Review Ninja- G. I. Joe Origens: Snake Eyes (COM SPOILERS)

A bandeja de clichês. está servida.

Nunca fui um grande fã do desenho dos Comandos em Ação. De fato nem lembro de assisti-lo na infância. Mas sempre fui fã de qualquer coisa que envolvesse ninjas. Os filmes, por piores que fossem, fascinavam o pequeno Hellbolhinha por mostrar aquelas misteriosas figuras, quase imbatíveis e com truques quase sobrenaturais na hora de se infiltrar em lugares e matar inimigos.

Com suas discretas vestimentas os ninjas eram capazes de se tornar quase invisíveis em qualquer ambiente. Vamos jogar um pouco: Quantos ninjas você consegue ver na cena acima? Confesso que eu mal consegui ver seus movimentos…

Quando o primeiro filme dos G.I.Joe foi lançado em 2009 eu lembro de ter ODIADO o longa pelo excesso de efeitos especiais perebas, o tom “Max Steel” da coisa toda e o fato do Channing Tatum, com seus olhos próximos demais, ser o protagonista. Mas vi o filme por uma única razão: Snake Eyes. Todas as cenas do ninja eram meu pequeno bote salva-vidas naquele mar de fezes que era o filme, apesar de ele usar calças cargo e uma máscara com lábios que me perturba até hoje.

Quando o segundo filme foi lançado em 2013, eu jubilei pela morte do Channing Tatum logo na primeira cena pra entregarem o cargo de protagonistas pro The Rock, um poço de carisma que o homem dos olhos muito próximos não possui. Fiquei mais jubiloso ainda quando deram mais espaço na trama pro Snake Eyes e pelo fato de ele ter um uniforme mais bonito que no primeiro filme e uma máscara sem lábios que faziam ele parecer o Michael Myers do oriente. O filme ainda era fraquinho mas era MUUUUUUUITO melhor que o primeiro!

Aaaah…bem melhor!

Então, eis que 12 anos depois é anunciado um filme solo do ninja e eu fiquei muito feliz pelo Ray park, interprete do personagem nos dois filmes. Pra quem não está ligando o nome a pessoa, Ray Park é o dublê/ator que deu vida ao Darth Maul em A Ameaça Fantasma e no filme solo do Han Solo (muitos “solos” em uma só frase), ao Groxo em X-Men, e ao Rugal anão naquela ofensa que foi o live action de The King of Fighters. Mas Ray Park é um sujeito azarado! Anos atrás a Marvel planejava um filme do Punho de Ferro e tudo apontava pro fato de que Ray seria o protagonista. O projeto foi sendo adiado, adiado, adiado, adiado…até que acabou virando uma série NOJENTA na Netflix protagonizada por um ator que não sabe nem dar um tapa. E agora o sujeito parece ter pisado novamente em rastro de corno (expressão nordestina pra dizer que a pessoa está com um baita azar quase sobrenatural) e mais uma vez ele é substituído por um ator que acaba entregando cenas de combate espantosamente inferiores ao que Ray poderia fazer e tem dois filmes pra provar isso. E mais uma vez o resultado é desastroso….

Antes de prosseguir, uma pequena sinopse:

Um jovem vê seu pai ser assassinado diante de seus olhos e dedica sua vida a encontrar o assassino e buscar vingança. Adulto, passa a ganhar a vida lutando em arenas clandestinas até que recebe a proposta de um Yakuza para trabalhar com ele em troca da localização do assassino de seu pai. Após aceitar, acaba nutrindo uma amizade com o jovem Tommy, que acaba se revelando primo do empregador do misterioso jovem e também um traidor infiltrado. Após salvar a vida de Tommy se voltando contra seu empregador, o jovem descobre que Tommy é o herdeiro da família Arashikage, um milenar clã ninja dedicado a proteger o Japão. Agora o jovem será treinado afim de se tornar um ninja Arashikage, mas a sua busca por vingança vai levá-lo por um caminho sombrio e que colocará o clã Arashikage em perigo.

O sujeito parece uma cruza do Karl Urban com o Yudi Tamashiro.

