Review Arrependido: Velvet Buzzsaw

Sempre que você ler “Um Original Netflix” saiba que é hora de dar dois passos pra trás…

Infelizmente parece que eu não aprendo isso! Sim, a Netflix tem boas séries originais, algumas realmente ótimas, aliás. Mas quando se trata de filmes, eles ficam entre o “meio-médio” e “muito-merda”, sendo essa segunda uma quase constante do canal de streaming. “Vende-Se Essa Casa”, por exemplo, é tão ruim que rendeu praticamente um episódio de emergência do TCS , pois todo mundo ficou chocado com os patamares de ruindade que aquela produção original Netflix alcançou! Parecia algo impossível, mas é como diz quele velho ditado “Sabendo que era impossível, foi lá e fez! Mal feito pra caralho, mas fez!”. E a história se repetiu com muitas outras produções como “Última Parada: Apocalipse”, “Apóstolo” e muitos outros filme de terror onde o roteiro tem rombos enormes, não sente a necessidade de dar explicações básicas afim de entregar um roteiro coerente e, em ultima instância, fazer o que um filme deveria fazer em sua essência primordial: entreter! E Velvet Buzzsaw veio pra manter essa tradição!

Antes de mais nada, uma breve sinopse: A jovem Josephina trabalha como secretária de uma grande negociante de artes, mas sonha em seguir seus próprios passos dentro deste universo de pessoas excêntricas, egocêntricas e que não pensam duas vezes antes de passar a perna nos coleguinhas pra obter as melhores obras e lucrar mais alto em exposições e vendas. É quando Josephina encontra um senhor idoso morto no prédio onde mora e chama a policia. Após levarem o corpo, Josephine lembra que o tal senhor tinha um gato e vai procurar o bichano afim de levá-lo a sua casa, mas dentro do apartamento do velho ela encontra inúmeras pinturas que parecem mexer com algo dentro dela. Após descobrir que o homem não tinha parentes e a única instrução dada ao dono do prédio caso ele morresse era que tudo que estivesse no seu apartamento fosse jogado fora, Josephine dá um jeito de pegar todas as pinturas e com a ajuda interesseira de sua chefe, a ambiciosa Rhondora Haze, ela irá descobrir o minimo sobre o misterioso pintor e transformá-lo em um dos artistas póstumos mais rentáveis da história. No entanto, coisas estranhas começam a acontecer com quem se envolve com tais obras e apenas o critico de arte, e amante de Josephine, Morf Vanderwalt, parece notar que há algo de errado com as obras. Algo sinistro e perigoso.

Antes de mais nada é preciso avisar que vou entupir o texto a seguir de SPOILERS, então se pretende ver o filme, pare aqui, veja e volta pra ver se concorda comigo ou discorda de migo. Mas, caso não ligue pra spoilers…bem…vamos lá!

O mais estranho de Velvet Buzzsaw é que o trailer te vende Jake Gyllenhaal como protagonista e o filme te entrega ele como um dos 3 protagonistas que, apesar de ser o único que percebe que existe algo de realmente errado com as pinturas, é meio que deixado de lado em muitos momentos, sobretudo quando as peças vão começando a se encaixar. Aliás, “peças começando a se encaixar” é apenas modo de falar, já que o filme te entrega um background básico do tal “pintor misterioso” mas parece esquecer de explicar alguns pontos chaves da história. Tudo que sabemos é que seu nome era  Ventril Dease e que ele vivia em um lar abusivo onde ele e a irmã mais nova apanhavam do pai e ele parecia retratar isso em suas pinturas. Mais adiante descobrimos que o sujeito matou o próprio pai, foi internado em um hospital psiquiátrico até os 18 e depois trabalhou em uma casa de veteranos até se aposentar. Com o passar da trama, descobrimos que haviam algumas mortes que poderiam estar ligadas a ele devido ao seu desequilíbrio. Descobrimos, então, que Dease utilizava seu próprio sangue nas tintas e…bem…é isso! Nada mais explica os quadros serem mortais a não ser pelo fato de as pessoas venderem sua obra! Quem as comercializa morre! Ou seja, de algum modo o sujeito se vinga do além tumulo pelo fato de não respeitarem sua última vontade, a de que suas peças fossem jogadas no lixo e no esquecimento pra sempre após sua morte.

