QUADRINHOS (BARATOS) QUE LI RECENTEMENTE: PARTE 10

E os clichês continuam imperando no reino do Arqueiro Verde.

No post anterior falei sobre o encadernado Arqueiro Verde: Máquina Mortífera e disse que a história era coalhada de clichês. Tinha esperanças de que o encadernado seguinte, A Guerra dos Renegados, abandonasse os clichês merdolentos e fosse por um caminho diferente, mesmo que se focando apenas em ação descerebrada. Ledo engano. No segundo volume eu tenho uma história com mais clichês merdolentos ainda e quase totalmente descerebrada!

Na edição anterior descobrimos que Oliver não chegou a ilha onde treinou por acidente, tudo foi orquestrado pelo seu falecido pai para que ele se tornasse o líder do “lendário mesmo que ninguém nunca tinha ouvido falar antes” Clã da Flecha. Ele acaba descobrindo que precisa encontrar a flecha sagrada que é o totem do seu clã para assumir seu papel e líder. Nesse volume acompanhamos Oliver nessa busca ao lado de Shado, ex-amante de seu pai e mãe de sua pequena irmã, Emiko, a qual foi criada por toda sua vida pelo vilão Komodo que dizia ser pai da menina. Só que ele precisará enfrentar os outros clãs que vão tentar impedi-lo além de reencontrar um velho conhecido que trará novas e (não muito) chocantes revelações.

Aparentemente o Clã do Escudo é formado por torcedores da Suíça.

Sério, Eu li esse encadernado esperando a cada página que algo realmente surpreendente acontecesse. Que o Oliver descobrisse que Komodo na verdade era sua contraparte de outra Terra, que a Shado fosse um alienígena transexual , que a Emiko fosse um Pokémon, que o Komodo fosse um reptiliano (o que explicaria seu nome), sério…QUALQUER COISA QUE NÃO FOSSE PREVISÍVEL! Mas cada maldita página estava duplamente mais carregada de clichês que o volume anterior!

Eu vou dar spoiler e foda-se! Essa história é ruim demais e você teria que ser meio “guerreirinho” se não adivinha-se nada do que eu vou falar aqui. Acontece que Oliver vai até a ilha com Shado e diz que saberia se a Flecha Totem estivesse lá, pois ele conhece a ilha de cabo a rabo. Mas, adivinhem…ESTAVA EM UMA CAVERNA SUBTERRÂNEA O TEMPO TODO, VEJAM VOCÊS!

Essa cena não parece algo roubado de O Senhor dos Anéis?

Ah, e enquanto procuram essa passagem subterrânea, Oliver tem flashbacks de seus dias na ilha quando foi preso e torturado por um grupo de mercenários que queriam saber pra quem ele trabalhava. O grupo era comandado por um misterioso homem com máscara de demônio japonês que carrega uma katana nas costas. Certo dia Oliver foge e, quando já estava distante, o tal sujeito com a máscara o alcança e só não o mata por pouco, pois Oliver aceta-lhe um golpe que o faz cair de um pequeno penhasco sobre uma pedras, aparentemente matando-o.

Todo o flashback é contado nessa página dupla que eu até agora não sei se acho genial ou uma péssima ideia colocar os dois personagens em primeiro plano com cores normais e os quadrinhos pequenos ao fundo com cores de fundo de cena de gibi da Abril.

Depois de muita quizumba e confusão, o sujeito mascarado reaparece pra ajudar Oliver e Shado quando esses estavam em sério perigo e… vocês não vão acreditar quem era o sujeito! Isso mesmo! O PAI DO OLIVER! OH, MEU DEUS! Ah, e com o visual que DEVERIA SER DO ARQUEIRO, com o maldito cavanhaque e com o bigodinho com pontas dobradas pra cima. Por mim, matavam o Oliver juvenil aqui e o pai assumia essa porra dessa revista merda.

A revelação.


Minha cara lendo a revelação.

