Review Rapidinho: Polar

Mais um original Netflix.

E só por ter esta característica, o filme já me deixou preocupado, pois a Netflix pode acertar muito em suas séries originais, mas quando se trata de filmes ela erra mais que Tommy Wiseau tentando fazer sexo com umbigos alheios. Mas vamos a sinopse:

Duncan Vizla (Mads Milkkelsen , a quem costumo chamar de “Old Man Mcaulay Culkin”) é o mais temível agente de uma agência secreta de assassinos, o que lhe rendeu a alcunha de Kaiser Negro. Porém há uma regra da “empresa” que diz que todos os agente precisam se aposentar aos 50 anos e, para tanto, recebem uma enorme soma em dinheiro pelos serviços prestados, o que, no caso de Duncan, são 8 milhões de dólares. O sujeito, sem nenhum traquejo social, vive em uma cidadezinha isolada coberta de neve  chamada Triple Oak, em Montana. Começa a sentir certa atração por sua vizinha igualmente silenciosa, a jovem Camille (Vanessa Hudgens, que, estranhamente, tem rugas nas pálpebras)  e tenta criar um cachorro sem sucesso. Mas a vida de Ducan vai virar de pernas pro ar quando ele descobrir que a organização para a qual trabalhava armou um esquema onde uma cláusula de contrato dizia que se os agentes em via de se aposentar morressem, todo o dinheiro voltaria para a agência, comandada pelo sacripantas Blut. Agora Duncan irá tentar sobreviver a um grupo de assassinos espalhafatosos usando suas temíveis habilidades assassínescas e vai se meter nas mais incríveis confusões.

Confesso que a comparação da imagem acima também me passou pela cabeça enquanto via o filme…

Assim que você vê o trailer de Polar, fica impossível não comparar a John Wick. E a coisa só piora quando, no começo do filme, Duncan adota um cachorro e você pensa “Pronto…agora vão matar o cachorro e ele vai sair em busca de vingança”. Mas isso não acontece pois ele mesmo mata o cachorro por acidente e teria que se matar para se vingar, o que deixaria o filme muito curto (aliás, isso não é spoiler, já que acontece nos primeiros 15 minutos de filme, então sossega o facho). No entanto, apesar das muitas aparentes similitudes com o filme estrelado por Keanu Reeves, Polar consegue criar uma identidade própria. Mas não muito…

Baseada em uma web-comic da Dark Horse (que eu não li), o filme parece querer jogar elementos de quadrinhos na tela o tempo todo, como vilões extremamente caricatos, piadas de humor negro em profusão a la Garth Ennnis e muita cor extremamente saturada sempre que o vilões estão em tela matando pessoas na tentativa de chegar até Duncan. Tem seus momentos engraçadinhos mas acaba soando pouco original e repetitivo  já que tudo isso já foi visto em um porrilhão de outros filmes (Sin City é outro que vem a mente de imediato). A impressão que dá é que pegaram um roteiro do Tarantino e colocaram a equipe de produção de Lazy Town pra cuidar da coisa toda. Essa é a parte dos vilões, pois a do protagonista é, em contrapartida, cheia de cores frias e com um visual mais “dark”, afim de refletir a personalidade do personagem. Também não é algo novo mas serve como um alivio em muitos momentos ao carnaval que são as cenas com os vilões.

Essa cena FEDE a Tarantino.

As cenas de ação demoram pra aparecer no filme. Ele tem quase 2 horas e toda a primeira hora é mais focada na vidinha de Duncan tentando parecer minimamente humano e se relacionar com Camille ( o que rende um cena HILÁRIA numa escola com Duncan tentando falar de seu trabalho como “agente funerário” pra um grupo de crianças), na tramóia da agência e na caçada dos capangas de Blut a Duncan com muitas mortes violentas e piadotas pelo caminho. No entanto, essa lentidão não consegue te tirar do filme por conter bons momentos. A partir da segunda hora é que a ação irrompe e, apesar de termos apenas 3 ou 4 grandes cenas de ação, elas são muito bem feitas e fazem jus ao título de Black Kaiser de Duncan. O final do filme tem outra cena hilária que você, se imaginando como um capanga do vilão, vê total e absoluto sentido nela. Ah, e tem um plot twist nada surpreendente, pois você já o mata nos minutos iniciais do longa (a senhora Hellbolha mandou na lata o que era assim que a pista foi plantada no começo do filme).

E o plot twist é…JOHNNY KNOXVILLE ESTÁ NO FILME! Por uns 5 minutos, pelo menos…

Os efeitos especiais são um pequeno probleminha aqui. Eles não vão incomodar pois não são grandes, mas se você se incomoda com ferimentos e sangue digital, talvez fique um pouco incomodado, pois o que mais voa em tela é sangue em CG. Em uma cena dois personagens pegam fogo e você fica feliz por ela durar apenas 5 segundos já que o fogo parece um GIF jogado sobre a imagem.

Ah, um ponto que é bom ressaltar para os desavisados: NÃO ASSISTAM ESSE FILME EM FAMÍLIA! Existe uma cena de sexo no meio do filme que ficou desnecessariamente grande e agressivamente gráfica. Sério, ela tem quase 4 minutos e  é seguida de uma cena de ação com o Mads Milkkelsen nu que só te faz pensar que o diretor gostava muito de ver a bunda do sujeito…

Por fim, Polar é um filme que não se diferencia muito de tantos outros do gênero (sobretudo, John Wick, que já se tornou parâmetro comparativo pra todo filme com um assassino fodão) com sua linguagem pop e violência exagerada, mas que se sustenta bem, sobretudo se lembrarmos que é um original Netflix. Não é uma Coca-Cola mas, como uma boa Pepsi, mata a sede. E se você não gostar, tudo bem! Nem todo mundo gosta de Pepsi…

Nota: 7,0

PS: Eu nem tinha visto o filme e já havia uma meia dúzia de canais no YouTube com “Explicando o final de Polar” e, porra…se você não entendeu o final do filme, me perdoe…mas você é muito RETARDADO(A)! Não tem nada de mais! Nenhum grande mistério, nenhuma mensagem oculta…NADA! Não sei se fico mais indignado com quem produz esse tipo de conteúdo ou com quem assiste…