Review Milagroso- Lendas do Univeso DC: Liga da Justiça

A ÚNICA HQ que me fez voltar a comprar algo em banca!

Anunciada em no checklist de MAIO e lançado apenas no final de SETEMBRO, como já é tradição da Panini quando se trata de atrasos absurdos, Lendas do Universo DC: Liga da Justiça traz um material que é ansiosamente aguardado pelos fãs de quadrinhos HÁ ANOS, a que é considerada uma das melhores fases da Liga (quiçá A MELHOR para muitos). A fase foi publicada na integra pela editora Abril de janeiro de 1989 a julho de 1994 na revista da Liga da Justiça, que passou a se chamar Liga da Justiça Internacional a partir da sétima edição.

A série só voltaria a ser publicada no Brasil em abril de 2003 pela editora Mythos agora em formato americano, mas durou apenas 4 edições de 52 páginas cada cobrindo os números de 1 a 7 das edições americanas.

Fonte da imagem: Guia dos Quadrinhos

Em agosto de 2018 a Eaglemoss lançou em sua coleção as edições 1 a 12 em duas parte por “Apenas R$59,99” cada.

A esperança de rever a série completa e em formato americano permanecia nos corações dos fãs mas parecia um sonho distante. Eis que a Panini anuncia, para a alegria dos já desesperançosos, a publicação na íntegra de toda a fase na sua coleção de formato mais econômico, Lendas do Universo DC. Só que a expressão “formato econômico” já não anda cabendo mais nessa coleção e em nenhuma outra  quando se trata da Panini. Sério, 30 conto em um capa cartonada né barato não, amiches! Sejamos honestos e realistas!

E foi exatamente por esse valor que achei que não compraria essa coleção, que eu aguardava ansiosamente desde seu anuncio. Pelo menos não em banca, só quando chegasse a uns 20 conto em um black friday da Amazon com frete grátis daqui uns 6 anos. Mas eis que vejo a edição em banca, passo reto pra dar atenção a outros afazeres, volto a passar na banca e percebo que só restavam duas edições. Aí percebi que essa é uma daquelas edições que esgotam rápido, aproveitei que tinha 30 contos de réis que havia guardado pra comprar uns gibizinhos de 10 contos de réis no stand do shopping (que tem sido minha banca atualmente) e peguei uma das edições. Ao voltar a passar em frente a banca, a outra edição havia sumido. E nas outros bancas ela chegou e desapareceu na mesma velocidade.

Devo dizer que apesar de carinho, eis uma edição que afirmo com toda segurança que não me arrependo de ter comprado. Primeiro, pelo supracitado esgotamento em bancas e até na Amazon, onde entrou e saiu de catálogo VOANDO, segundo porque, sim, essa fase da Liga É ÓTIMA!

Idealizada por Keith Giffen, que escreveu o argumento e chamou J.M. DeMatteis para escrever o roteiro  e Kevin Maguire pra emprestar seu talento na arte, a formação da Liga da Justiça pós-Lendas (saga que também foi publica em Lendas do Universo DC pela Panini e da qual já falei AQUI) era um título em que nem seus próprios criadores botavam muita fé. O próprio J.M. DeMatteis disse que quando escrevia os diálogos dos personagens colocava o que lhe viesse na telha e achava que grande parte daquilo não seria aprovado pelo seu editor e nem pelos leitores. Mas…FOI! E esse é o grande diferencial dessa formação da Liga da Justiça.

Batman já encontra a equipe discutindo pontos de vista de forma “acalorada”…

Sejamos honestos, caso você não conhecesse a fama dessa fase, uma capa com uma Liga da Justiça formada pelo Besouro Azul, Senhor Destino, Canário Negro, Dra. Luz, Senhor Milagre, Capitão Marvel/Shazam e um Lanterna Verde com cabelinho de cuia ao lado dos dois únicos chavões da equipe, Batman e Ajax (ou Caçador de Marte, se preferir) chamaria sua atenção na banca a ponto de pensar “Hmmm…vou levar” ? Que tipo de herege tiraria Superman, Mulher-Maravilha, Flash, o Lanterna Verde Hal Jordan e até o Aquaman da formação da Liga pra colocar um monte de buxas? E era exatamente esse tipo de pensamento que fazia DeMatteis achar que o título fracassaria de imediato. Ledo engano…

