O Adeus a Akira Toriyama…e o Fandom incomodado!

Preparados pra tonelitros de verdades?

No dia 1° de março de 2024 um dos maiores e mais influentes mangakás DO MUNDO infelizmente nos deixou. Ao 68 anos, AkiraToriyama se foi devido uma hemorragia no cérebro deixando pra trás uma legião de fãs órfãos. Porém, deixou também uma galeria de obras atemporais e que seguem influenciado gerações e vão continuar influenciando por muitos e muitos anos.

O mais curioso é que, na nossas cabeças, ele sempre será jovem porque nunca vimos uma foto atual dele.

Obviamente o Twitter foi INUNDADO por inúmeras mensagens de pesar e de como a maior obra de Toriyama tocou a vida dessas pessoas de alguma maneira. E é claro que me refiro a Dragon Ball. Mas estamos falando do Twitter (me recuso a chamar de “X”, me desculpem),o esgoto das redes sociais, pois pra cada pessoa legal por lá tem umas 10 pau no toba! E é claro que já tinha gente incomodada com as homenagens e com a importância que as pessoas estavam atribuindo a Dragon Ball. E aí veio aquela galerinha que circunda a minha existência devido as minhas (talvez equivocadas) escolhas de vida: os fãs de Cavaleiros do Zodíaco!

Claro que todo fandom é dividido em grupos. Tem aqueles que gostam da obra, acompanham todas as novidades , tentam convencer outras pessoas a verem mas não fazem disso o centro da sua existência. E tem aqueles que fazem! Aqueles fãs que criam toda uma realidade alternativa em sua cabeça a ponto de colocar tal obra como um pilar central da cultura humana moderna. E foi justamente esse setor de fãs de Cavaleiros do Zodíaco que começou a se incomodar e a falar absurdos hoje.

Antes de prosseguir eu vou relembrar algo LÓGICO: Todo e qualquer mangá/anime é, prioritariamente, um PRODUTO COMERCIAL! Ele não existe unicamente como uma forma de arte afim de difundir todos os recôncavos da alma onírica e filosófica do autor. Ele existe, primeiramente, pra ser VENDIDO! Se não vende, as editoras não tem interesse e o material é prontamente cancelado e o autor tem que correr pra criar o próximo pois, além de um artista, ele também é um profissional que precisa comer e pagar contas! Parece absurdo eu precisar falar isso mas essa semana mesmo eu vi um cara de quase 40 anos precisar passar 20 minutos de um vídeo pra explicar pra outros adultos que super sentai é um produto que visa o publico infantil japonês a partir de 5 anos de idade e que eles assistiam de enxeridos ( e não tem problema NENHUM NISSO, só pra constar)! Ele também precisou explicar que, sim, esse segmento está em crise porque a audiência vem caindo já que são exibidos na TV e dependem dessa audiência pra chamar atenção dos anunciantes mas a coisa que molecada cada vez faz menos…é ver TV! Celular é a nova TV dessa geração e internet é o novo canal! E porque eu tô falando isso? Porque essa parcela do fandom, os emocionados, romantizam a coisa na cabeça deles! Eles acham que empresas como Toei e Bandai estão preocupadas unicamente com o lado artístico das obras e não em vender mechandising e bonecos. E aí eu entro no assunto: Tem uma parcela GIGANTE dos fãs de Cavaleiros do Zodíaco que acham que a gente tem que se curvar a obra e ao seu criador, Masami Kurumada, porque sem eles não haveriam mangás e animes no Brasil hoje! Será? Será mesmo, pessoa? Sério?

É INEGÁVEL que sim, houve um boom de animações japonesas no Brasil depois que Cavaleiros foi exibido pela Manchete em 1994. Mas foi pela profundidade da trama? Pela complexidade de seus personagens? Pela influência sócio cultural que a obra trouxe pra nossa sociedade? PORRA NENHUMA! O motivo não era outro se não pelo fato de tá DANDO DINHEIRO PRA PORRA com a venda dos bonecos além da quantidade absurda de anunciantes comprando horários comerciais na Manchete nos intervalos do desenho, que chegou a exibi-lo DUAS VEZES POR DIA! E caso você não saiba, Cavaleiros só foi exibido aqui no Brasil porque havia um carregamento com os bonecos parados no porto de Santos mas não fazia sentido colocar no mercado se a molecada não sabia o que era. Foi então que a Manchete recebeu 64 episódios da série que foi dublada as pressas a partir da versão Mexicana que trazia erros de tradução grotescos já provenientes das versão francesa e foi ao ar o mais rápido possível. Por ser algo diferente do que a gente via na época, foi sucesso e com isso os bonecos, que também eram diferentes do que a gente via na época, puderam ser colocados nas lojas e sumiram numa velocidade assustadora. A partir disso, a intenção da Manchete e de outras emissoras de trazer novos animes era repetir esse sucesso e, por consequência, essas cifras!

