O Exorcista
Tá aí um livro que eu levei anos pra ler e me arrependi amargamente por isto. Apesar de ser medroso a ponto de não jogar jogos de terror, mesmo que sejam 16 bits, sou um grande fã de horror em diversas mídias, filmes, livros, quadrinhos, até games, só que esses eu prefiro só olhar enquanto outro joga. E falando em filmes, O Exorcista é o meu favorito, um dos poucos filmes que eu realmente gosto do trabalho de um ator mirim (eu adoro Poltergeist também, mas a menina que interpreta a Caroline era ruim de doer).
E que surpresa não tive eu ao descobrir anos atrás (uns 10 mais ou menos) que o filme era a adaptação de um livro do mesmo nome? Bem, o tempo passou, e com o advento da pirataria fica muita fácil conseguir ler obras que você não consegue encontrar pois a sua cidade só dispõe de uma biblioteca com livros caindo aos pedaços e uma livraria minúscula que só vende 50 Tons de Cinza, Crepúsculo e Harry Potter.
Escrito por William Peter Blatty e lançado em 1971, o livro se inicia no Iraque, em uma expedição arqueológica na qual o padre Merrin faz parte. E durante tal expedição é encontrado um antigo templo que possui em seu interior a imagem de Pazuzu, antiga divindade suméria, junto com uma medalha de São José. Tal fato é encarado como um presságio por Merrin, que resolve voltar à América. Aí então que o filme e o livro começam a se coincidir.
Já nos Estados Unidos, mais precisamente em Georgetown, a atriz Chris McNeil se mudou recentemente com sua filha Regan, seus empregados e secretária para uma casa antiga. A casa será o lar deles apenas por um breve tempo, enquanto ocorrem as filmagens. Chris é divorciada e o ex marido e pai de Regan está sempre ausente, como se não se importasse com a filha. Fatos estranhos começam a acontecer, principalmente após o décimo segundo aniversário de Regan, a menina que até então era doce e amigável, começa a apresetar um comportamento displicente e muitas vezes agressivo, gerando preocupação por parte de Crhis.
Paralelo a isto, somos apresentados ao outro protagonista, padre Karras. De família estrangeira e origem humilde, Karras se formou em medicina e se especializou em psiquiatria, entrando para a ordem dos jesuítas para trabalhar como conselheiro dos padres. A pós muitos anos, Karas está duvidando não apenas de suas atitudes, mas de sua fé, que logo será colocada em prova quando seu caminho se cruzar com o de Chris e Regan.
Pausa musical, pois o post ficou longo e não tem imagens:
Ando tentando colocar a leitura em dia, e de modo afobado acabo lendo 3 ou 4 livros ao mesmo tempo. Bem, esse livro me fez deixar de lado os outros 3. A obra em si é muito bem escrita, muitas vezes assumindo um certo caráter poético, mas sem ficar vago ou extensamente desnecessário. Cada personagem é trabalhado de maneira que você se identifica com quase todos,e se simpatize com quase todos, por mais triste e amarga seja a sua condição. Assim, como no filme, o livro tem suas partes de vômitos em jato, cabeças giradas, levitações e outras escatologias, mas tudo no momento certo. O importante não é apenas a condição de Regan, mas a maneira com que cada um reage a esta condição.
Outro ponto realmente interessante é o cuidado em deixar o leitor por dentro do que ocorre. Por exemplo, em momentos distintos você tem a descrição de como é realizado um eletroencefalograma e quais as características de um poltergeist e o autor coloca e explica ambos de uma maneira que você não precisa nem ler um tratado de neurologia e nem ser um pesquisador de fenômenos paranormais para entender ambos, enfim, de todas as maneira este é um livre muito bem escrito.
Quando lançado, se tornou um enorme sucesso, tanto que ganhou uma adaptação cinematográfica apenas 2 anos após o lançamento, e isso para uma época diferente de hoje em que livros são lançados visando tal objetivo (o que gera obras pífia para adaptações idem) é realmente impressionante. Após ler o livro, percebo que o filme é realmente uma adaptação excelente, e merece figurar entre os melhores filmes de terror de todos os tempos. No Brasil o sucesso do lançamento foi tão grande que os lucros custearam o lançamento da primeira edição do Dicionário Aurélio.
Enfim, se mais alguém é fã do filme, ou de filmes de terror ou simplesmente quer ler um bom livro, esse é pra você. E não é tão difícil encontrá-lo pelas interwebs não.