Mês da Guerra – O Desafio das Águias

Na verdade, se Eastwood e Richard Burton olhassem feio para o castelo, ele explodiria.

O Desafio das Águias é baseado num livro de Alistair Maclean, que também escreveu Os Canhões de Navarone e já é de um momento dos filmes de guerra onde a fidelidade histórica fica de lado para entrar o explodimento de nazistas.

Sete soldados são mandados numa missão para resgatar um general americano que está sendo mantido prisioneiro em uma fortaleza alemã nos Alpes. Só não é tão simples assim.

Não que esse tipo de missão fosse simples. Havia algumas particularidades inerentes a missões tipo Comando. Fora o fato da unidade de Comando normalmente não poder contar com nenhuma forma de apoio, há o fato de que eles costumam ser sumariamente executados, em particular se forem apanhados usando uniformes que não sejam de seu país.

 

E os nazistas ficam ainda mais putos com Richard Burton cantando suas fräuleins

 

Então temos o ainda jovem Clint Eastwood como um tenente americano (que fica se perguntando que carajo ele está fazendo ali), reunido a uma unidade de Comando inglesa para resgatar o tal general. A importancia desse general é que ele foi capturado no retorno de um encontro com os russos, onde fora combinar alguns aspectos para a abertura da segunda frente de combate, ou seja, o Dia D. Se os alemães fizerem o cara falar, tudo pode ir pro essig. A Gestapo costuma ser convincente.

Então esse é o plano. O grupo vai até os alpes num avião alemão Junker capturado, pula de paraquedas, com a ajuda de duas agentes se infiltra no castelo e retira o general dali.

Por sinal, uma das agentes, Heidi, foi interpretada pela atriz Ingrid Pitt, que ficou bastante desconfortável durante as filmagens. Isso porque ela própria havia sido prisioneira em um campo de concentração durante a guerra e aquele monte de caras vestindo uniformes alemães não ajudavam a tranquiliza-la.

 

Mas com uma cara dessas, nem eu ficaria tranquilo

 

Durante o tempo todo que vi o filme, Metal Gear ficou martelando na minha cabeça e é praticamente impossivel não pensar nisso. Então resolvi conferir, afinal, “Os Canhões de Navarone” já haviam sido referenciados em Metal Gear Solid 3. E de fato, Kojimão havia citado Desafio das Águias como um de seus filmes de guerra favoritos.

Algumas partes também parecem ter inspirado passagens de Inglorious Bastards, em particular a cena da taverna e a conversa entre Mary e o cara da Gestapo.

 

“Está se sentindo com sorte, punk?”

 

 

Claro que alguns momentos parecem bastante datados, em particular quando rola aquela projeção de tela marota, para evitar de filmar os atores brigando em cima de um bondinho dos alpes à um porrilhão de metros do chão, mas outras partes, quando é claro que estão explodindo coisas reais, bem, fica muito melhor. Mesmo quando as explosões não parecem fazer sentido.

Uma coisa que não parece fazer sentido à principio é a presença de um helicoptero trazendo um oficial nazista ao castelo. Mas é isso mesmo. Os alemães já estavam relativamente avançados no uso de helicopteros, mas ainda era uma tecnologia muito recente e acabou sendo de pouquissimo uso durante a guerra. No entanto, foi usado um numa das missões mais audaciosas do conflito, o resgate de Mussolini feito por um grupo de paraquedistas alemães na fortaleza de Gran Sasso.

 

Tá certo que os helicopteros alemães não pareciam nada com o Bell usado no filme. Mas enfim. 

 

Uma coisa que me incomodou foi a trilha sonora. Não é grande coisa e me pareceu até inadequada em de quando em quando.

Há um monte de esteriótipos e clichês nazistas no filme, ainda que na época do lançamento, ainda não fossem e é possivel até que Desafio das Águias tenha ajudado a reforçar tais clichês. Só que é mesmo um baita filme legal, com uma boa ação intercalada com a trama de espionagem bem bolada, embora relativamente confusa às vezes.

Até isso inspirou Metal Gear.