Sim, G.I. Joe Origens: Snake Eyes é um amontoado de clichês já vistos à exaustão em tantos outros filmes de artes marciais! Porém, a coisa mais ridícula está logo nos primeiros minutos de filmes, quando descobrimos que a origem de seu nome, Snake Eyes, vem do fato do assassino de seu pai, em um momento Duas-Caras do Batman, entregar dados para o sujeito e mandar ele jogar, se ele ganhasse, ficaria vivo. Mas os dados marcam dois números 1, o que é chamado de “Olhos de Cobra” no jogo de dados, e o sujeito morre. E, por alguma razão, o maluco acaba ganhado esse apelido mórbido. Mas isso é só uma das muitas bizarrices desse roteiro clichezento.

A mais perturbadora está no fato de que, apesar de ser o protagonista e, portanto, o herói da história, tudo que Snake Eyes faz no filme é…AGIR COMO O VILÃO DA TRAMA! Tommy, que viria a se tornar Storm Shadow mais adiante, o acolhe e o trata como um irmão, mas o sujeito tá tão obcecado por vingar o pai que mais de uma vez traí a confiança de Tommy, o colocando em situações perigosas, constrangedoras dentro da família e, de brinde, no final ainda o faz ser expulso do clã dando origem ao “vilão” Storm Shadow, enquanto ele, apesar de ter traído o clã abertamente, é acolhido como um dos seus! ESSA PORRA DE ROTEIRO NÃO FAZ SENTIDO!

Em muitos momentos o filme me lembrou aquele troço que foi o filme solo da Elektra com Jeniffer Garner, com direito a treinamento ninja furreca, mestres com habilidades sobre-humanas, momentos sobrenaturais e lutas pra lá de capengas. Sério, se tem uma coisa que me animava a ver esse filme era unicamente as cenas de ação. Tendo como base os dois filmes anteriores da franquia G.I.Joe, eu esperava ver o Snake Eyes chutando bundas em cenas espetaculares! Quebrei a cara! Henry Golding, o ator malaio que interpreta Snake Eyes, tem em seu não muito extenso currículo filmes de romance em sua esmagadora maioria. E fica mais do que claro em suas cenas de luta que dar porrada não estava em seu currículo! Em pelo menos dois momentos ele dá aquelas voadoras que a gente vê em briga de torcida organizada , onde os sujeito pula reto e com a perna meio contraída e pousa todo desengonçado. UM NOJO! Não entendi porque não deram o papel pro Andrew Koji, que interpreta o Tommy/Storm Shadow que além de bom ator é artista marcial na vida real e já provou que pode chutar bundas com garbo e elegância nas duas temporadas de Warrior, série baseada nos escritos de Bruce Lee e que ele protagoniza. Ah, e ele tem TONELADAS de carisma, ao contrário do Henry Golding, que tem o carisma de um cabide!

E ainda falando em lutas, o diretor Robert Schwentke é PÈSSIMO dirigindo cenas de luta e de ação em geral! Ele até tenta fazer planos abertos em alguns momentos, mas erra feio ao posicionar a câmera ATRÁS dos atores! NUNCA SE POSICIONA CÂMERAS ATRÁS DOS ATORES EM PLANOS ABERTOS PARA CENAS DE LUTA! A PORCARIA DA CÂMERA DEVE FICAR DE LADO E SÓ DEVE IR PRA TRÁS PARA MOSTRAR MOMENTOS CHAVES E COMA CÂMERA EM MOVIMENTOS! MAS ESTECORNO DEIXA A CÂMERA ATRÁS DOS ATORES E DUBLÊS E PERDE 80% DAS COREOGRAFIAS, A GENTE SÓ VÊ GENTE GEMENDO E ESTRIBUCHANDO SEM SABER O PORQUE!

E fazer uma cena de luta num beco não ajuda em nada! Ah, notem aos 2:46 min. a tal voadora torta de que falei.