Sim, pode haver uma critica a industria que não deixa nada autoral ser autoral em prol das cifras, isso é fato! Mas o argumento do filme pra os “quadros da morte” é raso e sem detalhes minimante lógicos que você espera de um filme de terror. Coisas do tipo ” ele fez um pacto com o demônio pra fazer sucesso ou pra pintar bem” ou, como eu imaginei por uns minutos, uma adaptação da “história real” do homem que pintava crianças chorando e se dizia haver um pacto com o demônio onde ele precisava matar essas crianças para fazer sucesso e, assim sendo,, todas as crianças do seus quadro eram pintadas depois de mortas (sério, se não conhece essa história, procure! Ela é assustadora de verdade) . Ao invés disso, é só “ele tinha muito ódio  e esse ódio e desejo assassino ficou impregnado nesses deseinho aí” e contente-se com isso! O filme parece se preocupar mais em se arrastar com looooongas conversas sobre relacionamentos competitivos, relacionamentos amorosos confusos, traições empresariais e por aí vai e se esquecer que é um filme de terror. Aliás, quando o personagem de Jake Gyllenhaal começa a perceber que há algo errado com as pinturas mas pensa que é com ele  próprio, é súbito, jogado na trama do nada! Ele estava fazendo sexo com Josephine e…BAM! Começa o papo de “Estou vendo coisas estranhas que andam me perturbando há algum tempo mas não foram pré-estabelecidas na primeira hora de filme então você vai ter que acreditar nessa linha de diálogo sacada do nada!”. E aí começam as mortes que, muito honestamento, remetiam a muitos outros filme que não o próprio onde elas aconteciam…

A primeira cena de morte envolve um quadro com macaquinhos que começam a se mexer e agarram a primeira vitima pra dentro dele e eu não conseguia parar de pensar que estava vendo uma cena de Jumanji. Outra morte que foi meio “hein?” foi da querida Toni Collete, que enfia a mão em uma bola de metal e tem seu braço triturado. A cena destoante dentro de um filme já destoante de si mesmo parecia algo saído do filme Premonição. Já a segunda morte do filme, que a do personagem com o nome mais “peculiar” de todo o longa, o jovem negociante de arte chamado Jon Dondon, dá a entender que o tal Dease se tornou uma especie de Freddy Krueger que pode alterar a realidade para matar as pessoas, só que sem aparecer necessariamente no local, apenas com seu rosto sendo levemente projetado em um projetor numa parede. Sim, as cenas de morte parecem totalmente deslocadas dentro do filme e realmente não evocaram algo maligno e sobrenatural, parecia mais um “eita…eu não sei bolar cenas de morte assustadoras” por parte do diretor e roteirista Dan Gilroy. E o que me deixa mais embasbacado com o resultado final do filme é que o sujeito é responsável por O Abutre, também com Jake Gyllenhaal e tido como um ótimo filme (eu ainda não vi, mas sempre ouço falar absurdamente bem e pretendo remediar tal fato).

GRITA “JUMANJI”, PORRA!!!

Agora, se tem algo que o filme é e o é com soberania, essa coisa é ser bonito! Como um filme que fala de arte ele se vê na obrigação de ser…bem…artístico, pelo menos visualmente. As cenas de transição e alguns ângulos de câmera colocado estrategicamente em alguns cenários com obras de arte são de encher os olhos. Pena que isso não seja o suficiente pra tirar a atenção da história arrastada e que demora horrores pra entrar no plot prinncipal.

Ah, e antes que eu esqueça, o nome do filme faz menção a uma banda punk que a personagem Rhodora Haze, vivida por Rene Russo, tinha na juventude e da qual ela carrega uma tatuagem no pescoço. O inicio do filme faz questão de dizer “Olha essa tatuagem! Todos os mistérios tem a ver com essa mulher, pois ela carrega o título do filme tatuado no corpo!” além de uma pequena tatuagem no braço que diz algo sobre precisar morrer pra arte existir  da qual não lembro exatamente agora. Ao final do filme você pensa “PORRA! É ISSO! Ela é a tal da irmã mais nova do Dease! E isso vai ser explicado agora nessa cena final onde só tem ela!”, mas o filme acaba com ela sendo morta pela tatuagem (sim, soa bizarro, mas acontece) e nada é explicado. E o filme fecha com John Malkovich rabiscando a praia enquanto as letrinhas sobrem e você fica pensando “ah, é…ele tava no filme…”.

Por fim, Velvet Buzzsaw é  mais um original Netflix que me causou imensa frustração! Se eu desindico ver? Não, vá ver, tente encontrar significados ocultos que eu não vi ou que só pessoas com faixa preta terceiro dan em ocultismo e arte possam captar. Eu, particularmente, só vi um filme arrastado, preguiçoso e que mata o protagonista de uma maneira tão sem graça que eu  só conseguia pensar “Oi? Não, pera…sério? Ele morreu sendo ENCOXADO POR UM ROBÔ? Tá bom…quanto tempo ainda falta pra acabar, hein!?” e ficar feliz pelo filme acabar poucos minutos depois e triste por ter perdido mais duas horas de minha vida com um filme ruim. Mas a arte é subjetiva! Onde eu posso ter visto lixo, você pode ver luxo! Então arrisque-se, pois minha nota é:

NOTA: 3,0

PS: Diz a lenda que o diretor disse que quem der o play nesse filme na Netflix está amaldiçoado e morrerá….de tédio!