A Ilha do Dr. Moreau: Uma Análise em 3 Partes pt.2 – O Filme de 1977
Quase 6 meses de intervalo entre os posts. Acho que temos um recorde.
E por que tanta demora? Além do combo provas/preguiça/doença/preguiça/bebedeiras/preguiça, os filmes analisados nas duas partes seguintes não são exatamente um primor da sétima arte, o que torna o trabalho de assisti-los e analisá-los algo fácil de se postergar. Mas como eu já cometi o erro de colocar um “parte 1” no primeiro post, não me restam muitas alternativas.
The Island of Dr Moreau é um filme de 1977, dirigido por Don Taylor e possuindo no seu elenco como nome provavelmente conhecido ainda nos dias de hoje o ator Burt Lancaster fazendo o papel do supracitado médico. Essa não é a primeira adaptação, mas a segunda. A primeira vez que esta obra de H. G. Wells foi abordada no cinema o ano era 1932 com o filme A Ilha das Almas Selvagens. A análise deste depende de eu achar ou não essa pérola nas interwebs, tarefa difícil. dado a época do lançamento do filme.
Na história do filme de 1997, após ficar alguns bons dias (não lembro quantos) à deriva após o naufrágio do navio Lady Vain, o marinheiro Andrew Braddock (e não Theodore Pendrick, como no livro) sobrevive junto a outro marinheiro sem muita importância e seu barco termina por chegar na ilha do médico insano. Aí já temos o primeiro grande ponto de diferença da obra original, no qual Pendrick (e não Braddock) por uma ironia do destino se torna o único sobrevivente do naufrágio. O outro que sobrevive não tem muita importância pois assim que o protagonista adentra na mata em busca de ajuda, o moribundo que ficou pra trás é atacado por pessoas não identificadas.
Braddock é “resgatado” por Montgomery, ex mercenário e faz-tudo de Moreau. O marinheiro se recupera e é apresentado ao médico, além da bela Maria, que ao que tudo indica é a companheira de Moreau, uma bela e inocente jovem. Braddock fica intrigado com os gritos que vem tanto da floresta quanto do laboratório do doutor, sempre fechado e, um dia, tomado pela curiosidade, invade o local e descobre os horrores da pesquisa de Moreau.
Outro grande ponto de divergência do filme em relação ao livro. Fugindo da ideia de que seria possível transformar animais em simulacros de seres humanos via enxertos e vivissecções, o Moreau do filme descobriu um soro que consegue fazer com que os animais expressem genes e o caralho a quatro que aceleram a sua evolução e metamorfose em seres humanoides. Hoje em dia pode parecer esdrúxulo, mas em uma época pré descoberta do genoma, poderia ter sido uma proposta razoável para um filme de ficção.
Papo vai, papo vem, tretas ocorrem e Braddock se convence a consertar o barco que o levou a ilha, juntar alguns suprimentos e vazar o quanto antes dali junto com Maria, a qual já tinha dado uns créps enquanto o doutor estava moscando. Só que vai tudo por água a baixo quando um dos homens fera, após infringir a lei instaurada por Moreau, está para ser levado de volta para o laboratório ( A Casa da Dor, assim com no livro) e implora para ser morto por Braddock, que aceita a proposta pensado que vai aliviar o fardo do ser e deixar tudo numa nice. O problema é que os outros homens fera se rebelam contra a sua atitude e partem pra cima do acampamento dos humanos.
Braddock sentindo a merda feder cada vez mais forte resolve picar a mula o quanto antes, mas é capturado por Moreau, virando cobaia de seu novo experimento, dessa vez visando regredir um ser humano para uma forma bestial. Montgomery ameaça Moreau para que ele interrompa essa loucura, Moreau mata Montgomery, os homens fera ficam putos com tudo e acabam matando Moreau. Depois se segue uma cena digna dos piores comédias pastelão antigas dos homens fera destruindo o laboratório. O que era pra ser tiro, porrada e bomba acabou mais pra estilingada, pescotapa e traque.
Braddock, ainda em estado meio fera, consegue fugir com ajuda de Maria e ambos vão para o barco, onde rola uma luta bem fraquinha com um dos homens fera. O tempo passa os dois estão a deriva e finalmente são resgatados. O filme termina com Braddock já completamente recuperado do efeito do soro enquanto Maria começa a exibir sua verdadeira natureza, com presas começando a despontar e um par de olhos felinos (pã pãã pããããã).
O filme é fraco como adaptação e como obra única. As atuações estão legais, a caracterizações também se levarmos em conta a época em que o filme foi feito. Mas sei lá, falta alguma coisa, ele não passa nada, aquela confusão, o horror ou as discussões morais sobre o trabalho do médico que temos no livro são praticamente inexistentes. Assista por sua conta e risco, mas já viso que não está perdendo muita coisa. Em relação à personagem feminina, ela é um resquício do filme de 1932, no qual havia uma mulher leopardo, mas a transformação presente até no cartaz no filme não passa de uma cena tão rápida que você pode acabar perdendo se piscar. Por mias que tenha lido crítica positivas, elas acabam por parece para mim um misto de saudosismo e exagero.