Review Multidimensional: Multiverso

Ou “Como fazer várias realidades alternativas e fazer o leitor não se importar com nenhuma”.

Pois é, jovos e jovas, semana passada peguei uma série de encadernados da DC emprestados com um amiguinho,o menino Anderson, entre eles me arrisquei a pegar Multiverso do Grant Morrison. Sim, aquele encadernado de 484 páginas que custa CENTO E VINTE E CINCO FODENDO REAIS (mas que o menino Anderson pagou R$74, graças a uma compra conjunta que fizemos). O próprio menino Anderson, DCneco que é, me disse “Olha, eu confesso que só gostei MESMO de umas duas ou três histórias” e, por isso, achei que deixaria para lê-lo por ultimo. No entanto, a curiosidade matou o sertanejo sofrido…e acabou sendo o primeiro encadernado que li. E, após uma breve sinopse, darei minhas impressões.

Algo parece estar forçando sua passagem entre as realidades e Nix Uotan, o Supejuiz, um descendente direto dos extintos Monitores, está disposto a descobrir que tipo de ameaça multidimensional é esta. Logo ele descobre que os responsáveis são seres denominados de A Aristocracia, e que eles planejam invadir e destruir todos os 52 universos. Nix Uotan acaba sendo subjugado e, pior, transformado em um dos Aristocratas, na verdade o mais perigoso de todos. Agora vários heróis de universos distintos,  que não tinham conhecimento dos Multiversos até então, precisarão se unir para deter a destruição de seus mundos.

Sim, a sinopse parece algo simples e…bem…apesar de toda a viagem de ácido que costumamos ver sair da cabeça careca do Morrison, a história realmente não é nenhuma Brastemp da complexidade, sejamos honestos. Não é algo que nunca tenha sido feito antes, vide Crise nas Infinitas Terras, mas não espere ver nenhum dos personagens tradicionais do universo DC dando as caras em nenhuma das 484 páginas do encadernado, apenas suas versões alternativas das demais Terras.

Mas é claro que Grant Morrison não se contentaria em fazer uma história sem suas maluquices habituais e, no meio dessa quiumba toda, temos uma tal “história em quadrinhos amaldiçoada” que está sempre sendo mencionada e até mostrada nas primeiras estorias e, claro, acaba sendo um dos capítulos do encadernado. Mas, apesar da boa ideia, eu não senti que estava vendo algo novo ou genial. Só uma ideiazinha divertida. O que, aliás, pode resumir todo o encadernado, um monte de ideiazinhas divertidas. As histórias não tem uma conexão tão direta umas com as outras e, no final, é como se eu tivesse lido um daqueles almanacões de férias da Turma da Mônica dos anos 90, que eram em formato grandão e cheio de histórias e atividades. Foi divertido (apesar de não ter tido as atividades), foi bacaninha mas nada de memorável.

A tal “HQ Amaldiçoada” tem momentos que mais lembram Dora: A Aventureira.

As coisas realmente acima da média que posso apontar nesse encadernado são a arte e…bem…a arte! Excetuando Jim Lee e seu Hitler com cara de vocalista do My Chemichal Romance, todos os desenhistas desse encadernado mandam bem demais! Com destaque especial para Frank Quitely e seu trabalho simplesmente DESLUMBRANTE em Pax Amerciana, a única estoria que me fez pagar R$16,40 em 30 páginas na época em que saiu na Universo DC. A HQ é uma aula de narrativa visual e, me arrisco a dizer, tão bem elaborada ou ATÉ MAIS que WE3: Instinto de Sobrevivência, uma das minhas HQs favoritas de todos os tempos. Sim, é um rip-off de Watchman com os personagens que o Alan Moore queria e não pode usar em sua obra, eu sei, fãs revoltosos de dente rangentes…mas, ainda assim, eu acho divertida e maravilhosamente bem desenhada para um senhor caralho!

Essa página dupla mostrando dois momentos no tempo de forma simultânea é coisa linda!

De negativo eu posso apontar, logo de cara, o valor absurdo e a completa falta de necessidade de transformar essa “mega-saga” em um encadernado de luxo. Sério, tem coisas muito melhores que mereciam estar em um encadernado, inclusive do próprio Morrison, mas Multiverso realmente não é uma delas, em minha fecal opinião! E, sim, eu sei que a saga Multiversity, se estendeu por todas as revistas do universo DC da época e explorou vários outros universo já conhecidos dos leitores, como o já famoso Batman Thomas Wayne, mas eram histórias secundárias e, infelizmente, a saga principal, a qual está nesse encadernado, acabou sendo a mais desinteressante. Uns dois encadernadinhos em capa cartonada fariam bem o serviço e o preço seria bem menos estuprativo e absurdo. Se bem que é a Panini, que está cobrando R$38,90 em capas cartonadas dos X-Men agora…então seria caro do mesmo jeito…

Enfim, caso você ainda não tenha comprado Multiverso e estivesse na dúvida até agora, fique sabendo que é só um apanhando de historietas que se conectam por um fiapo e, muitas delas, nem tem tanta importância assim pra trama principal. Portanto, não acho que seja algo que valha pagar um preço tão elevado só pra matar uma curiosidade e uma compulsão de ter porque “é DC ” ou “é do Morrison”. Já se você comprou e gostou…bacana! O que vale é se divertir! Mas não venha me dizer que é uma “HISTÓRIA GENIAL” porque isso ela está LONGE de ser!

Nota: 6,0 (Sim, Pax Americana é ótima mas, no todo, não ajuda muito na nota)