QUADRINHOS (BARATOS) QUE LI RECENTEMENTE: PARTE 23

Inumanos. Ou, no original, Inubrothers.

Aparentemente os Inumanos nunca gozaram de grande fama na Marvel em seus primórdios. Aparecendo pela primeira vez nas páginas do Quarteto Fantástico, mais especificamente na edição 45 ( que está presente em Quarteto Fantástico: A Vinda de Galáctus da Salvat que já resenhei AQUI), o grupo demorou a ter título próprio na Casa das Ideias, sempre dividindo títulos com personagens como Thor ou Viúva Negra. Apenas na edição 9 de Amazing Adventures que eles conseguiram seu “pedacinho de chão” após finalmente se livrarem da Viúva Negra e reinarem absolutos no título…que estava sendo execrado pelos fãs apesar de ter tido Neal Adams nos desenhos.

Mas o título era realmente ruim? Bem…a ideia dos Inumanos é bem bacana! Uma raça modificada geneticamente por alienígenas que vive escondida na Terra desde a pré-história. E as primeiras histórias publicadas em apenas 5 páginas na revista do Thor MUUUITO depois da aparição no título do Quarteto, são muito boas! Elas são rápidas, simples e diretas e lembram muito o tom de Thor: Contos de Asgard ( que também está na coleção da Salvat e que já resenhei AQUI), ou seja, jogam os personagens em aventuras de maneira rápida e sem dar tempo pro Stan Lee enrolar em seus roteiros excessivamente verborrágicos. As histórias não chegam a ter o tom épico de Contos de Asgard, mas são muito divertidas, mostrando as origens dos Inumanos, a relação de Raio Negro e seu irmão pau no cu, Máximus, e a primeira tentativa de interação de Triton com os humanos que acaba em um desastre completo. Tudo isso belissimamente ilsutrado por Jack Kiry com a arte final acertadíssimo de Joe Sinnott.

Aparentemente todo mundo tinha que mergulhar em direção ao leitor nas primeiras páginas dessa revista…

E aí o Inumanos migram pra Amazing Adventures junto com a Viúva Negra…e aí a coisa começa a desandar um pouco…

Agora usufruindo de 10 páginas e com Jack Kirby assinando também o roteiro, a história começa até bem mas tem umas forçadas no roteiro que claramente Jack acabou adquirindo do Stan Lee. O primeiro arco envolve um plano de Máximus, agora exilado, atacando Attilan, lar do Inumanos, e incriminando o Quarteto Fantástico. A história tem momentos bobos e sofre do velho problema de “uma conversa resolveria tudo” além do “A gente já sabia mas destruiu a porra toda e distribuiu porrada a rodo pro vilão achar que não” mas, no geral, é divertida. O próximo arco me incomodou um pouco ao colocar o Mandarim como vilão. Não sei porque, mas o Mandarim não me pareceu casar muito bem com o universo dos Inumanos, além de ter um momento pra lá de idiota quando ele tenta…AFOGAR O TRITON! Sim, isso acontece…

Os dois arcos não são horrorosos, mas são bobinhos e o Kirby escrevia tal qual o Stan Lee (apesar de eu ainda achar que ele escreveu apenas os plots e o Stan Lee quem enfiou os diálogos de todo jeito). O maior problema aqui está na arte. E não, o Kirby não ficou ruim, a culpa é do novo arte-finalista, Chic Stone, que aparentemente não entedia muito bem a arte de Kirby e simplesmente metia umas linhas pretas retas demais e depois tentava arredondar demais e…era uma bagunça! Eu sei que os desenhos do Kirby não eram anatomicamente corretos, e isso é o charme de sua arte, mas Chic Stone deformava tudo de um jeito bem negativo.

Aqui um exemplo das diferenças entre Joe Sinnott e Chic Stone pra vocês entenderem do que estou falando. Essa é uma roupa com vincos de dobras finalizada por Joe Sinnott.
E essa é uma roupa com vincos de dobras finalizada por Chic Stone, apenas linhas aleatórias sem padrão definido. Percebam também que o nanquim do estone é mais pesado e errático no geral.

É então que na edição 5 de Amazing Adventures entra a dupla Roy Thomas e Neal Adams. A história deixa um pouco de lado o tom mais fantástico de mundos estranhos e vilões com poderes misticos e se foca numa aventura mais urbana, com Raio Negro indo ao mundo dos homens mas tendo a memória apagada por Máximus que tirou um novo poder telepático do cu. Tirando essa porcaria, a história até que vai razoavelmente bem, apesar do Roy Thomas abordar o racismo de uma maneira tosca, transformando a vitima de racismo NO VILÃO! Além disso, na edição 6 de Amazing Adventures, Neal Adams ganha seu próprio Chic Stone na forma do arte-finalista John Verpoorten, o qual rabisca DEMAIS o traço de Adams e isso acaba incomodando DEMAIS em muitos momentos (sim, esse é o post do incomodo).

Mas é na edição 9 de Amazing Adventures que a coisa desanda de vez! Sai Roy Thomas e Neal Adams (que admite que sua passagem no título não foi muito bem recebida pelos leitores, apesar de ter adorado desenhá-lo) e entram Gerry Conway nos roteiros e Mike Sekowsky nos desenhos com a arte final de Bill Everett (sim, o criador do Namor). E, velho…aqui TUDO é ruim!

A história mostra Medusa, Karnak e Gorgon ainda em busca do desmemoriado Raio Negro, perdido na cidade. Descobrimos, então, que ele havia sido sequestrado pela PIOR ENCARNAÇÃO DE MAGNETO NOS QUADRINHOS USANDO UM DOS UNIFORMES MAIS HORROROSOS QUE O VILÃO MUTANTE JÁ TRAJOU! Sério,a representação do Magneto nessa história tá NOJENTA, com o mestre do magnetismo sendo representado como um vilão de desenho da Hanna-Barbera com um secto de criaturas de visual caricato como seus minions e com o plano maligno de causar mutações em…mutantes! As caras e bocas do personagem aqui são vergonhosas…

Além da história HORRENDA, ainda somos agredidos pelos desenhos toscos de Mike Sekowsky. Eles não tem estilo, eles não tem impacto, eles não tem dinamismo, eles são só…feios! Sério, tem duas cenas que deveriam ser extremamente impactantes mas só conseguem ser medonhas mesmo! E nem dá pra culpar a arte final de Bill Everett, já que os problemas são nas composições de cenas e nas poses duras dos personagens. Misericórdia…

Por fim, eis um título que eu esperava muito, pois tinha gostado muito dos Inumanos no Quarteto Fantástico, mas me decepcionou um pouco. Se valeu a pena pagar os 20 conto nela? Olha, eu diria que não me arrependo, pois ainda adoro as primeiras historinhas de 5 páginas como já disse, mas não sei se recomendaria pra alguém caso me pedisse a opinião. Aí eu mandaria ir atrás das edições do Quarteto onde o grupo aparece. Os personagens são bons mas parecem não ter muita sorte, intercalando coisas boas com coisas MUITO ruins. Como a fase escrita pelo Paul Jenkins e desenhada pelo Jae Lee no campo das boas, e aquele LIXO de série pra TV que graças a Odin durou apenas uma temporada e rendeu o primeiro Tortura Cinematográfica Show solo com o Vinnie chorando as pitangas pro Evandro (e que você pode ouvir clicando AQUI) no campo das ruins.

Nota: 5,0