Motivos para vomitar com a Konami

E lá vamos nós.

 

No inicio do site, fiz um post sobre porque a DC estava uma bosta na época. Deu uma melhorada sutil de lá pra cá. Depois piorou de novo, pois resolveram seguir o Marvel Way, “vamos fazer uma saga sem pé nem cabeça para nossos herois darem porrada uns nos outros”.

E tinha ficado por isso mesmo, seguia a vida. Até que vi esse video:

 

É, caso não tenham notado a nova máquina de pachinko da Konami, com o tema de Castlevania.

Pachinko é um jogo popular para caralho no Japão, algo como um primo do caçaniqueis. Não vou ficar explicando como a parada funciona, basta saber que muitas salas de pachinko eram/são/serão controladas pela Yakuza.

E esse tipo de pachinko temático é bastante comum, com máquinas de animes e games famosas.

Yamato

Pachinko do Yamato

Nos últimos anos tenho visto várias empresas saírem do mapa por vários motivos: sendo absorvidas por outras, como a EA gosta de fazer, fechando as portas por falta de grana ou por um motivo qualquer.

O problema  teria começado com um jogo chamado Dragon Collection (em 2011, quando a coisa começou a degringolar)que foi lançado para mobile. Como era um jogo de mobile, os custos de produção eram ínfimos e o retorno foi imenso, pois se tornou um sucesso.

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Os executivos (em particular o novo CEO Hideki Hayakawa) perceberam que podiam fazer grana sem pagar quase nada pra produzir algo bom. Na mente deles, títulos como Metal Gear 5 são muito caros (o que não deixa de ser verdade e o próprio Kojima é caro) e demoram a sair ( de novo, já que Kojima ficou atrasando o lançamento) e então é melhor focar a empresa nos tais joguinhos.

Do ponto de vista corporativo, é uma decisão boa. Como relações publicas é um desastre. Mas não é só isso.  Uma entrevista para o Kotaku revelou as técnicas escrotas que a Konami está tomando com os funcionários. Por exemplo, eles não tem acesso à internet. Os e-mails são trocados aleatoriamente.

Os funcionários podem ser, sem aviso, realocados para outras funções sem relação alguma com o seu trampo, como um programador sendo enviado para ser atendente nas lojas da Konami. Lojas de fitness por exemplo. Pense nisso por um instante. Você é contratado para trabalhar por seu conhecimento e habilidades em, digamos, programação. E a empresa, depois de um tempo resolve te colocar para recolher toalhas numa academia de ginastica. E umas táticas de embaraçamento, que, mesmo aqui, dariam um processo do tamanho de um Metal Gear.

As saídas para o almoço são cronometradas e o sujeito que se atrasa, por qualquer razão e tem seu nome anunciado nos auto falantes da empresa. Que por sinal, tem câmeras por toda parte e todos podem vigiar todos. Umas merdas nível Orwell.

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E por ai vai. A situação parece tão ruim quanto as piores fases da Eletronic Arts. E essa já foi considerada uma das piores empresas para trabalhar no mundo.

A empresa parece estar seguindo deliberadamente algum tipo de cartilha da auto destruição. Cancela Castlevania (não vamos discutir os méritos ou deméritos de Lords of Shadow) perdem Koji Igarashi a mente por trás dessa franquia, cancelam Silent Hills depois de uma união que animou todo mundo, Benicio del Toro e Hideo Kojima e aquele cara de Walking Dead. Não só param de disponibilizar P.T. mas não permitem que seja jogado. Os preços dos PS4 com P.T. instalados chegaram às alturas no ebay.

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Situações como essa, da grande Konami, que já nos deu tantos clássicos, mais até do que a Capcom (pelo menos em quantidade se não em qualidade), se tornando essa coisa que está virando é tão ruim quanto se tivesse fechado as portas.

Não dá pra negar a verdade nas palavras “ou você morre como herói, ou vive tempo o bastante para se tornar um vilão”. E infelizmente isso tem acontecido bastante entre as empresas de games.

O tal joguinho mobile é apenas um sintoma de um câncer perigoso para a indústria. Acompanhem o raciocínio e é simples. 80% ou mais do pessoal que consome esses mobile games é absolutamente ignorante sobre alguns aspectos que são potencialmente importantes para as empresas. Como o nome delas por exemplo. Ou o nome das franquias.

Basta perguntar quantos jogadores de Flapbird sabem o nome da empresa que produziu o jogo. Ou Angry Birds. Ou se sabem o que é Castlevania. Ou se importam com isso. Entre poucos e nenhum.

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Na era das trevas antes da internet, ou mesmo pouco depois disso, nos primórdios, a maioria dos jogadores escolhiam seus jogos em um processo que era um pouco de tentativa e erro. Haviam as ocasionais revistas pra ajudar, mas muitas vezes elas ficavam puxando o saco de jogos horríveis, tipo Bubsy e levavam a decisões erradas. Então uma forma mais segura de comprar um bom jogo era seguir o nome da produtora.

Se você via “Konami” ou “Capcom” ou até “Electronic Arts” na capa ou na apresentação do jogo, você sabia que provavelmente era bom. Porque já tinha visto esse nome em outros jogos bons. A importância da marca, como qualquer imbecil com a menor noção de marketing pode dizer.

Focar no mercado mobile, como a Sega e a Konami, e não apenas elas,  estão fazendo,  realmente garante um lucro enorme a curto prazo. Mas como a Nintendo pode ter visto depois do Wii, abandonar os caras que te seguem desde sempre é desastroso e à médio prazo.

O Wii vendeu números absurdos, mas não há como deixar de notar que uma boa parcela das pessoas que compraram eram pessoas que não compram videogames normalmente. Isso é bom também. Mas são pessoas que não ficam comprando consoles geração após geração. É  aquela frase que você ouviu do seus pais, “Já te compramos um Master (ou NES), pra que você quer um videogame novo?”  quando você pedia um Mega ou um Snes.

Boa parte das pessoas que comprou um Wii não via necessidade de comprar um WiiU. Já haviam comprado um Nintendo poucos anos antes.

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Por um bom tempo eu pensei que a Valve não fazia as sequencias de Portal ou Half Life, ou mesmo Team Fortress por “um certo medo da responsabilidade de fazer sequencias de jogos tão aclamados” . Mas não é isso. É que não há necessidade. Pra que a empresa iria gastar tempo e dinheiro fazendo jogos, se podem simplesmente ficar sentados ganhando rios de dinheiro com jogos feitos por outras pessoas?

Em resumo, enquanto a Steam estiver fazendo quasiquilhoes de dólares, as chances da Valve fazer algum jogo beiram a zero.

Há boas noticias, sempre há, mas pra boa noticia, parecem surgir 80 becos sem saída. Será que é assim que o universo de Warhammer 40k ficou tão desgraçado? Um acumulo de pequenas tragédias?

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