Review Mitológico- O Sangue de Zeus.

♪♫ O SANGUE DE ZEUS TEM PODÊÊÊÊ! TEM PODÊ! TEM PODÊ! O SANGUE DE ZEUS TEM PODÊÊÊÊ, FAZ O TÁRTARO ESTREMECÊÊÊÊÊ! FAZ O HADES CORRÊÊÊÊÊ!♫♪

Estreou recentemente na Netflix mais um “anime que não é anime” que é uma produção original da plataforma de streaming. O Sangue de Zeus (Blood of Zeus) é produzido por um dos estúdios responsáveis pela adaptação em versão “anime que também não é anime” dos jogo Castlevanina, também original da plataforma, o Powerhouse Animation Studios. E se eu tinha reclamado da qualidade inicial de Castlevanina, que melhorou tecnicamente do episódio 4 em diante, aqui a coisa vai ser um pouquinho diferente, porque, meus amigos e minhas amigas…jogaram isso nas mãos dos estagiários, certeza!

Mas antes de quebrar o pau em cima da série, uma pequena sinopse: Heron (que é o nome mais preguiçoso que eu já vi, já que deriva da palavra “hero” e ainda soa como “Aaron”, o que faz parecer que tem um adolescente americano correndo no meio da Grécia antiga) é um jovem que vive com sua mãe. Ambos sofrem preconceito da sociedade pois Heron é um filho bastardo e os gregos aparentemente eram bem paus no cu com isso. Certa feita, demônios aparecem em sua vila e o cabaré rola solto. Heron acaba descobrindo que consegue sair com os “satanazes” no braço e que seu pai pode ser alguém QUE NINGUÉM IMAGINA! Agora ele irá enfrentar uma horda de demônios liderados pelo cruel Seraphim (um anjo católico enfrentando um adolescente americano na Grécia antiga…que “anime que não é anime”, amigos…) que tem como objetivo reviver os Titãs e dar fim aos deuses, que são um bando de paus nos cuzes com os humanos. Eu fico do lado do Seraphim nessa…

O roteiro de Sangue de Zeus, escrito por Charley Parlapanides e Vlas Parlapanides, dois descendentes de gregos que juravam que isso ajudaria eles a fazerem um roteiro sobre mitologia grega FODA, é mais previsível que piada do pavê! Os personagens aparecem e você já sabe quem vai viver, quem vai morrer, quem é parente de quem, quem tem segredo com o que, quem vai matar quem e por aí vai. Os clichês também comem soltos e nada é novidade por aqui. No entanto, apesar de tudo isso, tem um ritmo melhor que o inicio modorrento de Castlevania e que sua segunda temporada, que virou uma novela da Globo. E eu sou putinha de mitologia grega, então eu não consegui desgostar totalmente do roteiro, mesmo sendo mais batido que minha bunda. Ah, e quando os Titãs aparecem, aí eu ignoro tudo isso COM FORÇA, porque gigantes mitológicos gregos destruindo a porra toda é o que há!


Já a animação…aí não tem como defender! Enquanto Castlevania contava com 5 estúdios, o que pode explicar a melhora de qualidade no decorrer da série, O Sangue de Zeus conta com apenas 2, o já citado Powerhouse Animation Studios e o coreano Dongwoo A&E. Mas isso não é desculpa pra justificar a animação ser tão ruim quanto ela é! A animação é dura, engessada, os personagens sofrem de erros grotescos de anatomia constantemente, as vezes os personagens diferem demais do cenário…é muita coisa errada! O mais triste é que no final de cada episódio é mostrado um pequeno making of durante os créditos com storyboards, animatics, character designs e outras paradinhas e é impressionante como até os animatics (que, pra quem não sabe, são as cenas animadas com traços ainda na fase de esboço só pra se ter uma ideia de como a cena final vai ficar) são MUITO MELHORES ANIMADOS que o produto final!

Outra coisa que chama a atenção são o charcter design. Ele é agradável, no geral, apesar da cara genérica do Heron. Mas muita coisa parece requentada de outras produções, como os demônios e até o visual de alguns deuses. E o mais triste é que quando você vê os concept art descartados no final de cada episódio, os personagens poderiam ter visuais MUITO MELHORES do que os escolhidos no final, um tanto mais simplórios. Talvez afim de diminuir a quantidade de detalhes e facilitar a animação. MAS PARECE QUE NÃO ADIANTOU, NÉ, JÁ QUE FICOU MAL ANIMADO PRA CACETE DE TODO JEITO!

Concept art descartado pro Seraphim
Design escolhido para o personagem. Não é ruim, mas tem uma carinha de “já vi isso antes…”

. Mas se tem uma coisa que é maravilhosa e eu não tenho nada do que reclamar é a MARAVILHOSA trilha sonora de Paul Edward-Francis. Épica até o talo, ao contrário da animação com cara de desenho vendido na gondola de R$7,99 das Americanas com capinha de papelão, a música traz o clima perfeito para os embates que tentam ser épicos dos episódios, com destaque para o ataque dos Titãs. E se você leu isso e pensou na abertura de Attack on Titan, você é doente…

Pra fechar, eu não entendo essa sanha da Netflix de chamar animações americanas que emular o traço dos animes de animes. Eu sei que, tecnicamente, toda animação É UM ANIME, já que a palavra “anime” serve pra designar desenhos animados em japonês. Mas, dentro da regra estabelecida mundialmente, a palavra “anime” serve pra designar as animações PRODUZIDAS NO JAPÃO! Então eu acho um tanto cretino chamar Castlevania, Seis Manos e Sangue de Zeus de anime. É como chamar um Fiat 147 de Porsche e esperar que ninguém note a diferença.

Enfim, Sangue de Zeus não é uma perola do esmero, tem vários problemas no roteiro, ainda mais problemas na qualidade da animação e só é intocável na trilha sonora (mesmo que uma das músicas toque os acordes iniciais do tema dos Thundercats, a galera mais velha vai pegar isso de imediato). Ainda assim, me divertiu por mexer com um dos meus temas favoritos.

Nota: 6,5

PS; Ah, ia esquecendo! Obviamente existem VÁRIAS referências ao filme Fúria de Titãs de 1981, como o próprio visual do Heron, muito similar ao visual do Perseu vivido pelo ator Harry Hamlin. Mas a referência mais na cara de todas é a aparição da corujinha mecânica Bubo, que aparece em toda sua glória repaginada em O sangue de Zeus.