Perdido em Marte – The Martian
A mais cara campanha viral da historia.
Na semana passada, em uma campanha viral sem precedentes, a NASA anunciou a descoberta de água liquida em Marte. Isso foi obviamente feito para coincidir com a estreia do filme Perdido em Marte (The Martian) com Matt Damon.
Mas não se pode esperar muito da agencia espacial que falsificou o pouso na lua para nos distrair da invasão secreta dos homens-lesma do subterrâneo. Pelo menos foi o que vi num esclarecedor vídeo no Youtube.
Mas falemos do filme.
Na trama, uma equipe de astronautas fazendo pesquisa em Marte é apanhada por uma furiosa tempestade. Eles abortam a missão (e no caso, já é a terceira missão ao planeta), mas na fuga um dos pesquisadores, o cientista Mark Watney (Matt Damon) é dado como morto e acaba sendo deixado para trás.
Acontece que ele não está morto e resolve não se entregar. Usando os recursos que ficaram pra trás, ele pretende sobreviver até a chegada da próxima missão… daqui a três anos.
Nesse meio tempo, ele acaba entrando em contato com a Terra e uma missão de resgate é organizada.
O filme toma algumas liberdades com a ciência, mas não é nada de extravagante. É um filme bem calcado em ciência hard. Então boa parte do drama é devido ao tempo de viagem entre a Terra e Marte. São meses de viagem, e muita coisa pode dar errado.
Tem ótimos momentos com piadas muito boas e referencias para serem pescadas, como o nome sugerido para um projeto de ajudar Mark. O nome do projeto, quem o sugere e um dos atores que está na cena são de uma sacada genial.
É interessante como o filme leva essa situação, uma tragédia pronta, com o cara mais isolado do universo, literalmente sem transformar em algo pesado. Nada contra algo mais dark (tipo Naufrago), mas o rumo tomado pelo filme é bem leve, na maioria do tempo.
Não dá pra deixar de pensar que é um tipo de releitura no Robinson Crusoé, no espaço, e na verdade não seria a primeira. Em 1964 havia um filme chamado justamente de Robinson Crusoé em Marte, com Adam West. Pelo menos, era Marte como eles entendiam na época. E que esse filme mostra o que aconteceria se o cientista vivido por Matt Damon em Interestelar não tivesse pirado.
Como muitos filmes americanos de hoje em dia, há a presença da China como uns caras legais, sempre dispostos a ajudar os EUA mesmo abrindo mão de seus segredos políticos/militares, e sabemos que é assim mesmo na vida real. Não deve ter nada à ver com o fato de serem atualmente o segundo maior publico de cinema.
E não muito tempo atrás, se os EUA tivessem que recorrer à alguém para ajuda-los com problemas no espaço, seria para a Agencia Espacial Europeia. As coisas mudam.
O elenco tem alguns rostos conhecidos além de Matt Damon, como Sean Beam e Donald Glover (é a primeira vez que vejo esse cara desde que ele saiu de Community) e dá pra notar como Matt Damon está se divertindo no papel, o que é importante, já que ele passa quase o filme todo falando sozinho.
A trilha sonora, por razões várias, tem, além de boas musicas de Harry Gregson-Williams o fino da musica disco. Glorioso.
Normalmente filmes americanos sobre exploração espacial giram em torno do que pode dar errado (e eles ainda se perguntam porque o Programa Espacial tem pouco apoio no Congresso), e esse não é exatamente diferente. Mas ele tem um ar de novidade. Pois é, o velho Ridley Scott ainda sabe dirigir um espetáculo.