Essa equipe totalmente disfuncional, unida as tramas criadas por Giffen, aos diálogos descontraídos de DeMatteis e a arte cheia de expressões faciais hilárias de Maguire é que fazem a coisa toda funcionar ridiculamente bem! É hilário ver o Batman, todo sério, carrancudo e metendo bronca em todo mundo pra tentar colocar essa nova formação nos eixos enquanto os demais personagens ficam travando conversinhas paralelas, com piadinhas e observações quanto a chatice do Batman. É como ver uma turma de escola tentando fazer um trabalho em grupo e isso, em minha opinião, é o que torna essa Liga tão fácil de se apegar, pela familiaridade das relações e a naturalidade disso tudo em paralelo com nossa realidade. E tudo isso só é abrilhantado ainda mais graças a um personagem que se tornou o favorito de muita gente nessa época. Claro que me refiro ao Lanterna Verde mais sem explicação de todos: Guy Gardner!

“Peraí, Hellbolha…o que você quer dizer com ‘o Lanterna Verde mais sem explicação de todos’?” você pode estar se questionando agora. Simples! São precisos 3 requisitos básicos para o Anel escolher um Lanterna Verde, ele precisa ser honesto, ter capacidade de superar o medo e ter uma enorme força de vontade. E o Guy Gardner pode até ter tudo isso, mas…É UM PAU NO CU ARROMBADAÇO DO CARALHO! O sujeito é arrogante, prepotente, convencido e o tempo todo fica clamando a liderança da Liga porque, segundo ele, só ele estaria capacitado pro cargo por ser o mais sábio, corajoso, fodão e demais adjetivos totalmente oposto a qualquer coisa que lembre humildade. E sabe o que mais? Você acaba ADORANDO o personagem, pois ele acaba protagonizando alguns dos momentos mais hilários de toda a fase! E a melhor parte é ver ele se dando mal sempre que tenta tomar a frente e desobedecer o Batman, com quem, logicamente, tem uma rixa pessoal pois acha que o Morcegão pensa demais e age de menos. O primeiro número do encadernado termina com uma reviravolta hilária graças a um confronto “mais direto” entre os dois.

“AAAAAH, MEU BEM! SEGURA MEU ANEL QUE EU VOU DAR NA CARA DESSA MORCEGA VÉIA!”

Mas o argumento e o roteiro de J.M. DeMatteis e Keith Giffen não funcionam sozinhos. Eles conseguem ser ainda mais abrilhantados pelo traço único de Kevin Maguire! O sujeito é referencial quando se trata de desenhar expressões faciais, tanto é que ele é o responsável por ensinar como fazê-lo  no livro “Aprendendo a Desenhas Com os Maiores Mestre Internacionais”, o qual já foi lançado pela Panini. E não é apenas nas expressões faciais que o sujeito arrebenta. A linguagem corporal dos personagens também é sensacional! Dificilmente você vai encontrar um personagem ao fundo da cena pousando heroicamente ou parado. Eles estão sempre reagindo a tudo que acontece em primeiro plano e as vezes gesticulando de uma maneira tão natural que você praticamente consegue ouvir o que os personagens estão pensando.

Essa imagem nem está nessa primeira edição mas serve pra ilustrar perfeitamente o que quero dizer.

Quanto a edição da Panini, não há muito a se falar. É o formato padrão de Lendas do Universo DC, só que sem as cagadas de tradução e impressão que algumas dessas edições já trouxe. Aliás, a impressão está ótima e as cores estão bem vivas, algo que as vezes pode não ocorrer em se tratando do papel offset.

Então, assim que tiver a chance, pegue Lendas do Universo DC: Liga da Justiça, certamente um dos melhores títulos em banca atualmente, se não O MELHOR! Se cada edição seguir compilando 7 edições originais, teremos por volta de 8 volumes da série, isso se a Panini não publicar “Já Fomos a Liga da Justiça” e “Eu Não Acredito Que Não é a Liga da Justiça”, que eu espero que publique, o que deve dar uns 10 volumes no total. Então parabéns a Panini por me fazer voltar as bancas (coisas que não conseguiram nem com Quarto Mundo do Jack Kirby) e pagar 30 contos em um encadernado capa cartonada.  Só espero que a periodicidade seja pelo menos bimestral, já que preciso juntar moedas pra pagar esse preço filho da puta…

 

NOTA: 10