Revirando a Jukebox – Smash

De volta a 2003.

De volta a 2003 falando no meu  caso, pois Smash foi lançado em 1994. Muita pare da bagunça desconexa que é o meu gosto musical vem dessa época, na qual eu fazia playlists escutando rádio o dia todo e apartando o rec do gravador K-7 quando  pintava  uma música  interessante. Tempos legai que tu ralava pra burro pra  ter umas fitinhas xexelentas com músicas com o começo cortado, locutor falando no meio e propaganda entrando antes do encerramento de cada música. Meu Deus, que tristeza!

Durante um papo sobre bandas que gostávamos na sétima série eu acabei por citar Offspring, então um amigo de sala soltou a seguinte frase: “meu tio tem um CD deles original, quer emprestado?”. E foi assim o meu primeiro contato com um disco completo dos caras. Adeus fitas F-7! Pelo menos por uns três dias, quando devolvi o CD.

Pra um moleque de 13  anos, um disco que abre com uma faixa que não é nada além de um cara falando por 25 segundos foi  uma bela de uma estranheza, além do fato de eu manjar muito menos de inglês que manjo hoje, o que ainda é muito pouco. Depois do blablablá, Nitro (Youth Ennergy) vem em ritmo acelerado, uma ótima música pra se iniciar um disco, direta ao ponto. O ritmo dá uma senhora desacelerada na introdução de Bad Habit, música que  vem na sequência, mas só na introdução, pois o resto da música é só correria, além de ser uma das minhas favoritas até hoje.

https://www.youtube.com/watch?v=pDgIy5kmJaY

A coisa freia mesmo é na próxima faixa, Gotta Get Away. Mesmo estando entre as clássicas da banda, ainda não vou muito com a cara da mesma. Anos depois, com o advento do torrent, essa se tornou a música pra se pular durante o play, até porque outra das minhas favoritas vem em sequência. Genocide é um exemplo de uma boa música punk dos anos 90, começa com um riff do caralho, continua empolgante por todos os seus 3:33 de duração, tem um refrão maneiro (precedido do icônico “1,2,3,4” imortalizado por Ramones) e quando  termina dá vontade de escutar de novo em sequência.

Something To Believe In segue a mesma fórmula da música original, mas em um riff tão legal ou um refrão tão empolgante, mas mesmo assim é uma boa música. Talvez ficaria menos apagada se fosse colocada em outra posição no CD, pois não basta vir depois de Genocide, ela precede Come Out And Play. Aqui temos não só um puta clássico do punk nos anos 90, mas uma música que serviu de norte pro próprio Offspring. Em Come Out And Play temos a base do  que seria repetido depois eu músicas como Pretty Fly ou Original Prankster. Cacete, esse disco podia acabar aqui, o que seria ridículo para um disco punk ter apenas 7 músicas, mas já seria o bastante.

Self Steem vem na sequência pra você agradecer que o disco não tenha acabado com apenas sete faixas. Outra faixa que também funciona como marca registrada da banda e ainda é tocada nos shows hoje em dia, todo mundo que ouviu essa música na adolescência ou: 1-fez air guitar, só que acompanhando a linha de baixo; 2- cantou o Ohh Yeeeeah Yeeeehaah do refrão ou 3- fez as duas coisas. It’ll Be A Long Time segue a fórmula de correr pra caralho e refrão chiclete, mas por algum motivo ela não cola tanto quanto as outras, mesmo sendo  uma música tão boa quanto.

Killboy Powerhead tem uma pegadinha legal, um riff interessante mas não anima, e o refrão repetido à exaustão também não ajuda. Acho que temos a primeira música realmente esquecível do álbum aqui. Não me empolgou na época, não empolga hoje. What Happened To You? é outro clássico da banda, e eu perdi as contas de quantas vezes escutei essa música em sequência, inclusive eu tive que esperar a música parar de tocar pra conseguir escrever essas linhas, provavelmente é uma das faixas mais radiofônicas da banda, com seu clima alto astral. So Alone dá sequência ao disco, 1:17 pra te trazer de volta do mundo da alegria para o punk em ritmo acelerado.

https://www.youtube.com/watch?v=pBZh6oMfjno

Not The One é a penúltima música do álbum. Na época das minhas primeiras audições essa música simplesmente me arrebatou, foi uma das que eu escutei em looping várias vezes, mas hoje esse encanto passou, pena. O processo inverso aconteceu com a faixa de encerramento, Smash, que tirando o riff final não me chamava atenção, mas hoje eu gosto bastante. Smash dá um intervalo de quase 6 minutos pra uma faixa instrumental escondida, cujo riff é uma extensão de Come Out And Play, mas que aqui ganha um roupagem de “música árabe”.

Esse é o fim, 14 faixas do disco de capa feia que se tornou o álbum independente mais vendido de todos os tempos e lançou o nome do Offspring para a estratosfera, lugar mais que merecido, visto que são uma banda muito melhor que seus contemporâneos mais conhecidos pela molecada atual como Blink-182 e Green Day. Smash foi sucedido pelo muito bom Inxay The Hombre e depois pelo que deve ser a obra prima dos caras, Americana, mas isso é assunto pra outro post.