LJA: Terra 2

A Eaglemoss nossa de cada semana.

digitalizar00021-9df881d8f1cc2eff534d9117d1f08e1c-640-0

Uma das fases mais celebradas da Liga da Justiça é a que compreende a passagem de Grant Morrison pelo título. Como um bom fanboy saudosista e obscuro, o grande trunfo do escocês é dar um ar da novidade a conceitos velhos e obscuros, e isso até que acaba rendendo boas histórias, como no  caso de Terra 2, trazendo de volta o conceito de múltiplas dimensões, que havia sido posto de lado na clássica mega saga Crise Nas Infinitas Terras, feita justamente para limpar a bagunça cronológica que existia na época.

Originalmente publicada em 2000, a história mostra os esforços de um Luthor benevolente e altruísta para trazer justiça e paz para o seu planeta, que é refém do Sindicato do Crime, uma versão distorcida da Liga da Justiça. Os integrantes do Sindicato são, Ultraman, Supermulher, Coruja, Relâmpago e Anel Energético, contrapartes porém não as mesmas identidades. Ultraman é um astronauta gravemente ferido em uma missão que foi curado e melhorado com tecnologia alienígena, e Supermulher é a Lois Lane desta dimensão distorcida, por exemplo. O fato principal é que Luthor consegue se transportar para a Terra onde reside a Liga da Justiça e acaba os convencendo de ajudá-lo.

jla-earth2

Porém se as dimensões possuem espelhos dos heróis, por que outras pessoas e valores também não seriam espelhados? E é nesse ponto que a história escrita por Morrison se torna realmente  interessante, apresentando um conceito de que a justiça pode não possuir o mesmo significado em dimensões diferentes, e que talvez seja um erro tentar impor valores alienígenas em culturas desconhecidas, principalmente se esse processo for feito à força. Quanto à arte, tem gente que não gosta dos desenhos de Frank Quitely, eu só lamento por essas pessoas, pois além de possuir um traço autoral sensacional o cara tem uma habilidade acima da média para produzir novos visuais e designs de personagens.

Na parte dos extras, além de algumas páginas mostrando esboços e estudos de personagens de Quitely, temos a republicação da revista The Flash #123, de 1961, que possuía na época dois dos nomes mais icônicos da Era de Prata dos quadrinhos: o roteirista Gardner Fox e o desenhista Carmine Infantino. A edição marca o primeiro encontro de personagens de Terras paralelas, quando o Flash Barry Allen por acidente se transporta para uma dimensão onde Jay Garrick era o Flash (que no Brasil possuía a incrível alcunha de Joel Ciclone), porém está aposentado, só que um retorno inesperado de antigos inimigos o faz retornar à ativa e unir forças com Barry. Este é um tipo de história com uma leveza e carga heróica que hoje não é mais possível, e  talvez o único ponto de estranheza para mim foi o cabeção com o qual Infantino desenha Barry Allen de uniforme.

martian-manhunter-and-superwoman

Enfim, Terra 2 é uma história bem interessante e bem contada, que tem como extra a capacidade de fazer alguns leitores pensarem um pouco sobre o que acontece ao seu redor. Um bom encadernado para se ter na estante, tanto na história principal quanto pela história extra.

jla-earth-2

Godoka
12/07/2016