Os homens nascem, depois são formados.

Vamos jogar a real. A série GTA nunca me atraiu. Podem ter notado nos podcasts, quando esse jogo é citado, normalmente fico quieto. Nunca joguei mais do que meia hora e já tentei jogar praticamente todos.  E não tenho problemas com outros sandboxes.

Mas quando vi os vídeos e imagens de Red Dead Redemption resolvi que tinha que comprar.

A historia acompanha John Marston, ex fora da lei, e se passa em 1911, os últimos dias do Velho Oeste.

Marston está sendo chantageado por Edgar Ross, um agente do Bureau of Investigation, uma agencia precursora do FBI. O trato é simples. Marston elimina os seus ex companheiros de gangue e  Ross não mata a família dele.

Como pode-se imaginar, as coisas não rolam muito bem. Ele vai até Fort Mercer encontrar Bill Williamson e lhe oferecer uma chance de conversar e talvez lidar com o problema. Mas Bill agora chefe de sua própria gangue resolve encerrar a conversa com algumas balas.

Marston é salvo por uma fazendeira, Bonnie, e resolve ajuda-la no rancho para tirar as “teias de aranha” (é o tutorial) e começa a se preparar para levar Bill para a justiça ou para o cemitério.

Em sua busca, Marston encontra todo tipo possível de personagem dos westerns, mesmo os mais bizarros, como alguns canibais ou necrofilos. Então há padres, prostitutas, cowboys, pistoleiros, caçadores de recompensa, bandidos, banditos, e revolucionários.

A escolha da época é interessante. A civilização está chegando e o Oeste vive seus últimos dias. Já não é mais a Fronteira selvagem e isso é tão bom quanto ruim. Marston sabe que ele é uma relíquia de uma era passada, e a civilização parece disposta a passar por cima dele. E na verdade é por isso que não há índios no jogo. Nesse momento eles estavam nas Reservas ou bem mortos.

O combate é simples. Há a roda de armas, onde você pode escolher várias categorias (rifles, revolveres, espingardas, o laço, os punhos, facas, explosivos, etc…)  e várias armas dentro dessas categorias, bastante variedade. Como nem sempre é útil ou necessário cuspir chumbo quente nos seus inimigos é bom ter a opção de amarra-los .

Você pode mirar com o personagem na tela apertando um botão ou com mais cuidado, realmente mirando. Mais tarde no jogo fica aberta a opção do Dead Eye, uma forma de emular aquele “efeito do pistoleiro”  dos filmes. A câmera fica lenta e você pode atirar várias vezes no intervalo de alguns momentos, só parando quando a barra Dead Eye esvazia ou você fica sem munição.

Você pode descarregar sua arma em uma vasta variedade de vida nativa, ursos, coelhos, bisões, porcos selvagens, pássaros e muitos outros e então recolher as peles de suas carcaças sangrentas para vender. É um trabalho sujo, mas é divertido de faze-lo. E lucrativo. Foda-se PETA.

Você também pode ser um naturalista e ficar recolhendo plantinhas aqui e ali por toda a Brokeback Montain.

Matar plantas e colher animais fazem aumentar sua fama e completar objetivos, o que pode lhe destravar habilidades, armas ou roupas.

E falando em fama, dependendo de suas ações você pode acabar sendo conhecido como um homem honrado ou um fascinora e isso afeta as reações das pessoas das cidades. Quer dizer, se as pessoas correm gritando quando você entra na cidade pode não ser um bom sinal. Os dois parâmetros que medem isso são a Honra e a Fama. A Honra é isso mesmo, mede se você é o cara bom ou o bandido e a Fama mede se as pessoas te conhecem (pra bem ou pra mal) ou se você é um desconhecido completo.

Ninguém espera que o Oeste seja desbravado à pé, então há uma variedade de cavalos com várias estatísticas, que podem ser comprados, ganhos ou laçados e o tempo que você passa com o animal aumenta a afinidade dele com você, permitindo que ele seja mais rápido, esteja mais disposto a lutar por você ou tenha mais resistência para um galope rápido. E claro, você pode acabar matando-o em uma queda, ou num tiroteio. Ou ele pode ser morto por algum animal selvagem. É sempre um saco quando isso acontece.

Fora os cavalos, vez por outra você vai se ver em uma carroça ou numa diligencia, no controle ou riding shotgun, ou seja no carona e responsável por dar os tiros. Interessante que essa expressão, riding shotgun ainda é usada quando alguém vai no banco do carona.

Naturalmente, comprar armas, munição, roupas, cavalos, remédios duvidosos, whisk e manter um padrão de vida custa várias dezenas de dólares, muita grana pros padrões da época. Então ficam essas opções, saquear os bolsos dos mortos, vender peles, ganhar recompensas por ajudar pessoas ou literalmente caçar criminosos com as cabeças à premio. Ou dá para arriscar nas várias formas de jogos espalhadas pelo território. Poker, dados, ferradura, ou o arriscado Finger Filet, dá pra perder muita bufunfa jogando.

Há uma quantidade enorme de coisas pra fazer, desde encontros aleatórios , missões da historia, caça de animais, de recompensas, coleta, jogos, amarrar mulheres indefesas nos trilhos do trem e girar malignamente o bigode, assistir cinema,  enfim, tanta coisa que fico surpreso da Rockstar não ter incluído um minigame de violão, um tipo de Violão Hero.

Os gráficos são lindos, com as imensidões repletas de rochas ou vegetação. As pradarias, cânions, rios e leitos secos, tudo transmite o cuidado que tiveram para transmitir as vastidões do Oeste bravio. Os personagens tem aquela sujeira que se espera de gente vivendo num ambiente como aquele.

A trilha sonora soa como Ennio Morricone, e esse é o maior elogio possível de ser feito para musica relacionada ao western. Há alguns momentos particularmente emocionantes, como durante sua primeira viagem ao México.

Eu sempre vejo elogios à GTA e devem ser merecidos, mas Red Dead Redemption é sempre descrito como uma experiência. Isso vale pra cacete pra mim. O final é digno das mais masculinas lágrimas.

Nem tudo são elogios porém. O jogo tem sua cota de bugs, alguns muito bizarros, mas eu terminei o jogo algumas vezes e só topei com uns poucos, então pra mim são como cascaveis escondidas no mato. Existe e você não quer encontrar. Mas não é tão comum assim.

Houveram boas DLCs Myths and Mavericks, Liars and Cheats e o Undead Nightmare. Depois, pra variar resolveram lançar a versão completa.

Dá pra ficar muito tempo simplesmente andando de um lado ao outro, sem objetivo, só curtindo a vibe da música e do cenário, cavalgando sem destino em direção ao por do sol.

E ah sim, a master race do PC pode chorar como coiotes, esperando a versão de PC de Red Dead Redemption. Pode até sair, mas já fazem 5 anos.