Porém, se não tivesse sido Cavaleiros do Zodíaco a ser lançado naquele ano mas outro anime qualquer, teria havido o boom? Afirmo quase que com 100% de certeza de que sim! Se fosse Hokuto no Ken, teríamos o mesmo sucesso já que tudo que tem em Cavaleiros, a obra de Tetsuo Hara e Buroso CRIOU! Se Dragon Ball mesmo tivesse vindo primeiro, eu não duvido que o sucesso fosse tão grande ou até maior! Infelizmente Dragon Ball chegou no SBT apenas em 1996 e o senhor Silvio Santos tinha o PÉSSIMO hábito de colocar seus animes em PÉSSIMOS horários além de trocar esses horários constantemente!

E não se engane, fã apaixonado de Cavaleiros do Zodíaco! CDZ não causou o PRIMEIRO boom de animes no Brasil! Acontece de tempos em tempos, o que muda é só o estopim! Nos anos 60 houve o Tokusatsu National Kid que acabou abrindo as portas pros primeitos animes no Brasil, como Homem de Aço, Tarô Kid e O Oitavo Homem. Nos anos 70 houve Speed Racer, que foi sucesso mundial, inclusive sendo até mais famosos nos EUA que no Japão! Chegou ao Brasil e repetiu esse sucesso, trazendo na esteira outros animes como A Princesa e o Cavaleiro, Pinócchio, Fantomas, Kimba, O Judoka e Sawamu: O Demolidor só pra citar os mais populares do período! Nos anos 80 a própria Manchete, iniciando seus trabalhos, lança Patrula Estelar, título em português para o clássico Uchu Senkan Yamato. Na esteira tívemos um PORRILHÃO de animes, alguns que a gente, por ser moleque, nem sabia que eram animes, como O Pequeno Principe além de Rei Arthur, Don Dracula, Pirata do Espaço, Honey Honey, Capitão Harlock e Zillion que foi outro fenômeno com suas pistolas lasers. Cavaleiros foi o boom da década de 90 e é claro que foi GIGANTE, mas isso não torna a obra isenta de criticas ou livre de problemas e, como fã, eu afirmo com todas as letras que Cavaleiros tem MUITOS problemas! E eu destrincho isso em posts sobre o mangá e em um podcast totalmente dedicado ao anime! Mas o fã xiita faz vista grossa ou simplesmente se faz de cego! Ou só vive em seu mundinho idealizado e isso é perigosamente limitador! Tudo bem gostar de algo, mas daí a venerar isso como algo único e inovador quando não o é? Calma lá, jovem! Eu tô citando Cavaleiros porque é um dos temas desse post mas isso serve pra QUALQUER COISA!

O problema começou quando esses fãs mais xiitas de Cavaleiros do Zodíaco começaram a se incomodar com a quantidade de pessoas dizendo o quanto Dragon Ball foi macante na suas histórias e a importância da série enquanto obra. Aí comçeram com os “Ain, mas sem Cavaleiros do Ziodíaco não haveria Dragon Ball no Brasil” e “Cavaleiros do Zodiaco tem MUITO MAIS IMPORTÂNCIA que Dragon Ball” e por aí vai. Como já falei mais de uma vez até aqui, sim, cavaleiros gerou um boom anos 90 que nos trouxe Shurato e Samurai Warriors pra tentar cair no gosto popular com a mesma formula “boy band de armadura”, trouxe também o programa US Mangá Corps. Do Brasil que diversificava mais e também expunha o olho grande das distribuidoras já que eles compravam animes de pacote sem nem olhar o que era, contato que tivesse olho grande e viesse do Japão! E eu NÃO ESTOU INVENTANDO ISSO! O rapaz responsável pela edição desses animes na época, Eduardo Miranda, fez um vídeo há uns dois anos atrás onde ele revela que coisas ultraviolentas como Genocyber estavam no pacote e a distribuidora cagou pra o anime até que esse editor viu e disse “Gente…dá não pra exibir isso na TV aberta as seis da tarde! Tem gente virando carne moída, incluindo CRIANÇAS! Tem nudez, sexo e o escambau! Não vai dar não!” ao que a distribuidora só mandou um “Dá teus pulo! A gente já pagou, não tem como devolver!” e ele passou a tesoura o máximo que pôde pra deixar uma história ainda coesa. Por mostrar cenas violentas, o vídeo tem restrição de idade e você precisa ir ao YouTube pra ver, mas taí o link.

