Especial de Natal dos Amiches – Duro de Matar
Agora tenho uma metralhadora HO-HO-HO
Uma longa tradição americana são os filmes de Natal. Todo ano se pode esperar dois ou três. Alguns se tornam clássicos, como Esqueceram de Mim, a Rena de Nariz Vermelho, A Felicidade não se Compra ou Milagre na Rua 34. Sem contar as milhares adaptações de Um Conto de Natal.
E houve o melhor filme de natal de todos os tempos. Duro de Matar.
O filme é inspirado em um livro, sequencia de outro livro que tinha já virado filme com Frank Sinatra (!!) em 68. Então Duro de Matar foi refeito como uma sequencia de Comando para Matar, mas Xuazenerger recusou. Sem opções, os executivos foram até Bruce Willis.
Na época ainda com cabelo e ainda fazendo a série A Gata e o Rato, Willis parecia uma aposta arriscada. Mas ele criou um personagem bastante diferente dos outros brucutus de ação. Um sujeito que claramente está improvisando tudo e tem a certeza que deveria estar em outro lugar. Infelizmente essa impressão se perde depois do segundo filme, ainda que o terceiro também seja bom.
Vamos à história. E vou fazer uma coisa que normalmente não faria, vou seguir o filme todo. Não venham falar de spoilers, É um filme de 1988 que passa o tempo todo. Se você nunca viu, tem mais é que ser currado pelo Grinch, seu bronie do caralho.
O policial John Mcclane foi convidado para a festa de natal da empresa de sua esposa Hollie e veio de Nova Iorque para isso. As coisas não vão bem entre eles no entanto. Mcclane ficou em Nova Iorque e Hollie foi com os filhos para Los Angeles. E para Maclane é uma chance de tentar consertar seu casamento. No avião, para aliviar os efeitos do jet-lag, um sujeito lhe diz para tirar os sapatos e fazer movimentos com os dedos dos pés. Isso vai fude-lo profundamente mais tarde.
Ele é apanhado no aeroporto por uma limosine dirigida pelo simpático Argyle e levado ao imponente edifício da empresa, o Nakatomi Plaza. Argyle sugere espera-lo um pouco no estacionamento subterrâneo. Se as coisas com Hollie derem certo, ele o leva até a casa dela, senão, pra um hotel. Na festa, Mcclane é apresentado a alguns funcionários, ao chefe de Hollie, Joseph Takagi e ao babaca Harry Ellis. Sempre tem um desses em qualquer escritório no mundo. E tem a desagradável surpresa de ver que sua esposa está usando o nome de solteira, Genaro.
Os dois tem uma ligeira briga e Hollie deixa Mcclane no seu escritório enquanto ele dá aquela arejada e tira os sapatos pra mexer os dedinhos dos pés.
As coisas começam a ficar um pouco diferentes de uma festa normal quando o prédio é invadido por um grupo de homens armados. Todos são feitos reféns, exceto Mcclane, que consegue se safar, mas logo percebe que está em grande desvantagem.
O líder dos invasores se identifica como Hans Grueber e exige ser levado à seu líder à Takagi e demonstra saber muito sobre ele ao discorrer sobre a vida do sujeito. Hans afirma estar ali para dar uma lição para as corporações corruptas como a Nakatomi.
Hans demonstra ser um sujeito refinado e elegante, com grande conhecimento dos bons ternos (embora mencione ter apenas dois ternos John Philips, não três), citando Plutarco e outras coisas. Mas logo mostra suas cores. Ele está ali pela grana, mais precisamente 640 milhoes em Titulos ao Portador (são titulos de crédito, pagáveis a quem apresentar o papel). Essa de terrorista comunistinha é só pra pegar minas na faculdade.
Mcclane entra na surdina na sala, a tempo apenas de ouvir Hans executar Takagi a sangue-frio. Após quase ser descoberto, ele se esconde, esperando que Argyle tenha ouvido o tiro, dificil, pois a limosine, parada no estacionamento subterraneo do prédio é pura sonzeira. Então ele resolve acionar o alarme, o que falha, pois Hans fez um dos capangas ligar para 911 e dizer que um defeito acionou o alarme. E ele manda outro investigar o andar onde o alarme tocou.
