Quadrinhos Baratos que li Recentemente: Parte 32

X-Men Anual 1- A Era do Apocalipse

A sessão que ninguém pediu está de volta pra alegria de ninguém! YAY! Mas isso tem dois motivos. O primeiro é que as palavras “Quadrinhos” e “Baratos” já não coexistem e com as presepadas da Panini de lançar formatinho a R$50,00 usando todo tipo de desculpa imbecil só pra os lombadeiros reproduzirem na hora de defenderem o seu direito de pagar caro por algo só pra se sentirem bem, essa coexistência se torna cada dia mais distante. A segunda é que justamente por essa questão de preços absurdos eu não compro quadrinhos há muito tempo e ando numa fase de ler bons livros. Atualmente ando lendo O Nome da Rosa, mas como o livro é GIGANTE e o Umberto Eco é PROLIXO PRA PORRA em muitos momentos, resolvi dar um tempinho lendo quadrinhos que por milagre achei baratinho.

X-Men Anual 1- Era do Apocalipse foi lançado pela Panini em 2006 e compila a minissérie em 6 partes lançadas nos EUA em 2005 pra comemorar os 10 anos da série original além de também conter one shots curtinhas mostrando histórias dos personagens antes, durante e depois da Era do Apocalipse original. Agora, porque eu comprei algo tão aleatório? Dois motivos (estou cheio de números hoje…). O primeiro é que apesar de não ser fã da Era do Apocalipse original em sua totalidade, afinal uma megassaga que se arrasta por TODOS os títulos mutantes com vários autores diferentes tende a oscilar na qualidade, haviam conceitos que eu gostava muito. Cheguei a ter os encadernados da Panini mas terminei de ler penando. Me desfiz deles mas encontrei os formatinhos do título do Wolverine dessa saga que mantenho até hoje por ser o único título que realmente me divertia sem ressalvas. E o Wolverine é um dos protagonistas dessa edição! O segundo chama-se Chris Bachalo. Peguei gosto pelo desenho do sujeito nos anos 90. Porém, dos anos 2000 em diante ele começou a “inventar demais” e desse problema eu falarei mais adiante. Ah, e, claro, teve a razão do preço! A única comic shop da cidade tem uma gondola só pra encalhes com 50% de desconto. E com os preços dos gibis hoje em dia, o destino de muitos será essa prateleira dentro em breve. E não falo isso com satisfação nem sarcasmo algum, mas com um pouco de tristeza, confesso.

Olha esse Magneto, que coisa HORRENDA! Pelo amor de Deus, Brian Hitch…

Pra deixar esse post mais organizado vou dividi-lo por tópicos. Começando, claro, com …

A SINOPSE

A Era do Apocalipse original termina com bombas nucleares caindo por toda a terra dando a entender que aquela realidade deixou de existir. A história aqui começa exatamente nesse momento mostrando que as bombas pararam no ar e foram desativadas. Magneto acaba levando o credito pelo feito mas ao invés de confessar que não teve nada a ver com a salvação do mundo, aproveita a oportunidade pra tentar estreitar os laços entre humanos e mutantes. Agora ele passa a ocupar uma cadeira no governo onde fica responsável por caçar mutantes que servia a Apocalipse ao mesmo tempo que cuida da população mutante em geral.

Enquanto isso, Logan, que perdeu sua amada Jean Grey nos acontecimentos da saga original, é procurado por uma jovem que parece ter os mesmos poderes que ela. Kiriko é seu nome e ela vem em nome de Magneto revelando a Logan que o Mestre do Magnetismo acredita que o Sr. Sinistro, um dos asseclas de Apocalipse dado como morto e um dos responsáveis pela morte de Jean, está vivo e acha que pode encontrá-lo. Uma aliança é formada mas a caçada ao Sr. Sinistro vai desenterrar segredos pra o qual nem todos estão preparados.

A TRAMA

A história não é nenhuma Brastemp, óbvio! Mexer em uma saga que, apesar dos seus altos e baixos, ficou consagrada no fandom mutante, é uma tarefa complicada pra qualquer um. C.B. Cebulski (que, por motivos de “foda-se” assina como Akira Yoshida) foi o responsável por essa árdua tarefa aqui e o sujeito até consegue contar uma história divertidinha mas acaba caindo na velha armadilha de não trazer praticamente nada de novo e, pior, mexer em fatos que foram essenciais pra histórias de alguns personagens na saga original. Então, sim, preparem-se pra gente que morreu voltado AOS MONTES! Eu acho isso tão idiota, afinal a beleza de um universo alternativo é ter a liberdade de mexer no destino de personagens que na linha principal seriam intocáveis, ou seja, você pode matar esses personagens a rodo sem pena nem culpa, afinal é outro universo e tem começo meio e fim! Pode deixá-los mortos! O cara poderia ter pego muita coisa que ficou de fora da saga original e trazer coisas novas ou mesmo explorar coisas pouco exploradas lá, mas…não! Vamos ressuscitar gente e bater nas mesmas teclas de novo e de novo!