De todos esses animes, o único que se aproximou da popularidade de Cavaleiros na época foi Yu Yu Hakusho, lançado por aqui em 1996 e que ousadamente saia da proposta “boy band de armadura”. Então, em 1999 a Manchete fecha as portas reprisando Shurato pela milionésima vez. Creio que a Rede TV, quando tomou seu lugar, ainda ficou exibindo Shurato por um tempo mas não tenho 100% de certeza. Fato é que o Boom dos animes iniciado por Cavaleiros já estava com as chamas extintas desde meados de 1998. Foi então que no inicio dos anos 2000 tivemos um novo boom com Pokémon sendo lançado na Record, que acabou fazendo a Globo trazer Digimon, outro sucesso, e Monster Rancher mas também trouxe a leva de animes mais meia-boca na esteira, como Shinzo e Power Stone. Os animes estavam populares de novo e agora as opções eram maiores pra quem tinha TV a cabo com canais como Locomotion também exibindo animes mais adultos, como Neon Genesis Evangelion e Cowboy Bebop. Pokémon foi um fenômeno absurdo (e apesar de não ter a mesma força daquele inicio, segue sendo um fenômeno) e foi por conta disso que a Band resolveu apostar num programa pra molecada exibido a tarde chamado Band Kids. O programa misturava animes com animações americanas como Cadilacs e Dinossauros e até o clássico do SBT, Os Seis Biônicos. Também investiu na sua cópia de Pokémon com Bucky, um dos animes mais esquisitos da épocas mas que, ainda assim, acabou ganhado um secto fiel de fãs (Godoka até hoje declara seu amor a obra) e, entre eles…Dragon Ball Z!

Confesso que a impressão que ficou é que a Band também tava comprando pacotes, já que entre seus animes tivemos duas comédias românticas como El Hazard e Tenchi Muiyo. E a falta de noção da emissora ficou clara quando exibiram as duas séries de TV de Tenshi Muiyo e com a popularidade alcançada, sabendo que ainda havia uma série que não haviam exibido, comprou o OVA que deu origem a tudo, mandou dublar e exibiu sem nem olhar pro material. E foi assim que nos anos 2000 tivemos nudez feminina num programa infantil as 3 da tarde!

Outro ponto que reforça essa teoria da Band tá comprando de pacote, sem muita preocupação, é que eles começaram pela fase Z de Dragon Ball ao invés de comprar a série desde o inicio. O SBT havia exibido apenas uma parcela da primeira fase mas haviam ainda quase uma centena de episódios inéditos antes da fase Z começar. Bem, em detrimento a isso, a série foi um SUCESSO! A Band, que havia comprado até o fim da saga de Freeza comprou a saga de Cell e, um tempo depois, a Globo comprou a saga de Manji Boo. Não lembro com 100% de certeza (eu tô repetindo MUITO isso, perdoem a memória desse velho) mas creio que ficou dividido por um tempo, com a Band exibindo a fase Saiyajins, Freeza e Cell e a globo com a Manji Boo. Depois a Globo comprou o GT também e, FINALMENTE, foi atrás sa série clássica, exibindo-a inteira pela primeira vez no Brasil.

Graças a esse sucesso, TODOS os OVAs e filmes de Dragon Ball vieram pro Brasil em VHS e teve a lendariamente cretina exibição de Dragon Ball Z: O Filme nos cinemas onde, ao invés de exibir um OVA só a distribuidora juntou DOIS que tinham um espeço de tempo GIGANTE entre os acontecimentos de ambos e simplesmente jogou na telona. Pra quem não lembra, eles pegaram o OVA com o irmão não canônico do Goku, Tales, lançado em 1990 que tinha a tal arvore com o fruto que aumentava os poderes e juntaram com o OVA do Janemba, lançado em 1995, e que mostrava uma aventura do Goku e do Vegeta no além já que ambos estavam mortos naquele período. O problema é que no OVA do Tales o Goku nem sequer sonhava em se transformar em Super Siyajin e no do Janemba ele fazia até fusão com o Vegeta! Só um tempo depois eles pegaram um OVA maior e lançaram no cinema de novo.

