Leia Esta Merda! – Jonah Hex
Mas como qualquer homem, mulher ou criança sabe, ele não tinha amigos, esse tal de Jonah Hex…
Apenas duas companhias…
…Uma era a própria morte……E a outra, o odor acre da pólvora.
Em 2006, Jonah Hex ganhou uma nova revista regular roteirizada pela dupla Jimmy Palmiotti e Justin Gray, os desenhos ficaram por conta de vários desenhistas, porém as seis primeiras edições ficaram por conta do brasileiro Luke Ross. No Brasil essas histórias foram publicadas pela Panini em uma série de 6 encadernados com seis histórias cada. Esses foram os primeiros encadernados da minha coleção de quadrinhos.
Hex é um homem perturbado, com sérios problemas espirituais e um senso moral e de justiça bastante distorcidos. A violência o acompanha, não importa o caminho o qual decida percorrer. Ele mesmo parece ter aceitado o seu destino e desistido de encontrar paz para sua vida. Filho de uma mulher que o abandonou com o pai alcoólatra, Jonah Woodson Hex aos treze anos foi dado pelo mesmo como escravo para uma tribo Apache. O destino quis que o mesmo acabasse sendo aceito como um membro da tribo e aprendido seus costumes.
Um dia ao ser traído pelo filho do chefe que não o aceitava como igual, Hex resolveu se afastar de sua família adotiva e voltar ao mundo dos homens brancos. Se alistou no exército confederado durante a guerra civil, provavelmente por causa do tratamento dado aos índios pelo outro lado da batalha. Após o fim da guerra, retornou para a antiga tribo afim de acertar a rixa com o filho do chefe. Durante o embate, que na regra apache deveria ser com machadinhas, Hex acaba sacando uma faca e matando o filho do chefe. Como punição tem o seu rosto marcado com fogo, a chamada Marca do Diabo.
A filosofia de Hex é muito básica, matar e ganhar uns trocados por isso, mas nunca ficando do lado errado da lei. Um personagem para fazer orgulho a qualquer grande western de antigamente. As histórias contidas nos encadernados são em sua grande maioria concluídas em apenas um capítulo. as histórias mais extensas são a de sua origem, que ocupam três capítulos e outras duas de dois capítulos cada. Os roteiros são ótimos, sujos e densos. Não existem personagens bons ou simpáticos, e mesmo quando faz a coisa certa, Jonah Hex não é o tipo de homem que pode ser chamado de herói.
Quanto aos desenhos, através das páginas somos presenteados com um belo desfile de grandes artistas, e um ou outro mediano. Como destaque, eu citaria Luke Ross e sua ótima sacada de fazer Hex com a cara de Clint Eastwood, Phil Noto, com um traço simples que casa muito bem com a ambientação desértica da maioria das histórias e três de meus desenhistas favoritos: Jordi Bernet, que na minha opinião tem um desenho que combina com tudo, J. W. Williams III, como sempre sem defeitos e Dawyn Cooke, também sensacional. Com exceção de Bernet, esses dois últimos desenharam apenas um capítulo cada.
O brasileiro Paulo Siqueira e o espanhol Rafa Garres também estão no time e fizeram um trabalho excelente. O ponto mais fraco da arte talvez fique por conta das histórias ilustradas pelo filipino Tony DeZuñiga, mas o cara merece um desconto por ter sido o criador do personagem, junto com o roteirista John Albano em 1972. Se você por acaso encontrar algum desses encadernados em algum sebo (acho que não se encontram mais à venda) e apreciam um bom western, sugiro que comprem imediatamente. Garanto que não se arrependerão.