QUADRINHOS (BARATOS) QUE LI RECENTEMENTE: PARTE 16.

Sáporra vai chegar a parte MIL, já que não existe mais qudrinho barato em banca e eu só vou procurar velharia mais barata que uma mensal em inútil capa cartonada Panini!

Recentemente apareceu em uma banquinha da feira daqui da cidade um porrilhão de HQs e mangás, alguns títulos antigos outros nem tanto (tinha o número 1 de Doomsday Clock da Panini e as edições do Conan pela Marvel, também da Panini) tudo saindo por 3 conto. Comprei um porrilhão de coisas lá nessas ultimas semanas, algumas que eu sempre quis ter e outras pela simples curiosidade que sempre tiver de ler e ver porque ficou tão famosa. Eis o caso da “lendária” mini-série dos X-Men em 3 partes publicada pela editora Abril em formato americano ( caso você tenha menos de 25 anos, saiba que formato americano eram as edições de luxo dos anos 90) e que trazia o fenomeno Jim Lee nos desenhos ao lado do consagrado Chris Claremont em sua ultima história (na época) em um título mutante.

Confesso que apesar do ranço que os imitadores causaram (e era TODO MUNDO imitador, seja por gosto ou por imposição da editora), eu gosto da arte do Jim Lee! Quer dizer, o sujeito criou um estilo que virou referencial, então é preciso respeitar isso! Virou um referencial pra uma época de quadrinhos HORROROSOS com roteiros HEDIONDOS e uma continuidade CAGADÍSSIMA quando mais de um desenhista precisava desenhar um título? Sim! Mas, ainda assim, um referencial! Não acho que seu traço case com histórias mais sérias ou mais cabeça, não o vejo desenhado Watchmen ou V de Vingança, por exemplo, mas é um traço perfeito pra um massavéio descerebrado estilo filme de brucutu dos anos 80. E era exatamente isso que os X-Men que ele desenhou eram! Então comprei, fui ler e…velho…que troço CHATO!

Ante de mais nada, uma pequena sinopse: Após altas aventuras e tretas na Terra, onde afundou um navio russo cheio de ogivas nucleares e matou toda a tripulação, virou mentor do X-Men quando Xavier sumiu (ou morreu como o fez mais de 200 mil vezes no título, não tenho certeza agora), vestiu uniformes NOJENTOS (sério, os uniformes do Magneto nos anos 80 eram de se perguntar como a Marvel aprovou aqueles designs bosta. O nome “Jim Shooter” talvez fosse a resposta), foi transformado em bebê, cresceu de novo e ficou mais jovem (afinal, até nos anos 80 onde ninguém dava a minima pra lógica, alguém notou que um velhinho judeu não poderia ter o fisico do Schwarzenegger pra sempre), resolveu que não queria mais guerra com ninguém e foi viver num asteroide que carinhosamente chamou de “M”, o qual orbitava a Terra.

Magneto “pacificamente” destruindo a nave dos invasores e deixando-os, pacificamente, vagarem no vácuo espacial até a morte.

Certo dia, um grupo de mutantes em uma nave, seguidos por agentes da SHIELD, chegam ao asteroide e dizem que querem se juntar a causa de Magneto. O agora ex-vilão diz que não tem mais causa, que só quer viver no seu meteoro e das coisas que o espaço sideral dá. Os agentes da SHIELD atiram em uma das mutantes e Magneto revida. Ele decide, então, voltar a Terra e pegar as ogivas do tal submarino russo que afundou, mas não para atacar a humanidade e, sim, para colocar ao redor de seu asteroide e intimidar quem quer que pensasse em chegar perto. Ou seja, o sujeito só queria sossego. Só que é o Magneto, né, gente? Obviamente que os governos da Terra não viram aquilo como o ato de alguém pacifico e resolvem atacar o sujeito. A coisa só piora pro lado do mestre do magnetismo quando seus novos seguidores, chamados Acólitos, resolvem atacar Genosha (que na época não era uma ilha mutante e sim um lugar cheio de gente que ODIAVA mutantes) pelas costas de seu líder. Obviamente a coisa só piora pro lado do idoso bombado e agora ele vai precisar enfrentar o a SHIELD, a Russia e os X-Men no pacote.

Como eu disse, a história é CHATA PRA PORRA! Mas isso, nem de longe, é culpa do Jim Lee, que faz bem seu trabalho apesar de uma desconversada entre desenho e roteiro aqui e ali (outra coisa que era comum nos anos 90). Se a HQ é chata, a culpa é de um homem só: Chris Claremont!

Se essa foto fosse um painél de um de seus quadrinhos, estaria com tantos diálogos que mal daria pra ver seu rosto.