A popularidade de Goku e companhia não parou de crescer desde então. E não só no Brasil, mas no MUNDO TODO! Em 2013 os fãs foram pegos de surpresa com o anuncio de um novo filme, que foi A Batalha dos Deuses. E então foram pegos de surpresa de novo com o anuncio de uma nova série, que foi Dragon Ball Super. Ambos os lançamentos mostraram que a série ainda tinha muita lenha pra queimar pois a chama ainda ardia no coração dos fãs de longa data e agora essa chama se acendia nas novas gerações, grande parte certamente porque esses fãs mais antigos agora assistiam com seus filhos. E que filho não adora ver algo com o pai que ambos gostem?

Pra vocês terem uma ideia da força de Dragon Ball, quando o filme Dragon Ball Super: Brolly foi lançado, eu fui ao cinema NUMA SEGUNDA FEIRA achando que estaria vazio mas as filas estavam QUILOMÉTRICAS e quando avisaram que as salas estavam lotadas, eu não estava nem na metade da fila que seguia gigante. E o mais engraçado é que a fila era majoritariamente formada por HOMENS ADULTOS! Tenho uma foto disso, vou tentar achar pra colocar aqui.

6 de janeiro de 2019, o dia me que muitos homens disseram a suas esposas que iriam pra pelada com os amigos pra, na verdade, ir ver desenho animado no cinema,

Agora, porque eu escrevi toda essa monografia ao invés de resumir o assunto em poucas linhas, você deve estar se perguntando! Primeiro ponto: pra lembrar NOVAMENTE que toda obra que você ama é, primordialmente, um produto! Isso vai te fazer amar menos? Não! Mas é bom ter consciência que sua visão romântica não reflete a realidade! Segundo ponto: Pra lembrar que apesar do sucesso que fez no Brasil, Cavaleiros do Zodíaco NÃO É UM DOS PILARES DOS MANGÁS OU ANIMES! Claro que Saint Seiya teve sua popularidade em seu tempo e que a série teve alcance em vários lugares do mundo sendo popular até hoje em países como França, Itália, México, Chile, Peru e Brasil, mas se você joga algo novo da série no próprio Japão, o sucesso sequer faz sombra no que teve nos anos 80. Saint Seiya não ganhou uma adaptação da saga de Hades ainda nos anos 90 devido a baixa audiência. A gente tinha Cavaleiros e outros animes bem “nhé” pra competir com ele na época aqui no Brasil. No Japão “anime” é só o termo pra desenho animado assim como “mangá” é o termo para história em quadrinhos, o ocidente foi quem deu o significado especifico de “coisa vinda do Japão”, mas por lá anime e mangá novo tem pelo menos uns 200 surgindo todo santo dia. Então, sim, vão ter aqueles que vão se sobressair e romper a barreira do tempo tendo produtos lançados com a mesma popularidade pelo anos vindouros, como Doraemon, e tem aqueles que vão fazer sucesso naquela época, serão lembrados por aquela parcela dos fãs nos anos vindouros mas jamais alcançarão o mesmo sucesso novamente, como Sawamu.

Agora muita gente pode estar esbravejando “VOCÊ NÃO TÁ QUERENDO DIZER QUE CAVALEIROS DO ZODÍACO SE ENCAIXA NESSA SEGUNDA CATEGORIA, NÉ? SE FOR ASSIM, PORQUE A TOEI VIVE LANÇADO SÉRIES NOVAS E PORQUE A GENTE TEVE ATÉ UM FILME EM LIVE ACTION RECENTEMENTE, HEIN? RESPONDE, SABIDÃO!”. E eu vou dizer que…sim! Eu, fã de Cavaleiros do Zodíaco, que não pode ver um anuncio de algo novo da série que fica fuçando pra saber tudo, estou dizendo que a série se encaixa na segunda categoria! As séries novas, como Soul of Gold, Saintia Shô e Omega foram feitas a toque de caixa e lançadas com os olhos voltados pro ocidente, onde a série ainda faz sucesso entre os fãs saudosistas. O filme A Lenda do Santuário, que comemorava os 30 anos de carreira do Kurumada, foi o primeiro passo pra tentar entrar no único mercado onde CDZ ainda não havia entrado (uma tentativa fracassada foi feita em 2003) e poderia ser toda uma nova fonte de lucro, que foi os Estados Unidos. Ou você acha que aquele visual meio Dreamworks meio Pixar foi a toa? A série em CG que começou na Netflix e segue na Crunchyroll agora foi os segundo passo, tomando vários elementos de A Lenda do Santuário e deixando a série mais leve pra pegar o publico infanto juvenil americano cujos pais se preocupam exageradamente com o que os filhos estão assistindo, por isso não temos os tonelitros de sangue da série original e temos os cavaleiros de bronze saindo no braço com TANQUES E HELICOPTEROS no inicio da série. Pra mostrar que o publico americano era o alvo desde o inicio, assistam um episódio com a dublagem em japonês e em seguida mude para inglês e vejam que o movimento labial foi feito a partir da língua inglesa.

