Ori and the Blind Forest
Plataforma e exploração de qualidade.
Um dos meus grandes receios, já alguns anos é o encarecimento da produção de um jogo. Os grandes estúdios estão presos em um modelo em que, para produzir um titulo de suas principais franquias são gastos milhões de dólares e, a menos que tenham garantia de retorno, muito retorno, financeiro, deixam franquias queridas morrerem ou se afundam nas continuações infindáveis.
A forma como a Capcom trata Megaman, a Konami cancelando Silent Hills e saindo do mercado (foco em portáteis é o caralho ) é mostra disso. E não é só no Japão que isso acontece, quantas versões novas você viu de Populous ou Battletoads você andou vendo nos últimos anos?
Mas de vez em quando os grandes, apoiando pequenos estúdios, internos ou não, resolvem sair um pouco desse esquema e lançar algo que pode ser chamado até de Indie, a despeito da origem elevada, digamos assim. Os produtos desse tipo de iniciativa tem sido bons, como Child of Light da Ubisoft através do estúdio Ubisoft Montreal. Aqui é o Moon Studio e a boa visão da Microsoft que comprou o direito de publicar o jogo quase no começo do desenvolvimento.
O jogo acompanha a saga de Ori, uma pequena criatura branca, parecida com um gato. Ori nasceu, na forma de uma folhar de uma arvore e essa imensa árvore parece ter algo com o equilíbrio do mundo. Mas Ori se perdeu durante uma tempestade e foi jogado para muito longe.
Após a tempestade, talvez pela falta de Ori, a Árvore, a Spirit Tree, adoeceu e a escuridão e o caos começou a se espalhar pelas terras. Ori foi adotada e criada como uma filha por uma simpática criatura, Naru, e nada sabia sobre sua origem. Mas a terra está morrendo e a “mãe” de Ori morre de fome, pois etava alimentando Ori ao invés de si própria.
Ori então conhece uma pequena luz chamada Sein, que lhe fala de seu passado e que Ori, como único sobrevivente dos “filhos” da Árvore deveria cruzar as terras para restaura-la.
O jogo é um plataforma, ou mais especificamente falando, um metroidvania, muito bem elaborado, com a luz cuidando dos ataques (basta apertar um botão, você não controla a Sein separadamente) com os elementos que se espera de um plataforma. Há uma arvore de habilidades que devem ser adquiridas com pontos de xp, obtidos com inimigos ou encontrados pelo cenário, juntamente com habilidades como pulo duplo, deslocamento, mais dano entre outras, que vão se mostrar muito necessárias.
Os puzzles são bem bolados, mas nada que vai lhe obrigar a procurar a solução na internet como uma meninhinha chorosa. É um jogo que pode ficar bastante difícil em alguns pedaços, normalmente por você não saber o que fazer. Mas basta parar e pensar. Jogos assim lhe deixam passar se você tem as habilidades certas pra área. E não é um jogo longo, mas durável o bastante para ser memorável.
Os gráficos são belíssimos, e um lembrete que não é necessário confiar sempre nos gráficos 8 bits para um indie. Nada contra, mas há uma saturação de gráficos 8 bits. O que é irônico, pois na época do 8 bits, as empresas se esforçavam para os gráficos NÃO parecerem apenas 8 bits.
A trilha sonora também segue esse padrão de qualidade com bons efeitos e música belissima.
Esses jogos indies que saem sob as “asas” das grandes publichers são uma boa iniciativa, num mercado que está se dividindo entre indies, com mais talento que recursos e majors, presas em formulas e orçamentos cada vez maiores. E os grandes diretores e produtores de games estão cada vez mais se voltando a iniciativas independentes, como Koji Igarashi (De Castlevania agora em Bloodstained ) e Keiji Inafune (Megaman terminando Mighty No. 9). E esses não são os únicos.
No ano passado foi lançado o que pode ser considerado o prequel de Kung Fury, Double Dragon Neon, do qual eu falarei depois.
Quem sabe o futuro das grandes franquias do passado não seja esse?
Segue o trailer