E daqui pra frente os clichês só vão chegando como uma avalanche! Oliver diz odiar o pai por ter abandonado ele e a mãe, sobretudo porque a senhora Queen estava doente. O pai de Oliver diz que fez isso para que ele se torna-se homem que agora e diz que nunca pensou que um tumor maligno e inoperável pudesse matar alguém. E blá,blá,blá…clichê,clichê,clichê… no final, toda a verdade é revelada a Emiko, que acaba descobrindo que é mesmo irmã de Oliver e que sua mãe está viva e quando estava pra ser morta por Komodo, Oliver atira uma flecha que afeta sua mira ao mesmo tempo que o vilão dispara uma flecha que iria atingir Emiko que é salva pelo seu verdadeiro pai que agora morre DE VERDADE! Emiko acaba matando o próprio pai e ficando com sua mãe, os clãs recebem novos líderes e a história termina com um gancho pra mais um arco de bosta que a Panini não chegou a publicar, muito provavelmente porque essa porcaria de encadernado deve ter vendido PESSIMAMENTE quando a editora decidiu que seria boa ideia cobrar R$51,00 em um encadernado de 172 páginas.

Abaixo dos dois volumes que sairam por aqui, o volume que fecharia a fase do Lemire e que a Panini NUNCA vai lançar.

Ah, e eu já ia esquecendo uma contradição que aparece em muito filme, série, animação e afins e que já é um clichê também: O herói assassino que quer dar lição de moral no final! Só nesses dois volumes, Oliver Queen explodiu gente, queimou gente viva, eletrocutou gente e matou gente com flechas tradicionais também. Aí, quando alguém quer dar um fim no Komodo, o sujeito vem com o papinho de “Ah, não podemos fazer isso ou seremos iguais a eles! Heróis não matam! Fiquem na escola, crianças!”. Ah, porra! Vai-te a merda, gangarra do satanás! Depois de praticamente promover um holocausto em nome da justiça tu me vem com essa de “matar é feio”? Tomates no cu!

Oliver em momento “Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”.

Como já disse antes, Jeff Lemire fez essa história quase no automático. É como se ele tivesse aberto um programa chamado “gerador de clichês” e tivesse escrito esse roteiro seboso em cima do que saiu. Os desenhos do Sorrentino continuam na mesma. Mas devo confessar que em alguns momentos as composições visuais dele ficaram confusas e chatinhas de se olhar. Como em algumas páginas onde ele escreveu onomatopeias gigantes e desenhou os personagens em negativo no meio das letras. A maioria das 15 pessoas que estão lendo isso são “cavalos velhos” no mundo dos quadrinhos e provavelmente entendam a coisa toda parando pra observar bem, mas um leitor novato que resolve ler esse troço após conhecer a série da CW provavelmente vai ficar se perguntando “Mas que porra está havendo nessa página…”. A ideia é boa? Até é! Mas o traço escuro do Sorrentino não ajuda em porra nenhuma!

Tem um visual bacana enquanto arte gráfica pra estampar uma camisa da Riachuelo, mas enquanto página de quadrinho…tem hora que fica chatinho…

Enfim, esse encadernado encerra minhas aventuras no mundo do Arqueiro Verde dos Novos 52 com chave de cocô! E depois de tanta gente elogiando,eu fico realmente com medo de ler qualquer coisa da Mulher Maravilha dessa fase também já que o povo rasga uma seda danada. E, honestamente, eu acho é muito difícil alguém superar a fase do George Perez a frente da Princesa Amazona. Mas, ler Arqueiro Verde de novo ? Não, obrigado! Por um looongo tempo, aliás!

Nota: 4,5

PS 1: Ah, o Batman faz uma breve participação especial no começo desse volume com aquela roupa escrota que ele usou em Ano Zero dos Novos 52 que é uma releitura do primeiro uniforme do morcegão. Mas no traço do Sorrentino, ele só parece um mendigo doido que roubou uma fantasia. Ou seja, ele captou bem a essência do Batman!




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