Monstro do Pantano de Alan Moore
Respeite a sua samambaia.
Terror e comédia são, na minha importante opinião, os gêneros mais difíceis de se produzir. Ainda assim muita gente tenta, sem sucesso. Afinal, quem acha que The Walking Dead é terror, ou que o Leandro Hassum é engraçado?
Mas se tem um maluco, com ênfase no “maluco” que manja de terror é Alan Moore.
Reconheço que o trabalho do velho inglês é acima de qualquer média, mas não sou putinha a ponto de achar tudo que ele escreve (ou fala) como ouro. Acho Do Inferno um sono, e embora ache foda, não curto a visão dele dos heróis em Watchmen. E quem achou Lost Girls bom merece uma surra de pau duro.
Mas enfim, no Monstro do Pantano, Moore criou o terror real para historias em quadrinhos nas grandes editoras, algo não visto desde o fim da EC Comics.
O Monstro do Pantano era um titulo modorrento, rumo a ser cancelado, merecidamente, quando Moore assumiu e tornou em um titulo de terror mesmo.
Iniciando do ponto onde o roteirista anterior deixou, a morte do maior inimigo do Monstro, Anton Arcane, Moore começa se livrando de personagens coadjuvantes inúteis e por mudar o que a criatura pensa ser, na perturbadora Lição de Anatomia, contando com a presença de Jason Woodrue, o Homem Floronico, inimigo do Electron. O Monstro descobre que nunca foi o cientista Alec Holland e sim uma planta infundida com a consciência dele, reagindo com a agua do pântano e a formula que Holland trabalhava.
Ali está a historia que me apavorou quando criança, quando o Monstro do Pantano enfrenta o ressucitado Anton Arcane, vindo direto do inferno e condenando a alma de Abby Cable. A luta dos dois é simplesmente ótima, embora curta.
Uma constante nos três anos de Moore no titulo, foi pegar personagens pouco lembrados ou mau utilizados como o já mencionado Homem Floronico, ou Etrigan, e dar uma visão à eles que nunca mais acabaria sendo tão bem executada quanto nessa parte. É aqui que Etrigan começa a falar rimando por exemplo.
E fora isso, Moore inclui o fodido John Constantine, com certeza o personagem que mais de destacou e até mereceu um filme com o super astro do filme Caçadores de Emoção, Keanu Reeves.
O prefácio da segunda edição foi escrito por Neil Gaiman, o que é ótimo pra muita gente. Pra mim poderia ser escrito pelo Chico Lang ou pelo Kléber Ban Ban. Ia dar no mesmo.
O primeiro numero começa com Pontas Soltas e vai até Movido por Demonios, justamente com o Etrigan. A segunda edição vai de O Enterro até a bela e viajandona Rito de Primavera. Onde o Monstro e Abby Cable fazem um sexo gostoso. Mais ou menos.
Imagino que a terceira edição vai ter a historia onde ele faz a alegria dos haters e enche o Bátima de porrada.
A arte de Stephen Bissette é responsável por boa parte do clima. Incrivelmente detalhada e onírica, traduz perfeitamente a sensação de horror e como o texto de Moore, retratou alguns personagens como nunca antes, ou depois, como Etrigan, que ganhou traços felinos.
Infelizmente não é só elogios para os encadernados. O papel é aquele vagabundo, pouco melhor que papel jornal. Esse seria um lançamento que mereceria mais cuidados, mesmo encarecendo um pouco. O pior é que a Pixel já havia lançado um encadernado com papel decente. E como é óbvio, comprei de novo. Mas como continuo comprando Dinasty Warriors, estou imunizado à criticas sobre isso.
Está no segundo número e custa R$ 23,90. O primeiro pelo menos. O segundo, safadamente já custa R$ 24,90.