Outro problema está na cena de um ou dois personagens contra um grupo grande de inimigos. No começo do filme temos uma luta do Snake Eyes junto com o Tommy nas docas contra um grupo grande de Yakuzas armados com facas e espadas. Tommy está com as mãos amarradas nas costas e Snake Eyes apenas com uma faca. Em alguns momentos a câmera corre e se afasta da cena, novamente não deixando você ver a coreografia e, portanto, sem explicar como um cara com as mãos atadas as costas está derrotando trocentos homens armados! Em outros momentos a cena mostra Snake Eyes dando um ou dois socos e chutes em 3 ou 4 caras de uma turma de 10 ou 12 e de repente há um corte pra mostrar onde está Tommy e mais de repente ainda Snake Eyes aparece perto dele já triunfante em sua luta contra 10 ou 12 caras que o diretor achou uma boa ideia NÃO MOSTRAR!

Mais adiante temos uma cena de luta envolvendo motos e carros em alta velocidade. Está cena está no trailer e dá a entender que vai ser uma cena ESPETACULAR! Só que o fundo verde canta alto nessa cena e algumas boas ideias, como o Snake Eyes fazendo acrobacias ao redor de um caminhão cegonha, são pessimamente executadas. A cena no primeiro G.I. Joe onde o ninja silencioso está no teto de um carro consegue ser muito mais empolgante, apesar de uns momentos de CG cagado. Mas, pelo menos, era um plano aberto em uma tomada diurna.

De participação especial, pra lembrar que ainda é um filme da franquia G.I. Joe temos a Baronesa representando o lado dos Cobra, e Scarlett representando o lado dos Joe. E a Scarlett desse filme é uma coisa medonha, a começar pela peruca ruiva NOJENTA que a atriz Samara Weaving (a doidinha assassina de Guns Akimbo) usa, passando por uma luta no banheiro pra mostrar que a personagem é fodona mas falha por dois motivos. O primeiro é que quando está entrando no banheiro a atriz da uma pequena tropeçada nos próprios pés. Sei que parece bobagem, mas se um diretor está tentando passar a impressão de que um personagem é fodão, ele não vai manter uma cena no filme onde o sujeito, que deveria ser uma máquina de combate, tropeça em si mesmo enquanto anda! O segundo está no fato da luta no banheiro começar com uma coreografiazinha bem chulé e ser cortada no meio pra mostrar a personagem já vitoriosa no final. A impressão que dá é que o diretor tem alergia a cenas de luta!

Antes de fechar, deixa eu pegar DE NOVO no pé do diretor Robert Sthwentke. O recurso de usar a câmera na mão e deixar ela tremida serve pra dar crueza e realismo num ar mais documental a algumas cenas. Nos filmes de ação, esse tipo de recurso é usado em cenas de luta pra atenuar essa mesma sensação e ainda dar o senso de perigo e urgência. Pois o sujeito usa esse recurso até em momentos em que alguns personagem estão apenas andando ou falando ao telefone SEM A MENOR NECESSIDADE! Esse filme é todo errado e esse diretor também…

Por fim, G.I. Joe Origens: Snake Eyes é um filme de origem que falha ao não contar pontos importantes da mitologia do personagem, pois não há mistério sobre como é seu rosto já que o personagem só usa seu uniforme característico com sua famosa máscara nos segundos finais do longa de duas desnecessárias horas, também não mostra porque ele seria silencioso, já que o filme termina e ele continua tagarela. O filme também falha ao representar o personagem mais como um vilão que acaba se safando sem muitos motivos a seu favor. mas, principalmente, falha por não conseguir ser pelo menos um bom filme de artes marciais. Volto a reiterar: Quer uma boa história de origem do Snake Eyes? Veja a animação G.I. Joe: Resolute! Lá eles se preocupam em explicar todos os aspectos do personagem direitinho além de ser ótimo!

NOTA: 4,0

PS: Esqueci de mencionar que o personagem não mata até quase o finalzinho do filme, onde ele corta UM capanga com a espada. Até o vilão do filme, que acaba pondo as mãos em uma pedra mágica que vaporiza todo mundo mas só usa pra matar figurantes e resolve ignorar a tal pedra quando tem que lutar com os protagonistas, morre de uma maneira indireta. Que ninja é esse que não mata? E que ninja militar vai ser esse que não mata?