O live action…eu preciso mesmo dizer que foi outro passo tentando entrar nos EUA? O filme adapta A SÉRIE EM CG porque eles estavam DEFECANDO E LOCOMOVENDO pros fãs da Europa e América do sul, que eles sabiam que ia consumir qualquer bosta derivada de CDZ. A Toei seguia querendo se enfiar nos EUA! Mas, pra não desagradar totalmente os demais fãs, eles sabiam que no México a série ainda era popular e colocaram um ator mexicano pra fazer o papel do cavaleiro de bronze mais popular. E foi assim que o minúsculo e NADA INTIMIDADOR Diego Tinoco virou o Ikki…opa, perdão…virou o NERO de Fênix! Das três produções, apenas a série em CG conseguiu popularidade…e eu disse POPULARIDAE e não SUCESSO… pra seguir adiante graças aos…pasmem…fãs da Europa e América do Sul! Os EUA seguem defecando e locomovendo pra CDZ e o live action só jogou aquela pá de a cal na franquia por lá por algum tempo. Aliás, muita gente esquece que a série em CG existe e até toma susto quando descobre que, sim, ele ainda está sendo produzida! Graças a um canal peruano é que eu fui descobrir que ela ainda não havia sido cancelada!

Agora que você, fã xiita, tá espumando pela boca e tentando entender porque eu estou “falando mal” da sua amada série, deixa eu explicar! Eu não tô falando mal de nada, apenas jogando fatos que você não quer aceitar pela sua visão romântica da obra! Vai ter um porrilhão de gente dizendo “Ah, eu amo a obra mas eu também sei disso!” . Ótimo! Então eu não estou falando de você! Estou falando dessa galera que acha que o Kurumada é um mestre supremo na arte da narrativa visual, um desenhista de traço impecável e que CDZ é uma obra inovadora e que cada nova saga é uma carta de amor aos fãs e um exemplo de reinvenção! Não, não é! O Kurumada é um artista limitado que parou num traço só! “Ain, mas é o estilo dele! Ele usa um estilo clássico!”. Querido e querida que me vem com essa, deixa eu vos dizer algo: TODO mangaká que se preze…não, deixa eu corrigir…TODO DESENHISTA QUE SE PREZE, não importa o estilo ou seu local de origem, BUSCA EVOLUIR! Isso quer dizer, abandonar seu etilo? Não! Significa POLIR SEU ESTILO! Significa MELHORAR onde ele não era tão bom antes! O Kurumada até fez algo assim ao fim da saga das 12 casas do mangá e o começo da Saga de Poseidon, onde ele passou a copiar o trabalho do Shingo Araki no anime. E eu não falo isso em tom de critica, foi uma ÓTIMA decisão dele! Só que, anos depois, quando ele voltou com Next Dimension, ele simplesmente voltou a desenhar torto!

O pior é quando essa galera fica puta quando alguém fala isso é vai defender, e a defesa se resume a xingar todo mundo de burro, como um rapaz que fez um vídeo de TRINTA FODENDO MINUTOS onde ele fazia uma vozinha de desdém sempre que ia citar alguma fala de alguém que não idolatrava os desenhos do Kurumada. O mais curioso é que no vídeo de trinta minutos ele só mostrou UMA imagem do mangá e entupiu o vídeo de imagens do anime e até dos jogos, o que não falava a favor de seu argumento mais furado que a trama de CDZ.

