Review Revolto: O Justiceiro (Segunda Temporada)

Puta merda….

…eu estou muito puto! Sério, qual o problema do showrunner da série do Justiceiro? Por que diabos ele quis transformar a primeira temporada num Jason Bourne de R$1,99 e a segunda numa mini-série da Globo? Jesus! O QUE TEM DE TÃO DIFÍCIL EM SE COLOCAR O JUSTICEIRO MATANDO GENTE DA MÁFIA? POR QUE EU FUI ASSISTIR O JUSTICEIRO E ACABEI ME DEPARANDO COM A NOVA NOVELA DAS 9 DA REDE GLOBO, PORRA? EU JURAVA QUE O CAUÃ RAYMOND IA APARECER EM CENA A QUALQUER MALDITO MINUTO!

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Tudo bem…deixa eu me acalmar. Vamos ao resumo básico dessa segunda temporada: Billy Russo sobreviveu ao sangrento destino que encontrou no final da primeira temporada. No entanto, o sujeito apanhou tanto que acabou perdendo a memória até certo ponto de sua vida, ou seja, ele não lembra que matou a família de Frank Castle nem que ele deixou de ser seu amiguinho por isso. Paralelo a isso, uma garota carrega misteriosos filmes fotográficos que levaram seus amigos a morte e agora é alvo de uma caçada humana. Sua fuga desesperada a faz se encontrar com Frank Castle, que agora vive pacificamente como Pete Castiglione (não que esse sobrenome seja muito ‘disfarçativo”), já que havia sido dado como morto ao final da temporada anterior. Frank a salva de um grupo de militares altamente treinados em um bar e agora irá proteger a menina e se enfiar em uma trama que envolve pessoas do alto escalão do governo (na verdade uma só, mas com pais muito protetores), a máfia russa (por uns 2 episódios e muito indiretamente) e um vingativo Billy Russo (que não sabe muito bem do que está se vingando até meados do episódio 5).

“AAAAAARRGHEUNÃOFAÇOIDEIADOPORQUEESTUATIRANDOOOOO”

E assim se inicia a segunda temporada de O Justiceiro, com potencial pra ser uma puta série de ação novamente desperdiçada em prol de encheção de linguiça, situações imbecis, decisões idiotas e sem nexo dos personagens e muita, mas muita, MAS MUUUUUUUITA conversa e POUQUÍSSIMA ação! Agora vou começar a apontar as minhas maiores frustrações e aviso que o texto a seguir estará COALHADO de spoilers, assim sendo, estejam avisados e vamos em frente!

ATENÇÃO: SPOILERS CARREGADOS DE TÉDIO E ÓDIO ABAIXO!

Em primeiro lugar temos a garota que Frank se sente na obrigação de ajudar, a adolescente trambiqueira chamada Amy. O sujeito deixa uma mulher por quem acabara de se apaixonar ( e que não vai mais dar as caras na série após se ferrar por isso) pra proteger uma menina que deixa claro a cada cinco minutos que não quer estar perto dele. E o pior é que essa insistência da infeliz da Amy de querer fugir o tempo todo do Frank NÃO FAZ O MENOR SENTIDO, pois fica mais do que claro que sem ele por perto, ela já estaria morta! Mas ela insiste em ficar querendo correr dele o tempo todo! E os motivos pro senhor Castle salvar a menina se resume a um “porque sim” e pronto! Nada mais, nada menos! Não há proposito real definido! Mais adiante ele diz “Ah, é que se fosse um homem, eu queria mais é que ele se fodesse”, mas isso não soa muito convincente pra mim. O trailer até dá a entender que ele fez isso porque sentia falta de matar, mas a série mostra que não é bem esse o caso.

Em segundo lugar temos o caso Billy Russo. O Retalho não é chamado de Retalho durante toda a temporada, e nem tem motivos pra isso, pois o sujeito teve a cara transformada em mingau no fim da primeira temporada e me aparece  com SOMETE SETE CICATRIZES NA CARA! Quem leu as HQs ou mesmo viu Justiceiro: Zona de Guerra onde o personagem é o vilão, sabe que a cara do sujeito fica medonha. Mas um dos responsáveis pela série disse que o motivo para não fazerem algo tão drástico e deixar ele com apenas algumas cicatrizes era pra dar aquela sensação de que ele mesmo se enxergava mais deformado do que realmente era e isso refletiria em como ele era  perturbado. MAS ISSO NÃO CABE AQUI, CACETA!  EU QUERIA VER O CARA COM A CARA TODA DESFIGURADA, CABOJES! ME DÊ O MINIMO DE FIDELIDADE AOS QUADRINHOS E NÃO AO FILME VANILA SKY COM TOM CRUISE!

