Marvel Teens: Os Campeões

Review de gibizinho…faz tempo que não faço, né?

Culpa disso, obviamente, é das editoras, que veem a porra do país numa crise e ao invés de procurar formatos mais baratos de lançamento pra alcançar uma parcela maior dos consumidores, resolveu que só a burguesia vai ter o direito de ir na banca, livraria ou loja online comprar gibi de luxo por 250 conto. Vão pra porra! Menos se você for editora pequena, aí eu entendo. Não compro porque sou pobre…mas entendo!

No entanto, semana passada fiz um bico e arrumei um trocadinho e resolvi procurar gibizinhos baratinhos na Amazon pra ter o gostinho de ler coisa “nova”, já que a única coisa que sigo comprando hoje em dia é Lendas do Universo DC: Liga Da Justiça, mas só quando o preço cai abaixo de R$26,00 na Amazon. “Ain, mas a Panini tá dando vários cupons de desconto na loja virtual dela” muitos podem protestar agora. Só que tem um pequeno detalhe: NÃO TEM CUPOM DA PANINI QUE DIMINUA O VALOR DO FRETE! Eu ganho 30% de desconto com o cupom e o frete repõe esses 30% e acrescenta mais uns 20% só pra tripudiar! “Ain, mas tem frete grátis nas compras a partir de R$200”. Ô FILHO(A) DA PUTA ARROMBADO(A), EU TÔ ROUBANDO POR UM ACASO PRA TER 200 CONTO PRA TÁ GASTANDO EM GIBIZINHO! EU NÃO MORO NUMA CAVERNA NA BEIRA DE UMA CACHOEIRA E FAÇO FOTOSSÍNTESE NÃO, PORRA! TENHO COISA MAIS IMPORTANTE PRA GASTAR DO QUEM EM 200 CONTO DE PAPEL SUPERFATURADO! AHEM…perdão… acho que perdi o foco aqui…

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Enfim…arrumei um trocadinho e fui procurar alguma coisa baratinha pra ler, e como a porcaria das Lendas do Universo DC: Liga Da Justiça não baixam o preço nem por um caralho na Amazon, fui atrás de outra coisa e lembrei da série Marvel Teens. Pra quem não conhece, são pequenos encadernados mais ou menos do tamanho de um livro que compilam entre 10 e 12 edições das séries dos heróis adolescentes da Marvel. Já resenhei aqui a ótima primeira edição de Marvel Teens: Miles Morales (a segunda edição já foi lançada e eu não resenhei porque tive preguiça mas é até melhor que a primeira e a terceira já entrou em pré-venda, ou seja, daqui há uns 6 meses eu compro quando o preço cair na Amazon) e Marvel Tenns: Gwen Aranha, que é bem “nhé” (e teve sua segunda edição lançada também mas nem fui atrás porque, como já disse, achei “nhé”).

Os outros títulos que eu ainda não havia lido dessa série eram o da Gaviã Arqueira, mas dizem que não é tão bacana quanto quando estava nas mãos do Matt Fraction; Homem-Aranha Ama Mary Jane, que basicamente é um mangá shoujo made in USA totalmente focado no romance e na Mary Jane ,nada contra mas…não, obrigado; Miss Marvel que já conta com dois volumes compilando a primeira série da personagem e cujo partes eu já havia lido e achado muito bacana, portanto pretendo pegar também; e, finalmente, Os Campeões, versão atualizada de uma grupo de personagens buchas da Marvel que surgiu nos anos 70 agora reformulados e contando apenas com integrantes adolescente. Confesso que peguei o título com medo de me decepcionar tal qual foi com a revista da Gwen-Aranha, mas…olha…foi uma grata surpresa!

A história dos Campeões começa com os Vingadores ajudando no descarrilamento de um trem, resultado do embate do grupo com a Gangue da Demolição. Após o fim da pancadaria, Kamala Khan, a Miss Marvel, questiona ao membros adultos o que vão fazer pra ajudar as pessoas que tiveram casas e comércios destruídos ao que Sam Wilson, o Capitão América na época, manda um “Tony Stark não tá aqui e a gente não tem dinheiro pra consertar isso tudo aí não. Deixa aí que eles veem como fazem” (não necessariamente com essas palavras, claro) o que deixa Kamala puta da vida e a faz deixar a equipe. Porém, ainda sentindo a necessidade de fazer algo pelo povo mas de um jeito que ajudasse mais que simplesmente sentando o braço na bandidagem, Kamala convoca Miles Morales, o Homem-Aranha, e Samuel Alexander, o jovem Nova, os quais haviam deixado os Vingadores recentemente também por diferenças com os adultos. Em seguida os três procuram Amadeus Sho, o jovem Hulk, e em seguida Viv Vision, a filha do Visão, afim de formar a nova equipe. Mais adiante, o jovem Ciclope, que havia sido trazido do passado e ficado preso em nosso tempo junto com as outras versões jovens dos X-Men, se une a equipe.