Mesmo que isso fosse relevado, C.B. Cebulski cai em outro problema que é jogar TODA a resolução de conflitos de uma história cheia de personagens pra ULTIMA PARTE! Então, na parte 6 temos revelações e mortes acontecendo tão rapidamente que você nem fica surpreso e nem chocado. Fulano morreu? Ih, nem notei! E, honestamente, nem fez diferença, já que fulano não foi personagem essencial em NENHUM MOMENTO DA TRAMA! A cereja do bolo da bagunça é um personagem que morre literalmente COM UM ÚNICO SOCO enquanto outros sobrevivem a serem empalados ou fatiados! Que bela lógica…

O cabaré nas páginas nas horas das porradas e tamanho e que até os personagens se confundem e acabam acertando os amiguinhos,

A Arte

Quando surgiu desenhado a minissérie da Morte no universo do Sandman nos anos 90, Chris Bachalo chamou a atenção de muita gente. Seu desenho limpo e arredondado era algo diferente tanto no meio dos quadrinhos de super-heróis onde todo mundo desenhava igual ao Jim Lee agora, quanto aos traços que as próprias revistas da Vertigo traziam. Depois foi pra Geração X onde ficou mais conhecido. Eu o conheci no título Fabulosos X-Men, aquela revista em formato americano da Abril que era mais cara. O estilo continuava praticamente o mesmo mas ele já usava mais hachuras pra se adequar mais ao estilo “Jim Leenesco” exigido pela Marvel da época. Eu adorei aquele traço “mezo cartoon, mezo mangá”.

Mas os anos foram passando e no inicio dos anos 2000 o menino Bachalo começou a tentar coisas novas. Foi deixando seu traço mais carregado, engrossando mais as linhas, apostando mais no uso excessivo do preto e, pra completar, resolveu colocar o que chamo de “pedrinhas flutuantes” em suas páginas afim de…sei lá,,,causar impacto ou dar dinamismo…eu realmente não sei! Fato é que o traço limpo dos tempos da Morte deram lugar a uma confusão visual que o olho não sabe pra onde olhar e as vezes toma cansado!

O desenho do Bachalo ficou ruim? Não! Mas esses excessos são UM SACO e completamente desnecessários! Pra quem lê mangá, o que ele fez nessa época é a mesma coisa que o Megumu Okada, autor de Cavaleiros do Zodíaco: Episódio G e Assassins segue fazendo, que é entupir as páginas de cores e detalhes e coisas flutuando que você acaba entendendo porra nenhum!

Outro problema é que em algumas cenas de ação o Bachalo mostra algumas ações em detalhes em quadros pequenos, mas você acaba ficando sem entender lhufas! E esse problema acaba se intensificando mais ainda por conta de outro elemento…

A EDIÇÃO DA PANINI

A edição da Panini tem a peculiaridade de ter a capa cartonada mas que não é um papel cartão! A capa parece um tipo de plástico, um tipo de napa com uma textura rugosa que a editora só havia usado na época em uma edição que já foi tema dessa série de posts que foi a primeira edição de Os Defensores do trio J.M.DeMatteis, Kevin Maguire e do saudoso Keith Giffen. Ou seja, era a capa “de luxo” de uma Panini que ainda nem sonhava em empurra a faca no leitor a ponto de entrar até o cabo! E porque eles usaram nessa edição? Porque era a volta a saga A Era do Apocalipse, um momento todo especial! Credo…

O papel, assim como a edição dos Defensores, é o mesmo papel vagabundo utilizado nos formatinhos da Abril e cujo nome não lembro nunca. Esse papel barateava os custos e acho que hoje em dia poderia ser uma boa opção pra lançar coisas mais em conta. E antes que os fiscais de papel de gibi venham falar que tá caro, que é inviável e coisas do tipo, prestem atenção na palavra “ACHO” que escrevi na frase anterior! Enfim, a questão é que esse papel tem um baita problema: TUDO impresso nele acaba ficando mais escuro! Então, caso você não leia num local bem iluminado, a visibilidade fica MUITO prejudicada. Só que com os supracitados hábitos do Bachalo de deixar tudo escuro e poluído, ler qualquer coisa com a arte dele nesse papel fica quase inviável! Em muitos momentos em me senti transportado de volta a 2003 quando fui a um velho cinema assistir o Demolidor do Ben Affleck e em toda cena noturna eu não via merda nenhuma e só ouvia os gemidos e gritos das cenas de luta. Ou seja, eu não vi 70% do filme!

Ainda dá pra ver um pouco porque o lugar tava bem iluminado.

Em muitos momentos em simplesmente parava de tentar entender o que estava acontecendo nas páginas e só seguia adiante pro bem de minha saúde mental. Fui dar uma olhada em algumas páginas online e na tela do computador elas ficam muito mais nitidas, claro! Mas a poluição visual do Bachalo dessa época continua lá, não importa a qualidade da tela ou do papel.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de toda a pompa com que foi lançado, com sua capa dupla e “material especial” desenhada pelo Brian Hitch e apesar de voltar a um universo alternativo tão querido pelos fãs, X-Men Anual 1- A Era do Apocalipse é só mais um gibizinho pra se ler no banheiro ou no ponto de ônibus. Não tem nada de espetacular. Até diverte em alguns momentos mas o roteiristas C.B. Cebulski não consegue tirar nada de novo ou de realmente bom daí. Foi uma perda de tempo total? Não! Já li coisas bem piores! Mas pra algo que deveria ser comemorativo, ficou com cara de festa da firma onde quem organizou não sabe dar festas.

Nota: 5,0

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