Pra fechar esse tópico, Kurumada só segue lançando CDZ porque DÁ DINHEIRO! Caso você não saiba, a obra a qual ele tem mais carinho e não tem vergonha de gritar isso aos quatro cantos é Ring Ni Kakero, o seu mangá de boxe que foi um estrondoso sucesso no inicio dos anos 80 e conseguiu muitos fãs famosos, incluindo um tal de…Akira Toriyama! Mas, Ring Ni Kakero ficou pra trás apesar do Kurumada insistir em voltar a ele, inclusive usando-o como chantagem pra liberar a produção da Saga de Hades no inicio dos anos 2000. Ele disse que só liberaria se fizessem um novo anime de Ring Ni Kakero, foi por isso em que em 2003 Ring ni Kakero voltava as telinhas.

E agora sim eu vou falar da diferença ABISSAL entre Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball. Sabe qual é a principal? Cavaleiros do Zodíaco é uma obra completamente engessada! Você pode espernear, se debater, fazer textão em rede social e o escambau, mas a realidade é uma só! Do inicio da saga clássica até o atual Next Dimension tudo se resume a Atena ou sendo sequestrada ou se entregando em sacrifico e os cavaleiros de bronze indo atrás pra salvá-la! Dentro desse gesso tem uma ou outra coisa pra diferenciar as fases, algumas bem legais, claro. Mas, basicamente, é isso! Isso sem falar em como toda batalha é repetitiva! Vou resumir aqui:

Cavaleiro 1- CABEÇA DE PEIXE! (lança o golpe)

Cavaleiro 2 (após receber o golpe e se levantar como se não fosse nada)- Então esse é o famoso “Cabeça de Peixe”? Não me faça rir!

Cavaleiro 1- Você é um tolo! Eu ainda não usei toda a minha força! TOME ISSO! CABEÇA DE PEIXE!

Cavaleiro2 (após se defender facilmente)- Tolo! O mesmo golpe não funciona duas vezes contra o mesmo cavaleiro! Agora tome isso! PATA DE CAMELO!


Cavaleiro 1 (após receber o golpe)- M-maldito…

Cavaleiro 2- Admita! Você não pode me vencer!

Cavaleiro 1- Eu vou vencê-lo! Vou vencê-lo porque decidi a muito tempo não caminhar a sombra de ninguém, se eu parar, se eu não conseguir, não podem tirar o que tenho em mim!

Cavaleiro 2- M-mas o que é isso? Uma cabeça de peixe apareceu atrás dele!

Cavaleiro 1- CABEÇA DE PEIXE!

Cavaleiro 2 (cai derrotado ) C-como é possível…a cabeça de peixe dele virou um lambari completo…

Cavaleiro 1- Você foi um bom adversário. Mas eu venci! (se vira pra sair)

Cavaleiro 2 (se levantando enquanto ri ameaçadoramente)- Idiota…eu acha mesmo que me derrotou? Eu estava guardando este golpe por nenhum motivo justificável, este golpe que poderia derrotá-lo ainda no começo da luta mas decidi segurar até que eu estivesse as portas da morte pra dar um ar de maior dramaticidade a trama ao invés de me fazer parecer um completo imbecil! MORRA! PATA DE CAMELÔ COM CALÇA JEANS AREZZO!


Eu juro pra você que o ultimo mangá de cavaleiros que comprei foi o gaiden em duas parte contando a história do antigo Grande Mestre e seu irmão gêmeo mas parei no começo do primeiro volume porque já começava assim e me faltou paciência pra essa patacoada toda de novo!

Quanto a Dragon Ball? Dragon Ball é fluido e transita por vários estilos! Quer ação? Tá lá! Quer comédia? Tá lá! Quer drama? Tá lá! Quer ficção? Tá lá! E eu não vou dourar a pílula dizendo que a obra é 100% perfeita porque não é! A partir da Saga do Cell a coisa tava repetitiva com o lance do vilão com várias formas, estreado pelo Freeza, além do negócio do “Cuidado, esse golpe pode partir a Terra” que aparecia a cada novo combate e obrigou os personagens a terem um downgrade na fase Super e com os protagonistas se sacrificando pra nada já que o vilão nunca morria. Até o próprio Toriyama admitiu perto do final da Saga Boo que já tava sem paciência pra Dragon Ball e queria fazer outras coisas pois já tava empurrando com a barriga graças a editora que insistia na coisa pelo lucro!

