Quadrinhos (baratos) que li recentemente: Parte 2

Chris Claremont não sendo prolixo? Tem algo MUITO errado por aqui…

Continuando a série de posts de leituras baixa renda, cujo a primeira parte você pode ler AQUI , falarei de um título que sempre tive uma baita curiosidade de ler mas tinha minhas ressalvas graças a, acreditem se quiser…Alan Moore! Estou falando de Excalibur, da dupla Chris Claremont e Alan Davis.

Acontece que, ao lado do desenhista Alan Davis, Moore escreveu e desenhou a série do Capitão Britânia que muita gente rasga uma seda mas sempre tem aquele discurso “Não é uma leitura pra todo mundo” que sempre me faz dizer um “não, obrigado” pois soa como um “Olha, é bem ruizinho, você tem que se forçar bastante pra gostar” e em grande parte das vezes assim o é. No caso de Capitão Britânia, fui dar uma olhada e é uma baita de uma viagem de ácido do Moore que parece mais uma versão Marvel de Alice no País das Maravilhas. Não me interessei e ao ler a sinopse do título que é tema desse post, apesar do escritor ser o Chris Claremont, eu já esperava algo tão porra-louca quanto, já que falava de “lobisomens guerreiros” que mais parecem “cachorros-águias de metal liquido”. Sim, essa porra não faz nenhum sentido e esse era meu medo, além do fato de ser escrito pelo Claremont, que é MUITO MENOS maluco que o Moore mas é extremamente redundante em seu texto. Mas aí vi ele lá no stand do shopping…10 realzinho…desenhos do Alan Davis, que eu acho sensacional… pensei “porque comprá-lo? Porque não comprá-lo? Por que comprá-lo?”…compreio-o-o! E, devo dizer…fui surpreendido!

Excalibur se passa logo após os eventos mostrados em A Queda dos Mutantes, onde os X-Men acabam sendo dado como mortos (mas não estavam, apenas agiam na surdina agora) e tal noticia atinge Noturno e Kitty Pryde como um soco no estomago, afinal ambos foram X-Men e a morte da equipe não significava apenas a morte de amigos queridos, mas a morte do sonho de Xavier (de vestir um bando de adolescentes com  colante e colocá-los para enfrentar adultos super-poderosos baseado em treinamentos em uma sala que os atacava com serras e outras coisas que os vilões quase nunca usavam). Decididos a não deixar esse sonho morrer e a não deixar o mundo nas mãos dos malfeitores que atacariam contando com a impunidade já que os X-Men estavam mortos (e ninguém teria o que é necessário para esmagar suas ratas), Kurt e Kitty se unem ao Capitão Britânia, Megan e Rachel Summers afim de tomar o lugar dos X-Men sob a alcunha de Excalibur. O único detalhe é que a equipe vive na Inglaterra, então todos os inimigos dos X-Men que vivem nos EUA estavam de boas…

Olha, como eu já disse, Excalibur me surpreendeu, e MUITO positivamente! As histórias tem uma pequena pitada de maluquice mas em doses homeopáticas mas que acabam colaborando mais pro humor, que é bem presente no título, do que maluquice psicodélica que Alan Moore jogou em Capitão Britânia. As relações entre os personagens são convincentes, envolventes e até lógicas, como no caso de decidirem onde seria a base da nova equipe e Megan, namorada do Capitão Britânia, oferece o farol onde o casal mora como quartel general, coisa que não agrada muito o Capitão e nem a alguns dos novos moradores, como no caso de Kitty Pryde.

Outro fator bacana e extremamente surpreendente está no fato do Claremont…NÃO SER REDUNDANTE! Quer dizer, ocorre uma vez ou outra, afinal, velhos vícios não se perdem facilmente, mas o sujeito que fazia a experiência de ler 25 páginas dos X-Men dos anos 70 virar uma experiência que beirava o tédio de  tanto texto dispensável , agora é o sujeito que deixa a narrativa fluir com poucos textos expositivos e que deixa a arte de Alan Davis transmitir todo o resto da mensagem. Isso tornou a leitura deliciosamente fluida e a experiência foi mais agradável do que eu esperava.

Olha a quantidade de texto em uma FODENDO PÁGINA DUPLA! Sério, eu senti uma vontade conseguir o contato do Claremont só pra perguntar “Vocês estava bem nessa época?”.

Quanto a arte do Alan Davis…véio…não é a toa que Bryan Hitch quer ser o homem quando crescer! A arte do Davis é coisa linda e o sujeito é um dos poucos desenhistas dos anos 80 cujo traço não mudou praticamente nada hoje em dia! Falo isso porque ele desenhou uma história em um encadernado baseado na série Agentes da SHIELD (que também comprei por R$10,00 no mesmo stand) e os desenhos do cara continuam coisa linda de se ver.

A arte do Davis é LINDA! Eu olho pra essa página e veto lágrimas masculinas…

Apenas a edição número 1 apareceu nesse stand e acho que dificilmente as demais irão aparecer (espero que apareçam) mas, em todo caso, essa edição é fechadinha e dá pra ler de boa em separado! Então, caso você encontre pode pegar sem medo!

Nota: 9,0