Review Gamer: Shadow Fight 3

Ou “Seja rico ou morra tentando”.

Por volta de 2014 eu comprei um tablet pra ler gibizinho. Era um tablet CCE de 10 polegadas e tava muito barato, R$400 (pra um tablet de 10 polegadas em loja, claro) e, certa feita, decidi testar jogos nele. Foi então que vi um singelo jogo de luta na Play Store chamado Shadow Fight 2. Era um joguinho de porrada 2D onde os personagens eram apenas silhuetas se porrando, mas muito bem animado. Lembro de jogar muito esse jogo até que um dia desinstalei e nunca mais voltei a ele.

Recentemente, nas lives do Superamiches, jogamos Stumble Guys, o Fall Guys pra pobres. Após ser humilhado e denegrido moralmente por crianças entre 7 e 12 anos, perdendo miseravelmente corrida após corrida e de também ficar enjoado pelo jogo só ter meia-dúzia de cenários onde eu poderia perder em toda minha falta de glória e total ausência de explendor, deixei o joguinho de lado e pensei “Hmmm…que novo jogo eu poderia jogar agora sem correr o risco de ser humilhado por crianças e sendo humilhado unicamente pela sua mecânica e pela ambição sem limites dos criadores?” . E foi então que lembrei de Shadow Fight 2. Só que aí eu descobri que tinha um Shadow Fight 3 e que agora os personagens são eram mais “shadows”! Eles eram em 3D e com visuais bem definidos. Baixei, joguei e tô aqui pra dividir meu ´ódio com vocês!

Shadow Fight 3 conta uma história pra qual eu não prestei atenção, pois pulei todos os diálogos já que só queria trocar tapas virtuais. Mas, passando o que entendi por alto, você é um recruta em um dos 3…4…5…sei lá quantos reinos que está em guerra e tudo gira em torno de uma energia chamada Energia Umbralina. Ela tem a capacidade de dar poderes especiais aos lutadores mas também pode corrompe-los. Sim, basicamente é a Força de Star Wars, só que aqui eles tem um buraco cheio disso e podem engarrafar essa merda. Você terá que lutar em intermináveis batalhas com espadas, lanças, machados e foices que são basicamente porretes já que como o jogo precisa ser “family friend” pra galera entupir o cu de dinheiro com o publico mais diverso possível então não podem haver cortes, mutilações e nem sangue. Ao fim, você deverá enfrentar o personagem principal do segundo jogo que foi tomado pela energia umbralina e se tornou o mestre sombrio…ou algo que o valha. Eu acho que é mais ou menos por aí…

O jogo usa o esquema dos RPGs, onde você vai coletando itens pra ir fortalecendo o seu personagem. E é aí que começam os problemas…

No começo do jogo você se sente invencível. Os seus adversários não são tão difíceis (a única dificuldade é que você ainda está se acostumando com os comandos) e nos duelos, que é uma opção onde você pode lutar com outros jogadores online pra ganhar moedas e itens mas que não afetam a linha principal da história, você se sente o máximo por estar derrotando os mesmos moleques entre 7 e 12 anos que te humilhavam em Stumble Guys. Aí você lembra que se fossem mesmo moleques entre 7 e 12 anos, muito provavelmente você estaria perdendo feio enquanto eles usavam um personagem maneta, perneta, caolho e com glaucoma no único olho que sobrou e que usaria nada mais que um palito de macarrão ressecado como arma…e se dá conta que muito provavelmente você está derrotando um cara de trinta e poucos anos igual a você mas que teve o azar de baixar o jogo depois e ainda não se acostumou com os comandos.

E então a dificuldade vai aumentando, você vai conseguindo novas roupas e armas…e chega o primeiro chefe! E aí você percebe que não adianta ter as melhores roupas, não adianta manusear as melhores armas e não adianta ter os mais potentes golpes especiais quando o chefe daquele capítulo pode voar, gerar um campo de força, se recuperar de um dano em segundos, ter especiais infinitos, só sofrer um dano de 2% a cada 38 porradas que você acertar apenas na cabeça, usar panela de pressão sem medo que ela exploda e ler um capitulo inteiro de um livro antes de dormir sem cair no sono. E foi então que eu fui introduzido a um termo que nunca havia ouvido antes mas que é muito comum em jogos mobile: Pay to Win!

Não, essa imagem não está corrompida! Este é Marcus, um dos primeiros chefes do jogo cujo poder é justamente estar em glitch o tempo todo. Então, quando você vai atacar, ele dá um glitch, sua espada passa por ele, ai ele contra ataca com a fúria de mil siris numa lata de querosene e te mata com um arroto e dois peidos.

Em certos momentos o jogo praticamente tentar te extorquir, como se fosse um agiota virtual! Sim, você ganha moedas pra comprar armas, sim você ganha alguns pacotes com armas e partes de armaduras e vestimentas dentro…mas NUNCA tem o que você precisa na loja pra você comprar com as sua mixaria virtual, as roupas, armas e armaduras que você ganha são todas mais fracas do que a que você está usando atualmente e quando você ganha um pacote com upgrades surpresas, 99,00% do tempo os upgrades são justamente nesses itens inúteis. Então começa a ficar difícil vencer o velho ancião das montanhas mestre em 18 tipos de artes marciais com armas, 42 tipos de artes marciais com as mãos nuas, que vence todo mundo no dominó jogado na praça de táxi no domingo e que tem poder 1.989.837 quando você é o Gerson, pedreiro de Saquarema que aprendeu a lutar assistindo filmes do Steven Seagal na fase dele já gordo e usando dublê até pra se levantar de uma cama onde estava sentado (é sério, ele fez isso) , que a única arma que sabe usar é a serrinha pra passar manteiga no pão doce (mas aquela redonda toda de metal que já tá cega e rasga o pão ao invés de cortar)e que tem poder 12/5.