A ideia por trás do grupo é não se ater a prender bandidos, mas olhar as questões sociais mais de perto, quer tenha um supervilão envolvido ou não. Obviamente que sempre calha de ter um, pois isso é um gibi de super-herói, oras! Mas, ainda assim, é bacana ver como Mark Waid, roteirista dessa HQ que talvez você conheça apenas por ser UM DOS ROTEIRISTAS MAIS FODAS DA HISTÓRIA DOS QUADRINHOS, envolve a equipe em questões pertinentes e até pesadas pra um time de adolescentes, e ainda consegue mostrar que essa molecadinha tem uma maturidade muito além da idade justamente porque TODOS da equipe tem características que já o tornaram vitima de algum tipo de preconceito e isso os ajuda a tomar certas decisões diante de algumas situações que se apresentam pro time. Kamala Khan é de origem paquistanesa e sofre o preconceito que muitos americanos tem com as pessoas do oriente médio, Miles Morales é negro e latino, ou seja, o sujeito passou duas vezes na fila das classes vitimas de preconceito nos EUA; Viv Visão é uma sintozóide o que já deixa parte da população com um pé atrás por não ser humana, Amadeus Cho tem descendência asiática, Ciclope é um mutante e o Nova…bem, acho que é o único no grupo que não tem nada que o enquadre como vitima de preconceito.

Quando li alguns reviews da HQ vi gente já a acusando de ser cheia de “lacração” e “feminismo” e coisas do tipo que deixam o nerd tetudo que usa foto de óculos escuro no perfil ou foto do justiceiro ouriçados e foi aí que eu tive certeza de que PRECISAVA ler isso, pois se o nerd tetudo tá furioso, eu estou feliz! Tudo isso porque em uma das histórias Mark Waid usou o caso de Malala Yousafsai, a menina paquistanesa que tomou um tiro na cara de talibãs em 2012 simplesmente porque OUSOU IR A ESCOLA, como inspiração. É UMA HISTÓRIA DE VINTE PÁGINAS MOSTRANDO UM PROBLEMA REAL E ESSES CABAÇOS FICARAM INCOMODADOS! APOSTO QUE ESSE BANDO DE ARROMBADO FICARAM TORCENDO PROS TALIBÃS ENQUANTO LIAM ESSA HISTÓRIA! Esses nerds (e homens em geral) tabacudos misóginos são a porra de uma praga mesmo! Tomar no cu…

O encadernadinho compila as 12 primeiras edições da mensal da equipe e cada edição tem começo, meio e fim. Isso as vezes incomoda porque as tramas propostas dariam ótimas histórias mais longas mas Mark Waid as resolve rápido demais e as vezes fica meio raso. Talvez pra não pesar tanto a mão, já que é uma revista voltada pra um publico mais jovem. Porém, isso não deixa a revista ruim! Ela tem um ritmo bacana, Mark Waid sabe trabalhar o relacionamento entre os personagens, traz questões da adolescência a tona e ainda adiciona o elemento incomum que só uma superequipe adolescente poderia ter a equação (por exemplo, Viv Visão, apesar de ser uma Sintozóide, começa a questionar sua sexualidade após perceber que um beijo de um de seus colegas de equipe não a fez sentir nada). Esses elementos, unido ao fato de que, excetuando Amadeus Cho e Viv Visão, os demais personagens praticamente não aparecem sem uniforme, dá a sensação de que estamos vendo uma série animada onde cada episódio tem uma treta a ser resolvida e tem uma lição de moral ao final. Só que as lições de moral não são expositivas, como num episódio do He-Man, e nem sempre advém de um final 100% feliz, pois um grupo de adolescentes com superpoderes não podem resolver todas as tretas do mundo e nem todo mundo pensa do mesmo jeito. Isso fica claro em uma história que se passa durante a Guerra Civil 2 e mostra um campo de concentração de Inumanos.

Os desenhos ficam a cargo de Humberto Ramos, um sujeito odiado por muitos por seu estilo mais cartunesco. Eu não faço parte desse time e, apesar de admitir que o sujeito derrapa DEMAIS em alguns momentos, seu desenho funciona quando a história não é tão séria. Ou seja, Watchmen com Humberto Ramos seria um HORROR, mas pras aventuras de um grupo adolescente com ar de desenho animado estilo Justiça Jovem, tá de boas. Os dois únicos problemas que se repetem constantemente e que me causaram certo incomodo foram o hábito dele desenhar o jovem Hulk com boca de velha e o Miles Morales com cabeça de ET. Fora isso, não me ofendeu.

Todos os encadernados da linha Marvel Teens custam R$34,90. A boa noticia é que muitos deles estão em promoção da Amazon com até R$11,00 de desconto. Esse é o caso de Os Campeões, que você pode achar por R$ 23,00 neste exato momento na Amazon (os da Miss Marvel também, e eu recomendo fortemente). Em um mundo perfeito, esse formato não se limitaria só aos heróis adolescentes da Marvel ou as história bostolentas e alternativas da DC Teen escritas por pessoas que usam pseudônimos de fanfiqueiros ou de escritores(as) de romance vagabundo de banca e com 90% dos títulos focados no universo adolescente de um Bruce Wayne adolescente.

Em um mundo perfeito, esse formato substituiria a finada Coleção Histórica Marvel e a Lendas do Universo DC e traria material clássico do bom, tudo isso custando R$24,90 no máximo. Mas esse não é um mundo perfeito, mas ainda dá pra tirar algumas coisas divertida dele. Os Campeões é um bom exemplo! Histórias divertidas como há tempos eu não lia. Nada revolucionário, mas aquele gibi que te diverte.

NOTA: 7,5