Depois de uma luta, Mcclane elimina o sujeito e começa a ter suas idéias. Hans resolve ser mais duro com os reféns quando é interrompido pelo elevador chegando e descobre que Papai Noel lhe mandou um presente.
Um detalhe que se torna importante é que Mclane passa praticamente o filme inteiro descalço. O único terrorista que ele tem tempo para saquear e tirar os sapatos, tem pés de menininha e ele não consegue voltar ao banheiro onde deixou os próprios sapatos. Isso é usado contra ele de forma agonizante.
Hollie percebe que Mcclane está por trás disso e se anima um pouco, mas Ellis está menos entusiasmado. Mcclane sobe até o telhado e tenta transmitir para várias faixas com o rádio que afanou do cara morto, mas é ouvido por Hans que despacha mais sujeitos lá para despacharem Mcclane.
Karl, o irmão do cara que Mcclane deixou no elevador está putaço. E chega atirando, o que interrompe o construtivo dialogo entre Mcclane e a atendente da policia, que, embora não acredite em Mcclane, acaba mandando o policial Powell para o prédio.
E enquanto Mcclane faz sala para Karl e seus amigos, o Comparsa Negro de Hans, Theo, está trabalhando em abrir as travas de segurança do cofre. O outro terço negro do filme, Powell está chegando ao prédio, de mansinho, pois tudo parece estar tranquilo. Tão tranquilo que ele resolve voltar, depois de responder no rádio que era outro alerta falso no Nakatomi.
Como ele precisava muito do reforço da policia Mcclane resolve apresentar Powell para um dos terroristas.
E quem diria, funciona. Powell chama reforços.
Enquanto isso, Dick Thornburg, reporter filho da puta, capta a transmissão de Powell e resolve ir até o prédio com uma van. Os reféns ouvem aliviados o som das sirenes da policia se aproximando. O estranho é que Hans também parece feliz em ouvir.
E nessa hora, Mcclane resolve conversar com Hans. Após provoca-lo um pouco, Mcclane descobre um monte de explosivos plásticos na mochila que o terrorista que ele matou estava levando. E enquanto Hans demostra que cursou faculdade no Brasil, pois começa a disparar discurso contra a cultura americana decadente e é interrompido com um “Yippee-ki-yay, motherfucker” de Mcclane.
Que continua seu contato com a policia, explicando à Powell quantos são os invasores e onde estão os reféns. Hans não se sente incomodado, pois afirma estar esperando o FBI. Mas exige que os homens encontrem os detonadores, que estão com Mcclane.
Powell começa a desconfiar que Mcclane é um policial, pelo modo de falar, apesar de Mcclane se identificar apenas como “Roy” pelo rádio. É quando o chefe de policia chega e tenta tomar o controle da situação.
Hans, no escritorio de Hollie está vendo plantas do prédio, quando a própria chega e pelo jeito de falar, deixa claro porque Mcclane se casou com ela.
Após um dialogo construtivo, Hans repara na tv, que estava ligada no mute até agora. O reporter Thornburg está fazendo a reportagem na frente do prédio, e até Argyle, ainda na limosine, vê na tv do carro. O chefe da SWAT chega e recebe a ordem de invadir, o que Mcclane percebe e o assusta, pois ele sabe que Hans parece preparado para isso. E de fato a tentativa acaba mal. A segunda tentativa de invasão, desta vez com um carro blindado também esbarra em problemas e num lança foguetes.
Mcclane resolve impedir que os invasores disparem novamente e lança os explosivos pelo fosso do elevador abaixo. É Super Efetivo. O chefe de policia usa Contatar Mcclane. Mcclane não fica Paralizado com a argumentação. Mcclane usa “Daqui de cima parece que não tem ninguém no controle” . É Super Efetivo e Powell agradece.