EXPECTATIVA.

REALIDADE.

Em terceiro lugar temos a relação de Billy Russo com a sua psicóloga. Desde o primeiro momento em que ela aparece a gente já percebe que ela é meio perturbada e sabe que os dois vão se envolver e blá,blá,blá…e isso É CHATO PRA PORRA!  Ao invés de termos o Billy Russo se tornando o Retalho, temos longas e longas sessões de terapia pra que Billy encontre seu “objetivo na vida”, mesmo quando os dois acabam de fazer sexo tórrido e meio maluco. E quando essa psicóloga, cujo nome não lembro e nem faço questão, se torna, de fato, cúmplice do Billy Russo, do nada ela tira habilidades assassinas do rabo e enfrenta uma agente da segurança nacional no braço como se fosse uma ex-fuzileira. Ah, e essa agente da segurança nacional foi a pior coisa da primeira temporada e só não é a pior coisa dessa segunda porque tem coisa ruim o suficiente pra ofuscá-la. Claro que me refiro a agente Dinah Madani.

“Acalme-se, Billy. Agora sente-se e vamos discutir seus problemas lenta e dolorosamente por 13 episódios inteiros.”

Sim, Madani ocupa o quarto lugar com seu papel de Karen Paige do Justiceiro. “Mas porque Karen Paige, tio Hellbolha? Por que ela se torna o interesse amoroso do herói e o ajuda em tudo?” e eu digo-lhes que não. Ela é a Karen Paige da série do Justiceiro pois, tal qual a repórter  loira da série do Demolidor, quando ela entra em cena você já sabe que é pra chorar! Se essa atriz passou 20% da séria com os olhos secos, foi muito! E  em um episódio ela e Karen Paige de fato se encontram e eu só conseguia pensar “Meus Deus…elas vão inundar o lugar com lágrimas…”. E esta mulher fica numa punhetação sobre se prende Billy Russo, se mata Billy Russo, se deixa Frank Castle matar Billy Russo, se prende Frank Castle por querer matar Billy Russo que você só deseja que a personagem morra. Mas ela não morre! Mesmo depois de ser estrangulada por Billy Russo! Infeliz!

Sempre que Madani entrava em cena eu também pensava em enfiar uma faca nos olhos…

Em quinto lugar temos o que deveria ser o assassino misterioso, silencioso e letal na forma do Sr. Pilgrim. O cara até é misterioso e silencioso, mas em uma cena onde você acha que ele vai derrotar uns 5 caras com facilidade pra mostrar que é fodão…ele apanha que nem cachorro ladrão! Sim, ele derrota os caras, mas quase morre no processo! Realista? Sim! Mas quem disse que eu queria realismo de uma testemunha de jeová assassina? Aliás, a série não parece decidir direito quem vai ser o vilão final, ele ou Billy Russo. A lógica diria que Billy Russo deveria ser o vilão final, mesmo ecoando o fim da primeira temporada. Mas Billy Russo é deixado como problema pros coadjuvantes resolverem e o Sr. Pilgrim se torna o “desafio final” de Frank Castle, o que rende uma luta bem mixuruca, já que os dois estão todo estourados e o combate foi coreografado sem inspiração.

Pilgrim o ataque “Corrente de Andrômeda” conta Frank.

Agora vamos falar das cenas de ação. São poucas, como eu já disse, mesmo problema da primeira temporada. A questão é que a primeira temporada tinha poucas cenas de ação mas todas muito bem feitas. Nessa temos poucas cenas de ação, mas apenas duas são memoráveis. A primeira é a luta no banheiro do bar logo no primeiro episódio, a segunda é no episódio 10, quando Frank Castle é encurralado pelos capangas de Billy Russo e, no ultimo instante, reage e quebra todo mundo na porrada. Excetuando essas duas cenas muito bem dirigidas e coreografas, as demais são só pessoas atirando a esmo. A cena em que Frank e Amy estão presos em uma delegacia de uma cidadezinha que é cercada por mercenários comandados pelo Sr. Pilgrim, por exemplo,  promete ser algo grandioso mas acaba ficando monótona, previsível e sem inspiração. E esse sentimento se repete em outras das poucas cenas de ação de uma série que deveria ter como ponto alto justamente a ação. Aliás, TODAS as cenas de ação estão no trailer que as usou para nos vender um ritmo vertiginoso que a série NÃO TEM!

