Mês da Guerra – Patton -Rebelde ou Herói?

“Quando quero que meus soldados lembrem algo importante, falo duas vezes mais palavrões.”

Poucos comandantes militares americanos foram tão polêmicos e divisores de opinião quanto George S. Patton e não sem razão.

Patton era conhecido por ser um estrategista brilhante e agressivo, um grande conhecimento de história militar, por fazer discursos inspiradores repletos de palavrões, um ego gigantesco e um temperamento que lhe causou problemas em mais de uma ocasião.

O filme começa com uma cena bastante parodiada, o famoso discurso de Patton na frente de uma bandeira imensa, onde ele diz, entre outras, a excelente frase: ” Eu quero lembra-los que nenhum bastardo ganhou uma guerra morrendo pelo seu país. Ele ganhou fazendo O OUTRO pobre bastardo idiota morrer pelo país dele.”

 

 

Então seguimos Patton pelas três campanhas nas quais participou: norte da África, contra o Afrika Korps do famoso general Rommel, a campanha da Sicilia e na Europa, depois do Dia D.

Vemos então seu relacionamento relativamente amigável com o também general Omar Bradley (que nomeia o tanque, não o ator Bradley Cooper) e sua competição/inimizade com o marechal inglês Montgomery, iniciada na África e piorada na Sicilia, onde ambos embarcaram numa corrida louca pela glória. Patton teria dito que era tão arrogante quanto Montgomery, mas ele admitia isso e Montgomery não.

É curioso notar que os alemães tinham Patton em muito mais alta conta do que a maioria dos generais dos Aliados. Não havia receio entre os generais alemães em enfrentar Montgomery por exemplo. Patton era temido. Os franceses também o apreciavam.

 

Talvez não os fashionistas. Aqui está Patton em um uniforme de tripulação de tanques que ele havia desenhado e sugerido. Felizmente, essa foi uma batalha que ele perdeu.

 

Uma outra coisa que o filme aborda foi sua tentativa de convencer Eisenhower a autorizar seu avanço até a capital do que ele considerava ser o outro inimigo, os russos. Claro que Eisenhower (o lider supremo das forças militares aliadas) ficou ainda mais putaço com Patton, já que os EUA esperavam o apoio russo contra o Japão.

A personalidade de Patton lhe rendeu problemas em diversas ocasiões e quase garantiram seu afastamento em definitivo da guerra, por ofender ou deliberadamente deixar de lado os ingleses e principalmente os russos ou o famoso incidente das bofetadas.

 

 

Durante uma visita à um hospital de campanha, Patton se deparou com um soldado sem ferimentos em uma cama. O soldado disse que estava com “fadiga de batalha”, o que chamamos hoje de Transtorno de Extresse Pós Traumático. Patton chamava de covardia. Embolachou o soldado e deu ordens para os médicos colocarem ele para fora e mandarem o cara para a frente de combate. Isso pegou terrivelmente mal com a opinião publica e Patton foi colocado na geladeira. Mas teve que ser trazido de volta pois era necessário.

Na realidade foram dois soldados e posteriormente se descobriu que um deles estava com malária. A esse Patton se desculpou sinceramente.

O filme não se esquiva dessas partes, mas é claramente mais positivo à Patton e com uma ou outra exceção, bastante fiel aos acontecimentos, ajudado pelo fato de ter sido pesadamente inspirado em dois livros, uma biografia de Patton e as memorias do general Bradley, que por sinal foi consultor do filme.

 

 

Uma inconsistência, necessária para a época em que o filme foi feito, é a suavização dos palavrões de Patton. Era um cara que disse isso como resposta à politica de “não confraternização” (i.e. proibindo os soldados de transar com europeias) ditada pelo alto comando: “Besteira! Um exercito que não pode foder não pode lutar!”. Classudo.

Para falar de dois aspectos mais técnicos, a fotografia é lindissima e a trilha sonora também não fica para trás, executada por Jerry Goldsmith. O elenco também é de tirar o chapéu, composto por caras de talento como George C. Scott e  Karl Malden, que também tinham bastante semelhança com Patton e Bradley.

 

 

Não é um filme de ação como entendemos hoje (embora tais momentos, como a sequencia da Batalha de El Guettar sejam impressionantes), mas é definitivamente muito bom, tanto que suas quase três horas de duração parecem avançar com tanta rapidez quanto 4ª Divisão Blindada, a 80ª Divisão de Infantaria e a 26ª Divisão de Infantaria indo em direção á Bastogne.