Hanzo The Razor
O samurai vive pela espada. Ranzo, por duas espadas.
Ranzo é um samurai vivendo em um período não completamente identificado da história. Com base em alguns diálogos no terceiro filme, é próximo ao final do xogunato, entao talvez entre 1850 e 1868.
Ele é um simples oficial da lei, algo como um policial , na cidade de Edo. Tem a fama de ser irrasisvel e a maioria dos seus superiores o detestam, tanto por ele ser desrespeitoso na maioria do tempo, quanto por ser implacável e incorruptível. Por isso o apelido, Razor, A Lâmina.
Claro, era uma época diferente, então o uso de violência e tortura era comum (sem paralelos com a situação atual, per favoire) pelos agentes da lei. Uma das primeiras cenas é justamente Ranzo torturando a si mesmo com auxilio de seus dois ajudantes, Vibora e Fogo do Demonio (dois bandidecos que ele impediu de irem para uma ilha penal e contratou), para descobrir qual o ponto onde o suspeito “quebra”.
Há outras duas particularidades sobre Hanzo e elas estão bastante ligadas.
Ranzo é famoso por ser o mais ticudão de Edo. A coisa em si não é mostrada, mas dada a marca que o negócio deixou em um banquinho onde Ranzo pratica um estranho ritual diário (essencialmente é como se ele estivesse batendo massa de pão na trozoba) o treco é do tamanho de uma perna de criança.
Então entra em cena a segunda particularidade de Ranzo. Quando ele apanha um suspeito, ele usa intimidação e/ou tortura para faze-lo abrir o bico. Mas quando é uma suspeita, ele usa sua taroba pra interrogar a suspeita. E depois, demonstrando que é um gentleman, Ranzo as convida para um banho quente e uma cachaça no seu ofurô.
As historias da trilogia (Sword of Justice, The Snare, e Who’s Got the Gold?) giram invariavelmente sobre Ranzo topando com alguma conspiração, corrupção, superiores ineptos e lutas sangrentas. Ranzo machuca muita gente vestido também. Como é um sujeito que acumulou muitos inimigos e vive numa época onde as diferenças eram resolvidas na espada e não em mensagens furiosas de whatsapp, a casa de Hanzo é repleta de armadilhas e armas ocultas. Esse nivel de sexo e violencia é natural dado que é inspirado num mangá de Kazuo Koike de Crying Freeman, Lobo Solitário e outras coisas boas.
É de se notar a diferença entre os protagonistas daquela época pra hoje. Hanzo é um tiosão gorducho e letal, já nos seus quarenta e tantos. Realmente um retrato do que ele é, um funcionário publico de carreira. Então a escolha de Shintaro Katsu (o Zatoichi) para interpreta-lo é melhor do que seria feito atualmente, onde escolheriam algum galãzinho.
Não acho que um filme como esse seria feito deste lado do planeta hoje em dia. Acusações de misoginia e ataque do patriarcado se seguiriam, fora outras. É uma relíquia de outros tempos, como os próprios samurais.
E não achei de forma alguma, legendas em português para os filmes, mas admito que procurei pouco, porque estava legendado em inglês, o que é uma pena, porque a historia é bastante interessante.