 

E agora precisamos falar de Jon Bernthal. O sujeito parece um desenho do Steve Dillon, faz uma variação de voz muito bacana entre os momentos de calmaria e de fúria do personagem mas…convenhamos…ele é o Shane vestido de preto! O ator é um tanto limitado, atua numa nota só! Quando está parado fica se balançando de um lado pro outro como se estivesse segurando o mijo, quando fala não para de ficar olhando pra os lados como se tivesse um tique ou fosse um esquizofrênico (e isso não é porque o personagem é perturbado, pegue qualquer outro trabalho do ator e verá que ele faz o mesmo, até em comédias românticas) e quando anda parece que está tentando disfarça que tem um sabugo encrustado no cu mas falhando miseravelmente. Achei a escolha dele ruim pra Frank Castle? Não! Mas bem que o ator poderia se esforçar pra não fazer o mesmo maldito personagem em toda maldita produção de que participa!

Por fim, a série me rendeu um belo de um trabalho pra chegar até seu final. É tão ruim quanto Punho de Ferro? Não! Aliás, NADA é tão ruim quanto Punho de Ferro na parceria Marvel/Netflix. A forma cagada onde fizeram a série do defensor de K’un lun foi quebrada e jogada fora, é uma peça de lixo única! Mas, ainda assim, é ruim! Não é uma série do Justiceiro! Em momento nenhum eu me senti transportado para o clima de ação dos quadrinhos como acontecia constantemente com a série do Demolidor. Praticamente nada era reconhecível ali e o fato do personagem mal usar a caveira no peito não ajudava em nada! Era só uma série policial genérica com mais drama do que uma novela. Eu fui até benevolente com a primeira temporada porque tinha esperança que fossem consertar o marasmo a partir do momento em que Mama Gnucci foi citada. Mas, não…cagaram pra Mama Gnucci e qualquer possibilidade de pegar a maravilhosa fase do Garth Ennis pra dar um rumo pra esse troço ficar parecendo minimamente com o Justiceiro de verdade. E eu achando que a única série que me deixaria feliz por ter sido cancelada seria Punho de Ferro…

Bem, espero que um dia o Justiceiro consiga uma adaptação digna dos quadrinhos após tantos erros. Aliás, já se tocaram que ele é o personagem Marvel com mais versões em live action?  São 3 filmes diferentes e uma série e em todas essas produções eles conseguiram errar a mão. Como a segunda temporada já nasceu com um atestado de óbito pregado nas costas devido ao rompimento Netflix/Marvel/Disney não sei dizer se o personagem vá ter outra oportunidade tão cedo, já que a Disney prioriza o entretenimento família e o Justiceiro está bem longe disso. Bom, melhor sorte na próxima, Frank…

Nota: 5,0 (só não dou 4,0 porque foi a nota que dei a primeira temporada de Punho de Ferro e nem o justiceiro merece se igualar aquela BOSTA)

 

PS: Pra não dizer que não falei de flores, a ultima cena da série é uma recriação de um desenho do John Romita Jr. em sua passagem pelo Justiceiro, fase que curiosamente também serviu de inspiração para o filme de 2004 ao lado da fase do Ennis e teve o título (War Zone) utilizado no filme de 2008. Essa pequena homenagem só faz com que eu me pergunte…porque diabos não utilizaram a HQ inteira como base pra série, porra?

PS 2: Em algum lugar em li “segunda temporada de O Justiceiro presta linda homenagem a Stan Lee”. Aí eu fui esperando algo legal como fizeram ao final de “Era Uma Vez Deadpool” e tudo que me entregam é um letreirinho escrito “For Stan Lee”. Quem chamou isso de “linda homenagem” precisar urgentemente rever seus conceitos de beleza…