Revirando A Jukebox – Psycho Circus

Ninguém pediu o a continuação dessa coluna, mas vou escrever mesmo assim.

Caramba, como eu era fanático por KISS! Lembro de ficas fascinado quando criança olhando a capa do vinil de Dressed To Kill que tinha lá em casa, apesar de ter levado uns bons anos pra conhecer o som dos caras, pois não tínhamos mais um aparelho em casa que tocasse o bolachão. O primeiro contato com a música da banda se deu na adolescência por meio de um programa chamado Alto Falante, da filiada mineira da TV Cultura, que passava aos sábados. O clipe em questão era uma versão  ao vivo de Detroit Rock City que  eu gravei em VHS, mas graças  ao advento da internet hoje está no YouTube, no vídeo postado logo abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=CiFlNy7JhzE

 

Pela parte do VHS já deve ter ficado claro que essa era uma época em que a internet ainda era estava longe de ser o que conhecemos hoje, e o compartilhamento de arquivos oscilava entre o horrível e o quase impossível. A melhor alternativa era ir atrás de CDs, originais ou não, e foi o que eu fiz. A visita ao camelô rendeu apenas uma coletânea não oficial de B-sides chamada My Eggs, acho que ainda tenho o encarte. A loja de CDs dispunha de três opções: o Alive V, gravado com a Filarmônica de Melbourne, que foi o disco que levei pra casa, a coletânea The Best Of e Psycho Circus, que só fui escutar muito tempo depois, mas que é o assunto desse post.

Alive V contava com uma performance da música Psycho Circus, e eu fiquei maravilhado com ela. Antes de conseguir escutar as outras músicas do disco, fiz algo relativamente mais simples que era levantar informação sobre ele. Lançado em 1998, o disco veio para coroar a badalada reunião da formação original que inicialmente aconteceu para tocar três músicas do Unplugged MTv, mas depois rodou o mundo junto com retorno da icônica maquiagem e figurino. Porém nessa época a reunião já estava começando a dar sinais de desgaste, principalmente motivados pela briga de egos e o fato do guitarrista Ace Frehley não conseguir ficar sóbrio.

O resultado não poderia ser outro, ao invés de um disco nos moldes de rock n’ roll festivo, principal característica do KISS, temos um disco pouco inspirado, com alguns bons momentos, mas nada coeso, visto que era meio que cada um por si nas composições. Psycho Circus abre com a faixa que dá nome ao disco e é provavelmente o ponto mais alto de todo o álbum, com uma pegada mais mística tanto na melodia quanto na letra, trazendo a ideia de que os integrantes da banda são algo além de simples humanos. Vale destacar também a maravilhosa performance vocal de Paul Stanley.

A segunda música é Within, que segue na mesma proposta da faixa anterior, dessa vez com Gene Simmons cantando. É uma música boa, com um solo muito legal e bons riffs que até consegue segurar o o nível do disco, mas não empolga tanto. Stanley volta ao microfone em I Pledge Allegiance To The State of Rock n Roll, primeira música que faz lembrar os KISS das antigas. O disco continua com Into The Void, com Ace Frehley cantando, e a única definição possível é que essa música é uma música do Ace Frehley, e isso é um elogio, o cara manda bem e não é a toa que dos quatro discos solo lançados simultaneamente em 1978 o de Frehley foi o que recebeu melhor recepção de público e crítica, esses últimos acostumados a descer a lenha na banda.

Chegamos em We Are One, primeira balada do disco. Eu adoro essa música, mesmo ela tendo cara de música ppra campanha publicitária de ONG. É uma música bonitinha, mas meio chata por ser repetitiva, sem contar que essa bagaça tocou pra cacete no rádio, sem contar também também que é estranho escutar o Gene cantando uma balada. A próxima música é You Wanted The Best, nos quais os quatro integrantes dividem o vocal. Mais uma vez destaque pro solo de Frehley, e outra música legal. Raise Your Glasses vem na sequência, e junto ela uma quedinha na qualidade. Já gostei muito dessa música, assim como tive períodos nos quais não suportava escutá-la, talvez pelo refrão pouco inspirado e repetitivo demais.

Peter Criss finalmente assume o microfone sozinho em I Finally Found My Way, música que poderia estar facilmente naquelas coletâneas pirata “Românticas Anos 80” que a sua tia provavelmente tem em casa ainda. Alguém precisa avisar o cara pra parar de criar outra balada monstro ao estilo de Beth, porque tá vergonhoso, que música cata da porra. Dreamin vem na sequência, e com ela uma treta absurda, já que a música é um plágio descarado de I’m Eighteen, do  Alice Cooper. Eu adorava essa música, mas depois de descobrir o rolo, que até incluiu um processo movido pela tia Alice, ela perdeu muito do seu brilho aos meus ouvidos. O disco encerra com Journey of 1,000 Years, meio acústica, meio orquestrada, meio bonita e meio chata.

Talvez  o erro deste disco foi o mesmo que o duvidoso, porém bem executado, Music From the Elder, de 1981. As pessoas estavam acostumadas e queriam algo específico da banda, mas o recebido foi outro, no caso de The Elder foi um disco conceitual e progressivo, e aqui algo talvez mais puxado pro heavy metal. Mas mesmo assim o disco  vendeu horrores, teve uma puta turnê que contava até com momentos em que a plateia usava óculos 3D e que inclusive veio aqui pro Brasil. Psycho Circus também rendeu  um jogo de tiro em primeira pessoa e uma minissérie em quadrinhos, pois se tem algo que o KISS sabe fazer é dinheiro. Enfim, Psycho Circus é um bom disco, está longe de ser um clássico mas mais longe ainda de ser um dos piores discos da banda (cof cof… Animalize… cof…).