Rei Conan – A Cidadela Escarlate
Puquê fais issu cumigu, Mythos? Puquê?
Como já citado em post e podcast aqui do site, depois de um ano e meio morando fora, estou de volta para a minha cidade, uma cidade sem livrarias. O que por um lado é bom já que fico mais tempo com dinheiro no bolso, além de relação revistas/livros comprados X revistas/livros lidos finalmente está entrando em equilíbrio. O ponto negativo é que quando visito uma cidade com livraria e encontro algo que sei que nunca mais encontrarei de novo eu acabo comprando e caindo novamente nos magros braços da pobreza em velocidade alucinante, pois ou compro no ato ou nunca mais.
Sendo assim, existem certas coisas que enchem meus olhos de alegria e minha mente de desespero ao mesmo tempo que esvaziam meus bolsos. Dois bons exemplos são os encadernados das obras do Moebius publicados pela Nemo e saem na faixa dos 50 reais e os encadernados da Mythos, responsável por publicar no Brasil obras do calibre de Conan, Juiz Dredd e Hellboy por exemplo. E minha perdição nessa última vez foi justamente um conto adaptado do cimério.
Rei Conan – A Cidadela Escarlate é uma adaptação de um conto homônimo de Robert E. Howard, roteirizada por Timothy Truman, desenhado por Tomás Giorello e colorizada por José Villarubia. Na história, o já velho Conan, soberano do reino da Aquilônia, o mais poderoso dos impérios da Era Hiboriana, narra uma de suas mais famosas aventuras ao jovem escriba Pramis. Apesar da idade e das inúmeras cicatrizes de batalha em seu rosto, Conan ainda se mostra como um homem cheio de vitalidade (e cercado de beldades seminuas, como de costume). Mesmo relutante em narrar sues antigas aventuras em vez de aproveitar uma bela noitada, Conan sede ao seu orgulho de guerreiro e começa a narrar um de seus primeiros desfias pouco tempo depois de conquistar o trono de Aquilônia, a luta contra o feiticeiro Tsotha-Lanti, e o período em que ficou preso em sua masmorra onde habitam demônios além da compreensão humana.
Em relação ao roteiro, não tem muito onde errar quando se segue fiel ao texto original, e nisso Timothy Truman acertou em cheio. Em relação aos desenhos, Tomás Giorello é um artista muito bom, seu estilo um pouco mais sujo e carregado casou bem com o clima violento e escuro da história. Não é o melhor desenhista a retratar o cimério, mas executou um bom trabalho. As cores de Villarubia muitas vezes me parecer saturadas, mas provavelmente uma palheta mais amena de cores não conseguiria manter o mesmo clima.
Agora em relação ao encadernado. Padrão Mythos de qualidade, ou seja, papel de excelente qualidade, sem porqueiras no acabamento, atochado de extras, capa dura, contracapa com aquela firula de sempre mostrando um mapa da Era Hiboriana, mas muito bem feito e prefácio escrito pelo roteirista. Um encadernado sem defeitos, se não fosse o fato de custar 70 pilas é um pouco de exagero. Tudo bem que a desculpa é que o material é voltado para um público mais maduro, que já possui emprego e essa não é uma obra que vai ter continuação todo mês, mas mesmo assim é um preço salgado pra cacete.
No frigir dos ovos, Rei Conan – A Cidadela Escarlate não é o tipo de coisa que um leitor que está conhecendo o personagem precisa ou deveria comprar. Pra leitores assim eu recomendo os encadernados que saíram da fase escrita pelo Kurt Busiek, deixem esse novo encadernado do velho Conan para os colecionadores.