O Pacifico

“Ô Cride, fala pra mãe que os japoneses estão em Guadalcanal.”

 

Desde O Resgate do Soldado Ryan, Tom Hanks e Steve Spielberg parecem dedicados a contar o máximo possivel de historias da Segunda Guerra que suas vidas permitirem. O primeiro fruto disso foi a aclamada Band of Brothers e outra é esta.

Como o nome implica, conta fatos ocorridos na guerra contra o Japão, principalmente sob o ponto de vista de três caras, Robert “Lucky” Leckie, Eugene “Sledgehammer” Sledge, e John “Manila John” Basilone, da 1ª Divisão de Fuzileiros (Marines).

E eles estão em algum lugar dessa zona.

E eles estão em algum lugar dessa zona.

Outro dos sujeitos ali é o Tenente Coronel Lewis “Chesty” Puller. O cara é um mito entre os Marines, ganhou mais medalhas do que qualquer outro. Nos campos de treinamento o dia se encerra com a frase “Boa noite Chesty Puller, onde quer que você esteja.” E é o sujeito que disse a seguinte frase durante a guerra da Coréia: “Nós estivemos procurando pelo inimigo por um tempo. Nós finalmente encontramos. Nós estamos cercados. Isso simplifica o problema de chegar nessas pessoas e mata-las.”

Chesty também queria saber onde ficava a baioneta do lança chamas.

Chesty também queria saber onde ficava a baioneta do lança chamas.

Um dos aspectos que se nota é que essa série é muito mais brutal do que Band of Brothers, o que é justificável. O teatro de operações no Pacifico era realmente mais brutal.

A série não poupa as escrotidões cometidas pelos dois lados, mas é compreensível que os japoneses tenham uma luz mais negativa. E não é porque a série é americana. Eles eram realmente muito mais crueis, usando civis como escudos ou bombas humanas, por exemplo. Certamente as tropas aliadas tiveram sua cota de atrocidades como estupros e execuções, mas nunca foi norma de combate como era no exercito de ocupação japonês.

A atitude do exercito imperial era assustadora. Para fins de propaganda, eles anunciavam que estavam libertando os asiáticos do imperialismo europeu, mas na verdade estavam substituindo pelo próprio, muito mais brutal. O caso de Okinawa é bem demonstrativo disso. Os japoneses tinham um grande desprezo pelos okinawanos, considerados de segunda classe. A propaganda ia a ponto de que os americanos eram descritos como sujeitos que iriam violentar todas as mulheres, matar todos os homens e depois comer seus cadáveres. Milhares se mataram, e suas familias, para evitar a captura pelos “demonios brancos”.

Esse era o Tekketsu Kinnotai, crianças de Okinawa "alistadas" pelo exercito japones para lutar.

Esse era o Tekketsu Kinnotai, crianças de Okinawa “alistadas” pelo exercito japones para lutar.

Como uma peça de época, e principalmente retratando (com muita fidelidade) os fatos, não é politicamente correta. Há apenas um fuzileiro negro, e já aparece morto inclusive, os outros são empregados. As mulheres ou são donas de casa ou enfermeiras e os japoneses são constantemente chamados de macacos.  Claro que haviam exemplos fora desses, mas ali, no contexto de local e pessoas, era assim que as coisas eram.

Não há nada de glamouroso ou heroico aqui, exceto talvez, o momento que John Basilone e cem outros caras seguram uma onda de ataque de 3.000 japoneses. Não há exagero nas montanhas de japoneses mortos que aparecem nessa cena, segundo as testemunhas, foi assim mesmo. Essa é outra coisa que a série tem em comum, tanto com O Resgate do Soldado Ryan e Band of Brothers, cadáveres em diversos estados e pedaços são uma visão absolutamente comum.

Vistos aqui num ofuro criado por morteiros.

Vistos aqui num ofuro criado por morteiros.

A série tem 10 episódios e não é dificil de achar, seja lá onde procure e mostra bem a desgraceira que foi esse momento.

A estátua de John Basilone. A série teve que deixar o cara MENOS foda pra não parecer inventada.

A estátua de John Basilone. A série teve que deixar o cara MENOS foda pra não parecer inventada.

Zweist
18/07/2016