Quem acompanha X-Men há anos e já leu algum ponto da fase do sujeito a frente dos X-Men (que fois do final dos anos 70 ao começo dos anos 90), sabe que se tem uma coisa que ele adora ser é verborrágico e redundante! Sues personagens sempre estão descrevendo em voz alta o que estão fazendo e que já está claro nos desenhos, ou repetem coisas que já foram ditas na “narração” da história. Isso era bem comum até inicio dos anos 80, mas depois perdeu o uso e as narrativas ficaram mais arrojadas. Só que Claremont não perdeu esse vicio e nessa mini- série ficou extremamente imbecil e quando você abre uma página com 70 balões de diálogos ENTUPIDOS de palavrinhas, você já fica com preguiça, porque sabe que 80% de todo aquele texto vai ser algo que já foi dito antes, ou algo que não precisava ser dito ou algo extremamente idiota!

A trama em si já não faz muito sentido, já que Magneto deixa claro que não quer treta com ninguém, a galera insiste em tacar pedra nele e, de repente, tomado por um súbito senso de contradição, ele sai distribuindo porrada e ameaças dizendo “Apesar de estar atacando vocês eu não quero brigar, tá ok!?”. Em meio a isso tudo, tem um plot envolvendo Moira McTargget que diz ser a responsável por toda a treta que está acontecendo. Basicamente é a seguinte: Quando foi transformado em bebê, Magneto foi deixado aos cuidados de Moira e Xavier. Eis que a Dra. McTargget achou que seria uma boa ideia mexer no DNA de Magneto pra deixar ele “bonzinho”. Megneto descobre, fica puto, faz ela usar esse mesmo processo nos X-Men pra eles ficarem maus mas, no final, é revelado que o processso era inútil, pois toda vez que um mutante usava seu poder, o processo era revertido. Ou seja, duraria só uns 15 minutos caso o mutante que passasse pelo processo, usasse seu poder mais de uma vez. Um plot imbecil, inútil pra porra e que não tem pé nem cabeça. Dizem que Claremont estava bolado com a fama de Jim Lee e com sua falta de liberdade na época, talvez fosse verdade e ele escreveu isso de muita má vontade. Ou talvez estivesse só sem boas ideias mesmo.

Sobre a arte, bem, como já foi dito, era o Jim Lee, superastro da época. E o cara faz um bom trabalho dentro do que se espera dele. Ele era diferente porque saiu do estilo que vigorava naquele momento, onde os heróis tinham um fisico mais dentro do “padrão real”, ninguém era uma pilha de músculos gigante e exagerada. Jim Lee extrapolou isso e trouxe heróis ultra-musculosos e mulheres ultra sensuais…só que todo mundo com a mesma cara e o mesmo corpo! O engraçado é que sempre que Bobby Drake aparece em cena em sua “forma humana”, todo mundo precisa chamá-lo de Homem de Gelo ou o leitor não iria saber quem é de tão genérico que eram os rostos que o Jim Lee fazia (correção: FAZ ATÉ HOJE).

Mas, sim, o sujeito tinha estilo e sabia fazer uma cenas de impacto visual bacanas. A única coisa que lamento é que havia outro desenhsita que estava no título dos X-Men antes do Jim Lee chegar e continuou desenhando o título de forma intercalada com o chinês de Tokyo. O nome do sujeito era Mark Silvestre, que, pra mim, tem uma arte MUITO MELHOR que a do Jim Lee e até hoje não entendo como o sujeito não é tão celebrado quanto seu colega. O sujeito teve um run memorável junto ao roteirista Larry Hamma no título do Wolverine que saiu na Coleção História Marvel da Panini e na Edição Histórica Wolverine da Mythos, e eu falei dessa segunda AQUI. Deem uma olhada e vejam que não minto!

Arte de Silvestri para a saga Inferno, publicada recentemente pela Panini.

Depois dessa essa mini-série, que na verdade eram as 3 primeiras edições da nova revista dos X-Men nos EUA, Jim Lee seguiu até a edição 11, sendo também roteirista de alguns números, saindo em seguida pra fundar a Image e fazer seus próprios X-Men lá e chamá-los de Wildctats. Foi, então, substituido por artistas como Andy Kubert e Art Thibet, todo mundo condenado a emular o traço de Jim Lee (inclusive o pobre Mark Silvestre no título do Wolverine). Como é bem sabido, as histórias foram só ladeira abaixo e os anos 90 ficaram marcados como uma das épocas mais negras em termos de qualidade nos quadrinhos. Bem, se houve um inicio pra essa derrocada, eu só posso crer que foi essa mini-série. Mais um caso daqueles em que todo mundo fala tanto e tão bem de algo que você vai ler com a expectativa lá em cima só pra descobrir que era uma bosta o tempo todo.

Nota: 5,0