Luke Cage Noir
Buenas tardes, amiches. Dessa vez não vou falar de quadrinho datado.
Então, estava eu fazendo minha tradicional peregrinação pelas 2 livrarias da cidade que vendem quadrinhos quando me deparei com essa revista. Parei e pensei “22 mangos, capa dura, papel de qualidade, deve ser melhor que comprar o segundo volume de Queda dos Mutantes”. Devo dizer que não me arrependi.
Luke Cage Noir narra a história de Lucas “Poderoso” Cage, um homem considerado um mito pelas pessoas do Harlem, para alguns até um herói. Após cumprir sua pena de 10 anos na ilha Ryker, Luke está de volta ao seu bairro para resolver alguns assuntos pendentes e encontrar Josephine, o amor de sua vida.
Nesses 10 anos fora muita coisa mudou, seu amigo de infância Willys Stryker conseguiu se dar muito bem devido a lei da proibição de comércio de bebidas alcoólicas no pais e hoje é o chefe da maior quadrilha do Harlem. Lápide, um velho inimigo hoje se tornou um policial, o qua não significa que não tenha deixado de ser um bandido extremamente violento.
Fora da cadeia, agora Cage precisa encontrar uma maneira de conseguir algum dinheiro, mas um cara com a reputação dele não demoraria muito pra encontrar um serviço. Um ricaço da alta sociedade chamado Randall Banticoff teve a esposa assassinada, encontrada estrangulada em um beco no seu bairro, e uma mulher branca encontrada morta em um bairro negro não é bom pra ninguém.
Bem esse post não é pra narrar quase toda a história da maneira que eu faço com as outras. Eu deveria ter avisado que o título ” Leia Esta Merda!” é só para quadrinhos já considerados clássicos no meu primeiro post, mas agora já foi, demorei pra pensar (tudum-pá!).
Não sabia o que esperar dessa história, não havia lida nada da série Noir antes e cada vez que lia alguma crítica ficava cada vez mais desanimado, mas fiquei muito contente com esse volume.
Obviamente não é o Luke Cage que conhecemos, se fosse pra ser o mesmo personagem eu lia uma revista do universo normal. Mas a essência do Cage tradicional está presente sim, o cara que foi preso de modo injusto, a lenda por trás de ser um homem invencível ou pelo menos bem duro na queda, o cara que é um exemplo pras pessoas do seu bairro, está tudo aqui.
Outra parte, o contexto histórico: esquece, não tem nada, ou quase nada que te faça lembrar do que você leu nos livros sobre os anos quarenta. O que pode puxar isso é o papel do negro na sociedade americana da época, e esse sim é um ponto bem forte.
Não é uma história sobre preconceito, não fica jogando goela a baixo na sua garganta todo o tempo “preconceito! racismo! preconceito!”, em vez disso existem pontos chave em que o tema é abordado de outra forma, “como é ser negro”. Uma parte que achei genial é quando Cage fala em um quadro de recordatório “Gente branca acha que a cor da nossa pele deve ser um tipo de maldição. Mas vou te contar, ser negro tem suas vantagens. Por exemplo, estamos em toda parte… e no entanto ninguém nunca nos vê” e nesse momento no quadrinho existem vários quadros de negros em empregos que eram considerados o que o negro podia ser na época: a empregada, o mensageiro, o engraxate, o chofer..
O roteiro em geral é um ponto bem forte, a dupla Adam Benson e Mike Glass fizeram uma história boa, simples e direta, nada que seja uma afronta a inteligência do leitor. A arte também está acima da média do que temos hoje em dia nas bancas, Shawn Martinbrough manda muito bem, pena que trabalhe mais na parte editorial e publicidade e não desenhe muito.
Nota: 9