Agora, se você estiver disposto a pagar R$34,90? Aí você recebe uma armadura em formato da cabeça de Padim Ciço ungida por Frei Damião, uma espada feita da cueca derretida do Jaspion, um 38 que dá 14 tiros sem precisar recarregar e uma ligação pro chefe dos milicianos que vai descer pra dar um apavoro no velho ancião das montanhas e ainda instalar gato-net com Netflix e HBO Max incluído pra tu. Ah, e tu vai ter poder de 2.984.890. Pelo menos até chegar no próximo chefe, que é uma ninja barista e que faz cerveja artesanal, é modelo, tiktoker, digital influencer, pratica yoga, faz roupas novas recortando as velhas, faz top recortando o fundo da cueca do namorado e usa uma chapinha como arma e o poder é de 6.989.346. Aí tu vai ter que desembolsar mais R$34,90…

“Vire o pika nessa porra de jogo pagando baratinho! Me pergunte como!”

O que a galera que programou esse não contava é que EU SOU POBRE! Eu lá vou gastar dinheiro com joguinho, cacete? Tenho dinheiro nem pra dizer que tenho pouco dinheiro! Eu fui conseguindo as minhas armas e trajes jogando os mini-jogos secundários e tendo muita raiva com as apelações cada vez mais cabulosas pra tentar me forçar a gastar dinheiro. E sabe o que é pior? Assim como Stumble Guys, o jogo é repetitivo! Os cenários mudam, a dificuldade muda, os poderes e armas mudam…mas, no final, tudo se resume a trocar sopapos de novo e de novo e de novo e de novo…o que realmente move você é a humilhação! Você perde e quer ganhar daquele filho da puta, virtual ou real, e pra isso precisa conseguir upgrades. Eu tô malhando o jogo mas ele me prendeu! Eu sou um idiota! Tô no chefe final (acho) e ele tem uma linha de sangue sobre a linha de sangue que só baixa depois de tantos golpes mas ele te mata só com um! Aliás, é preciso dizer que a cretinice é sem tamanho quando se trata da dificuldade dos chefes. Como eu disse, eles são bem dificeis, um deles, inclusive, carrega 3 armas, consegue ficar invulnerável por uns 10 segundos e te mata com um só golpe! Mas quando você paga ou, como foi meu caso, luta em duelos online, em mini-jogos secundários e o escambau e consegue upar seu personagem depois de ganhar calos nos dedos e de trincar a tela do celular de tanto apertar, os chefes são tomados por uma repentina demência e desaprendem tudo que sabiam, passando de máquinas assassinas implacáveis e superpoderosas pra um cara de uns 30 poucos anos que acabou de baixar o jogo e ainda tá se acostumando as mecânicas.

Esse cosplay de Liu Kang é o Xiang Tzu, o fi di quenga que carrega 3 armas e fica invulnerável por 10 segundos que eu falei.

Ah, outro ponto que eu já ia esquecendo! Como eu uso um bloqueador de anuncios no celular (chama-se “NOADS”, ele é ótimo, recomendo) os malditos e insistentes vídeos não ficam pipocando na tela pra mim a cada botão que aperto no jogo. Em compensação, dos anúncios do próprio jogo não tem como escapar. Você termina um luta e a primeira coisa que toma conta da tela é “Baixe Shadow Fight Arena” que é a versão só com combates online do jogo (que eu baixei, joguei, achei chato e voltei pro 3. QUE FOI? ACHEI CHATO SIM! NÃO TEVE NADA A VER COM SER CONSTANTEMENTE HUMILHANDO POR MOLEQUES ENTE 7 E 12 ANOS! Oras bolas…). E sempre que você termina uma luta e ganha uma recompensa e vai clicar na tela pra pegá-la, essa porra desse pop-up abre e toma a tela inteira te levando pra Play Store. É um inferno! Isso sem contar os pop-ups com “Compre agora o novo pacote de combate, só R$39,90”. Ah, e eu já ia esquecendo também dos personagens que aparecem quando você vai lutar com alguém mais forte e diz “Tem certeza de que vai lutar assim! Tem um equipamento melhor na loja! Você pode comprá-lo!” e eu só queria ter um chat nesse jogo pra mandar um “Vai tomar no meio do teu cu poligonal, filha da puta!” pro personagem! Sim, eu queria brigar com um personagem virtual pré-programado. Eu perdi o controle de minha vida…

Se eu recomendo o jogo? Até que sim! Aliás, ele é um sucesso mundo afora! Pode ter divertir enquanto você espera alguém ou está numa fila. Mas como eu sempre digo, não entendo porra nenhuma de jogos e devem ter jogos mobile melhores e menos “extorquistas”. Mas se você é um multimilionário entediado que gosta de gastar dinheiro com roupinha e arminha pra bonequinho virtual…bem vindo ao mundo de Bárbie da violência PG-13!

Nota: 7,0 (repetitivo, te segura só pelo ódio e te pede mais dinheiro que um pasto de igreja da TV)

E tenho dito!