Hans é reconhecido na TV como um ex-membro de um grupo terrorista europeu e Ellis acredita que essa é sua chance de brilhar. Ele vai até Hans, que não está impressionado com sua ladainha. Mas Ellis diz que pode entregar a ele o sujeito que está atrapalhando tudo.
Mcclane está tentando comer uns chocolates e trocando uma ideia com Powell quando Hans interrompe a ligação e chama Mcclane pelo nome. Mcclane demonstra novamente ser um sujeito de fina classe quando Ellis pega o rádio. Ele está no escritório, com Hans, tomando um refri e bem a vontade. Ele tenta convencer Mcclane a se entregar e deixar Hans negociar com a policia de Los Angeles.
Mcclane, cautelosamente, pergunta à Ellis o que ele disse à Hans. Ellis responde que Mcclane era seu convidado na festa, já que eram velhos amigos. E diz que só o que Hans quer são os detonadores. Mcclane sabe que tipo de sujeito Hans é, dado o que aconteceu com Takagi, e tenta convencer Hans desesperadamente que ele mal conhece Ellis. Mas ele, para continuar a farsa afirma conhecer Mcclane há vários anos. Mcclane desliga o rádio. E Hans acaba com Ellis.
Como todo mundo ouviu a morte pelo rádio, Powell discute com o chefe de policia quando Hans liga para eles e começa a fazer exigencias. Ele exige a libertação de vários terroristas ao redor do mundo, inclusive de uns sujeitos que ele leu na revista Time. E via checar com Theo o estado das travas do cofre. Apenas uma resta, uma trava eletromagnetica que Theo admite, só abrirá por milagre.
Na TV o mesmo tipo de analista imbecil que aparece dizendo que videogames causam violencia afirma que, nesse momento, os reféns e os captores estão formando um vinculo de confiança e até um tipo de amizade. E vemos o corpo de Ellis sendo levado pra fora do escritório.
É quando os dois agentes Johnson do FBI chegam e assumem o controle. E Mcclane encontra Hans, que estava checando os explosivos.
Ele convence Mcclane que é um refem tentando chegar ao telhado. Realmente convincente por sinal. Os agentes do FBI demonstram estar pouco cagando para Mcclane e seguem o livro de regras contra terrorismo página por página. Enquanto isso, Mcclane dá ao “refém” uma arma. Hans imediatamente pára de fingir e tenta atirar em Mcclane.
Durante a troca de tiros que se segue, pois Hans havia chamado reforços, Mcclane de abriga em uma sala com um monte de computadores e paredes de vidro. Hans, lembrando que viu Mcclane descalço, diz para destruirem os vidros. O policial escapa, mas Hans consegue pegar os detonadores.
Thornburg descobre que Mcclane tem familia em Los Angeles e vai direto pra lá. Hans e os terroristas sobreviventes chegam, aliviados por terem os explosivos. Menos Karl, que está muito puto. E nesse momento há uma das melhores frases do filme, já repleto de frases ótimas. Hollie vê o terrorista tendo um ataque de nervos e diz: “Ele está vivo. Só o John consegue deixar alguém tão nervoso assim.”
John troca uma ideía com Powell, pra se distrair da horrivel tarefa de tirar cacos de vidro da sola dos pés e descobre que Powell matou acidentalmente um garoto anos atrás e agora não consegue atirar. Hans e Theo observam pelas cameras externas que os agentes do FBI estão prestes a desligar a energia do edificio, exatamente o milagre que eles precisavam para desligar a trava eletromagnetica do cofre, a última.
E o cofre se abre. Feliz natal para Hans e seus amigos. Os sujeitos do FBI estão se achando os fodões. Eles entram em contato com Hans e o informam que conseguiram a libertação dos terroristas ao redor do mundo e os dois helicopteros exigidos para a fuga. Mas sendo sagazes agentes do FBI eles armaram uma armadilha nos helicopteros. Claro que dará certo. Eles são muito mais espertos que um bando de terroristas.
