui. E principalmente, ele passa a maior parte do filme de mascara. Nada daquela besteira que vemos sempre do cara tirando a mascara o tempo todo…. como nos filmes do Aranha.
Na parte da porrada temos o Colossus de CG, Gina Carano como a Angel (nos quadrinhos é Angel Dust), Ed Skrein (o sexto ou sétimo Daario Nahaaris de Game of Thrones) como Ajax, o cara que está responsável pelo projeto que faz as experiencias em Wade e Anne Hildebrand como Negasonic Teenage Warhead.
Fora isso, além da Morena Bacarin, o resto do elenco conta com a cega Al, a velha que divide um apartamento com Wade e o Weasel, o amigo dele.
Resumindo, é um filme divertido e definitivamente bom. Não é o melhor filme da Marvel. Porque não é um filme da Marvel.
Agora, se for contar como filme com PERSONAGEM da Marvel. Ai sim. Provavelmente é o melhor sim.