O impenetrável mundo dos MOBAs

MOBA-capa

Oi, eu me chamo Guilherme e não consigo jogar MOBAs.

Eu poderia começar falando que não suporto esse estilo, mas acho que esse não é o ponto.

Enfim… MOBA (Multiplayer Online Battle Arena), como o próprio nome já diz, é uma grande arena em que os jogadores realizam disputas. Essas disputas consistem, basicamente,  em destruir estruturas localizadas em partes específicas do cenário para, só então, ter acesso à base adversária. E como, também, é possível notar, essa competição gira em torno de times. São 5 pessoas para cada lado, incumbidos de tarefas específicas, as chamadas roles (ou papéis/funções).

Representação do mapa do jogo

Representação do mapa do jogo

É claro que esse conceito não nasceu assim, uma série de ampliações, modificações e idealizações têm ocorrido desde os vindouros tempos de Starcraft. Sim, o primeirão. Na ocasião, Starcraft (da toda poderosa Blizzard), possuía uma ferramenta que garantia a customização de mapas e modos de jogo. Nem preciso comentar que isso é o suficiente para levar uma comunidade inteira às alturas, né?

MOBA_starcraft

Pois bem, assim surgiu o conceito de controlar apenas umas super unidade, ao contrário de gerenciar apenas a criação de unidades muito menores. E com o tempo (juntamente com novos jogos, especialmente Warcraft 3, da mesma Blizzard, que também trazia um modo customizável) esse conceito foi amadurecendo, até meados de 2005, ano em que DotA (Defense of the Ancients) era algo concreto. Com essa transição, MOBAs passaram a ser vistos como comercialmente rentáveis, trilhando o mesmo caminho dos gigantes RTS (Real-Time Strategy, como Starcraft).

MOBA_dota 1

O primeiro DotA

A partir daí as coisas foram andando a passos largos. E-Sports, League of Legends, DotA 2, Heroes of the Storm, transmissões ao vivo e mais uma série de coisas que não cabem muito nessa ocasião e que não estão alinhadas em uma ordem lógica.

Onde quero chegar com isso? Após anos de comunidades inteiras dedicadas ao estilo,  é nítido comprovar a popularidade e, principalmente, paixão de seus jogadores. Paixão essa que, além de abrilhantar o cenário, o deixa tão caótico quando soa. E isso é caótico demais, acreditem!

Olha como é uma competição de League of Legends

Olha como é uma competição de League of Legends

Competitividade. Essa palavra me assusta.  E esse é, basicamente, o norte dos MOBAs. Junte isso com a falta de recompensas geradas ao time perdedor (já que, por se tratar de um time e de objetivos tão coordenados e extremamente dependentes de um conjunto, acaba não gerando uma valorização pessoal significativa, diferente de shooters ou MMORPGs, por exemplo) e temos pessoas obcecadas pela vitória. Eu, de forma alguma, não recrimino a atitude. O que não significa que goste dela.

Isso, por si só, já é um motivo gigante para assustar e dificultar, ao máximo, a vida de novos jogadores que ancoram em tais baías. E eu nem estou contando com o número elevado de pessoas de idade baixa (A.K.A. crianças), algo que, no papel, não teria muita importância, mas que afeta de forma absurda a dinâmica do jogo, especialmente o modo como é visto por todos os “civis” que, como eu, evitam os MOBAs.

É tipo isso, AUHAUHAHHAHAHA

É tipo isso, AUHAUHAHHAHAHA

Enfim, voltando pro Impenetrável Mundo dos MOBAs, em certas ocasiões tive conversas com uns colegas sobre a base dos MOBAs. Suas regras, suas peculiaridades, seus defeitos, seus acertos. Enfim, sobre MOBAs mesmo. Em uma situação, em específico, estávamos conversando sobre a muralha de distância entre os jogadores veteranos e os novatos.

Após alguns debates, especialmente envolvendo o modo ranked (ou o estilo de jogo que envolve classificações e, supostamente, determina o seu nível de habilidade), tive certeza que MOBAs possui um conceito muito legal de comunidade, mas a própria acaba o tornando impraticável.

“Se você não sabe jogar direito, não jogue uma partida ranqueada”. Eu não consigo entender como uma pessoa sem conhecimento (que seria eu, nesse tipo caso) pode ser privada de participar de uma modalidade aberta de um jogo, somente com o comentário de que ela não sabe jogar e pode prejudicar o seu resultado. Não bastasse isso, existe uma forma de punição para aqueles que são ruins, traduzidas por denúncias in-game. Não sei quão impactante é isso para o jogador, se é que algo acontece à ele, mas a possibilidade de ser denunciado por ser novo e/ou não ter muito conhecimento me parece um tanto quanto extremista.

Eu entendo muito o lado das pessoas que estão se esforçando e que esperam que o outro time (ou o seu próprio) seja capaz de se esforçar igualmente, o que ainda justifica o sistema de denúncias para quem, claramente, está atrapalhando o desenvolvimento das partidas. Agora a comunidade (de maneira geral aqui, tá? Até porque há belíssimas excessões) privar qualquer pessoa de jogar certo modo de jogo é triste, até para aquela pessoa que só está ali para disseminar o caos.

Vejam que, em nenhum momento, a desenvolvedora deixa de incentivar esse acesso. É a própria comunidade que o faz. E é evidente que não é só uma questão pertecente à MOBAs, mas esse exemplo é tão cruel que chega a doer. E dói muito.

Pois bem, isso tudo é só pra falar que MOBAs só são tão impenetráveis por conta de sua comunidade. Suas regras são complexas e bastante situacionais, mas isso não é um bicho de sete cabeças, nada que não dê pra aprender com algumas muitas derrotas e desilusões. O ponto é que, apesar da comunidade ser grandiosa e apaixonante, de nada vale se novas pessoas não puderem experimentar aquilo que eles mesmo experimentaram de uma forma “harmônica”.

Awesomenauts, o melhor MOBA que existe. E ele só é bom porque não é, necessariamente, um MOBA.. AUHHUAHA

Awesomenauts, o melhor MOBA que existe. E ele só é bom porque não é, necessariamente, um MOBA.. AUHHUAHA

E é assim que encerro do jeito que queria começar: eu me chamo Guilherme e não suporto MOBAs!

Se você quiser jogar algum MOBA, dá uma olhada NA SESSÃO PRÓPRIA DA STEAM. A gigantesca maioria deles (os que importam) são grátis.

Cgui
02/02/2015