Porém, do inicio das aventuras de Goku até o fim da Saga Freeza, Dragon Ball traçou muitos caminhos e conseguiu não destoar da trama em NENHUM deles! Goku saiu pra conhecer o mundo, enfrentou um coelho que transformava pessoas em cenouras, um metamorfo covarde, um ladrão do deserto, um exército inteiro, androides, monstros no submundo, um perigoso mestre do kung fu, caçou tesouros, caiu no meio de outro mangá do Toriyama, entrou em um torneio de artes marciais, enfrentou um cara com um olho na testa em um deles, viu seu amigo ser morto em outro e foi obrigado a enfrentar o rei demônio, enfrentou o filho desse rei demônio, enfrentou uma invasão alienígena e morreu, ressuscitou pra enfrentar outra invasão alienígena, foi até o espaço pra enfrentar um destruidor de mundos… e por aí vai! Claro que ele fez mais coisas na Saga Cell (que deveria ser a ultima, segundo os desejos do Toriyama mas contra os desejos da editora) e Boo mas, como eu disse, as coisas ficaram um pouco repetitivas aí.


Isso sem falar que quem acompanhou o lançamento do mangá e do anime originalmente, viu seu protagonista literalmente crescer e cresceu junto com ele! Raros são os mangás longos que fazem isso e, confesso, no momento não me recordo de nenhum! Obvio que isso cria um vínculo muito maior entre o leitor/expectador e o personagem principal! Goku não era só o herói da trama, ele era um amigo!

Outro ponto que Dragon Ball tem fortíssimo e que Cavaleiros sequer ousa em fazer é…não se levar a sério! Akira Toriyama sempre levou suas histórias com muita leveza e bom humor! Sem falar que ele imbuia seus personagens de um carisma tão grande que quando o drama vinha, você sofria e se emocionava junto! Ou vai me dizer que você sequer marejou os olhos quando Goku reencontrou seu avó, Son Gohan, no torneio da Vovó Uranai? Ontem mesmo eu tava falando de COWA!, que é um mangá inicialmente bobo e numa primeira olhada parece extremamente infantil, mas o que o Toriyama faz a partir dessas impressões te pega completamente desarmado!

Chore se você chorou.

Cavaleiros não! Todo mundo é triste, sofrido, dramático, sério, sisudo, heroico, etc, etc, etc… isso não cria um vínculo tão grande! Sem falar que os exageros do Kurumada sim, acabam virando uma comédia involuntária quando deveriam ser dramáticos! Como levar a sério o plot dos 100 filhos do Mitsumasa Kido? O velho fez uma volta ao mundo sexual? E como um imbecil desses mandou 90 pra morte pra proteger uma menina que nem tinha parentesco de sangue com ele e lhe foi entregue por um mendigo moribundo? Se você é fã xiita e está incomodado com isso e dizendo “Mas ele sacrificou os filhos sofrendo por isso!” eu lamento te dizer que esse plot é horrível, e o fato de você gostar não muda o fato.

O anime dos Cavaleiros foi exibido de 1986 a 1989, não recebendo continuidade devido a baixa audiência. Tinha muita coisa nova e o roteiro repetitivo não ajudava a obra a se manter no interesse do publico. Ninguém queria mais saber em que tipo de terreno os cavaleiros de bronze iam correr pra tentar salvar Atena DE NOVO! Já Dragon Ball foi exibido de 1986 até 1996, contado até a faze Z, claro! E ainda em 1996 ganhou uma continuação completamente original, o famoso pra alguns e infame pra outros Dragon Ball GT, que tentava unir a comédia da primeira fase com as porradaria da fase Z. A série acabou em 1997. E porque durou tanto? Justamente por essa diversificação, por não repetir o plot durante toda a série, por saber não se levar a sério demais!

Outro ponto que vale citar é que o Toriyama não ficava preso apenas a Dragon Ball ou qualquer outro de seus mangás! Ele se envolvia com muitas mídias diferentes, sendo os games seu segundo lar! Ele trabalhou com designs e desenvolvimento para a série Dragon Quest e Chrono Trigger, só pra citar os mais famosos, mas fez muita coisa menos lembrada como os personagens do jogo de luta Tobal Nº1. O estilo único de Toriyama era facilmente identificado onde quer que seu lápis tocasse, não importava a mídia e isso, claro, influenciou vários artistas da novas gerações! Agora, eu te pergunto: Em quantos mangakás atuais você encontra elementos do estilo e das obras do Toriyama? E em quantos você encontra elementos do estilo e das obras do Kurumada? Caso você busque a resposta vai ver que um deles vence de lavada e com folga!

