The Laughting Salesman – Warau Salesman

Almas são um bom negócio

 

Imagine uma versão japonesa de Além da Imaginação, ou Outer Limits. Você sabe, aquelas séries episodicas onde uma pessoa vive uma vida normal, ou aparentemente normal, até que o sobrenatural ou o aparente sobrenatural se infirltra na vida dela e o resultado é geralmente ruim para a pessoa e um conto cautelar para quem assiste.

Agora imagine que isso foi criado pelo cara que bolou Doraemon.

Bem o que acontece. O Vendedor Sorridente é um baixote esquisito chamado Moguro Fukuzou, com olhos tristes e um imenso e permanente sorriso. Ele vende sonhos.

 

Talvez seja melhor ser mais claro e a melhor forma de fazer isso pode ser com a trama de um episodio.

Moguro se aproxima de um cara que é esculhambado pelo chefe dele o tempo todo. O cara é um sujeito que não tem coragem de encarar o chefe nem de procurar outro emprego. O Vendedor o leva até a Companhia Fantasia, uma companhia falsa por assim dizer, onde os empregados podem fingir serem os chefes.

O cara curte e fica indo ali sempre que pode, mas com o tempo, começa a ser um escroto como o chefe dele e Moguro dá um jeito para que ele fique empregado ali para sempre, numa posição subserviente e ouvindo espinafração o tempo todo.

Essa é a pega. O Vendedor te dá o que você quer, ou os meios de obter, mas deixa um aviso de alguma forma. Você pode fazer tudo direitinho e se sair bem. Mas o que vemos em geral é a pessoa abusando da oportunidade/desejo e tomando na rabeta. Moguro chega, joga na sua cara o que você fez de errado e DOOM!

Aí ele vai embora e te deixa com as consequencias, sejam quais forem.

Nem todos os tem o sobrenatural muito óbvio e as vezes parece que o Vendedor é um tipo de facilitador de algo meio mundano.

 

 

Não dá pra saber também O QUE ele é. Não é como o demonio naquelas historias tipo Stephen King, onde ele fica com almas ou cria o caos. Nem é dinheiro como A Ilha da Fantasia. A impressão que passa é que ele está testando as pessoas. Ou só rindo da cara delas quando elas se fodem. Embora fique logo óbvio que ele tem poderes, ou formas de distorcer a realidade.

Ele sempre diz que está no negócio de almas, mas não parece ser no sentido literal.

Uma coisa é que a versão original, lançada nos anos 80 teve um sucesso absurdo, o que para um desenho sobre um cara que é o oposto completo do que se espera que seja um protagonista. Houve um remake em 2017 e não teve o mesmo impacto.

É possivel conjecturar o porque, de forma bastante especulativa, só que vamos fundo.

 

Sente e pegue um drinque.

 

A situação economica do Japão de hoje é bastante diferente daquela nos anos 80. Naquela década, o país vivia um boom economico  imenso. Lembram como Blade Runner, e outras obras da época na verdade, mostravam o Japão como uma enorme influencia cultural e economica? Hoje isso não é bem assim. Embora não tenham caido tão gravemente como a Argentina por exemplo, ou mesmo a gente. Mas a época  de bonanza e grana alta ficou meio pra trás. E considerando que quase sempre os cliente do Vendedor Sorridente são os famosos salaryman japoneses, os trabalhadores de escritorio, há um certo descolamento da realidade atual.

A outra razão, muito mais prosaica é o simples formado do desenho, já que é totalmente episodico, com cada episodio sendo independente do anterior. É um modelo que deixou de ser comum e pode ser que não prenda mais a atenção do publico, que espera algum desenvolvimento e progressão da historia.

Pode ser.

De toda forma, é um anime diferente e uma ótima pedida para dar aquela variada. Pela propria curiosidade.