Mcclane, conversando com Powell fica intrigado. Porque os explosivos e porque ele encontrou Hans indo para o telhado? Ele desliga e vai checar. Thornburg chega à casa de Hollie e ameaça entregar a empregada para a Imigração se ela não deixar ele falar com os filhos de Hollie e Mcclane.
Esse por sinal, encontra o que Hans estava checando lá no telhado. Um porrilhao de explosivos. Mas quando vai avisar Powell que é tudo uma armadilha, é interrompido rudemente por Karl. Ambos começam a dialogar.
Os helicopteros do FBI estão vindo, com os agentes Johnson à bordo, prontos para matar os terroristas quando eles forem embarcar. Eles discutem as perdas aceitáveis de reféns. E Thornburg aparece na TV entrevistando as crianças. Hollie assiste aterrorizada. E Hans fica exultante, em finalmente encontrar a sra. Mcclane. Ele diz para Theo e o outro sujeito se apressarem em guardar os Titulos e tenta entrar em contato com Mcclane, mas não consegue, já que John está ainda debatendo com Karl. Hollie fica espantanda ao ver a razão disso tudo. Um roubo apenas.
Tendo resolvido suas diferenças com Karl, Mcclane vai até o telhado, onde os terroristas levaram os refens. Ele tenta tira-los dali, pois sabe que é tudo uma armadilha e o lugar vai ser destruido. Para isso ele usa argumentos bem convincentes. Os Johnsons, ao verem Mcclane argumentando com os reféns atiram nele. Isso ajuda a fazer os refens descerem do heliporto desembestados. Ao verem os refens descendo, Hans resolve explodir a porra toda. Isso leva aos seguintes fatos.
Mcclane tem que sair do telhado, mas não pode usar o elevador nem a escada, o obrigando a improvisar. O chefe de policia se vê repentinamente com duas vagas extras de agentes do FBI. Argyle vê uma ambulancia ser retirada de um caminhão e resolve agir, e provando como esse filme é revolucionario, o primeiro negro a ser derrubado nem sequer morre.
Mcclane, checa sua munição. A submetralhadora tem uma bala. A Beretta também. Ele resolve deixar a Beretta com as duas balas, mas leva a sub de qualquer forma. Ele sabe que Hans está com Hollie e tem outra de suas ideias ao ver algumas decorações de natal.
Quando um dos terroristas está pra sair com a ultima mala da grana, é derrubado com uma coronhada da submetralhadora.
Nesse momento John entra e Hollie só consegue dizer “Meu Deus” ao ver o estado deplorável do marido, completamente escrotizado.
Hans obriga Macclane a baixar a metralhadora e eles tem um papo sério sobre filmes. O plano de Mcclane se mostra eficiente o que resulta, no final das contas, em Hans Grueber perdendo sua confiança na qualidade dos relógios caros.
Lá embaixo, finalmente Mcclane encontra Powell, este se recusa a dar moral para Karl, que estava morto só de brinks. Hollie encerra rapidamente uma entrevista com Thornburg e Argyle resolve que pode levar Hollie e Mcclane pra casa.
O Nakatomi Plaza é justamente o prédio do quartel general da Fox, ainda sendo concluido na época. Quando Severo Snape foi realmente jogado do prédio, seu olhar de terror era muito real. O fato é que disseram que iam jogar no “três” e fizeram o velho truque de jogar no “dois”. É compreensível que ele tenha ficado muito puto. E a famosa frase “Yippee-ki-yay, motherfucker”, foi incluida graças ao próprio Bruce Willis, grande fã de Roy Rogers.
Duro de Matar era um dos filmes favoritos da minha mãe, sempre assistíamos e nos avisávamos quando passava, e como praticamente toda semana passa em um canal ou outro, dá pra ver pelo menos duas vezes por mês e assim fazíamos.
E é realmente o melhor filme de Natal de todos, com uma mensagem natalina muito clara, tenha sempre um revolver colado com adesivo às costas.
Yippee-ki-yay pra todos vocês.