Será coincidência esses três terem tanto em comum…?

Isso acontece porque, além de todas as qualidade dos Toriyama que já apontei, ele fez algo que eu já citei e que o Kurumada não fez: EVOLUIU! Seu traço em Dr. Slump e no inicio de Dragon Ball já era único mas ele não parou ali! Quando, em Dragon Ball, passou a fase do mangá que compreende a fase Z do anime, ele foi testando mudanças e foi mudando pouco a pouco e, de repente…na fase Freeza seu traço era menos redondo e mais anguloso! Na fase Cell era completamente anguloso e, mais uma vez…único! E ambos os traços influenciam artistas do mundo todo até hoje!

A penetração do Toriyama na cultura pop mundial através de Dragon Ball foi tão forte que ele penetrou com leveza um mercado onde Cavaleiros vem, há anos, tentando entrar com chutes na porta e não consegue: O estadunidense! O publico americano é APAIXONADO por Dragon Ball a ponto de você encontrar referencias em obras americanas a torto e a direito! Lembram, por exemplo, da roupa do Killmonger no inicio do primeiro Pantera Negra que é baseada no uniforme do Vegeta? Isso foi ideia do ator Michael B. Jordan que é ALUCINADO pro Dragon Ball e fã de carteirinha do príncipe Saiyajin!

Obvio que tem muito mais coisas mas esse texto já tá gigante demais e vou tentar chegar a minha conclusão. E tentar nem sempre é conseguir, então me desculpem se eu continuar me alongando…

O fato é que Akira Toriyama, um gênio no que fazia, se foi! Fazer birra por que você não gosta que digam que o que ele fez é melhor que a coisa que você gosta é IDIOTICE! Se o Kurumada tivesse falecido, isso seria válido DO MESMO JEITO! O que importa é prestar homenagens e respeito a um cara cujo a obra alcançou tanta gente ao redor do mundo!

Como eu já disse, eu sou fã de cavaleiros! Se você vier a minha casa e chafurdar na minhas coleção de revistas e mangás, vai encontrar TONELADAS de material referente a CDZ e pouca coisa relacionada a Dragon Ball do qual, falo sem medo de julgamento, prefiro a fase do Goku moleque a ele adulto! Pra ser bem sincero, quando a Conrad lançou o mangá parei de colecionar no fim da Saga dos Saiyajins porque eu tinha assistido a Saga Freeza e não tinha me pegado! E, ainda assim, eu não pestanejo duas vezes se alguém me perguntar qual a obra mais importante a nível mundial! Porque você acha que Goku foi nomeado embaixador das Olimpiadas do Japão em 2020? Vale lembrar que ele concorreu com outros personagens de mangás famosos e nenhum era de CDZ.

Agora, já que eu enfiei o dedo na ferida do fandom de CDZ, deixa eu tirar aqui e colocar na ferida dos fandom de DB. Como eu disse no inicio do post, tem uma parte do Fandom que cria toda uma realidade na sua cabeça, sejam em qual obra for. O fandom de DB não fica atrás. claro! Ontem, por exemplo, eu vi um cara se referir ao Akira Toriyama como “O MAIOR ARTISTA QUE JÁ PISOU NA TERRA!”. Calma, amiguinho emocionado! Também não é assim! Toriyama certamente foi um dos grandes e continuará a ser através de sua obra e seu legado, mas daí jogar o cara num pedestal desses é ter uma mente muito limitada! É se ater só a um pedaço de papel e ignorar o resto do mapa! Tem gente gigante na HISTÓRIA DA HUMANIDADE INTEIRA, inclusive gente que influenciou o próprio Toriyama, então devagar com a viagem de ácido!

Outra coisa é colocar Dragon Ball como uma obra perfeita! Como eu disse, também não é! A obra tem seus probleminhas, a exemplo da repetição de situações nas fases finais do mangá. Nada é perfeito, jovens! Ame o que você ama com tudo que puder, mas não use esse amor pra tentar imprimir nos outros suas impressões advindas desse amor! Cuidado!

Agora, voltando ao que REALMENTE IMPORTA, um dos grande se foi! Sua obra ficará e será sempre lembrada! Que familiares e amigos possam encontrar conforto nesse momento de dor. E que os fãs continuem tornando sua obra eterna geração após geração.

E tenho dito.