LJA – O Prego

Elseworlds conseguem ser mais legais que a cronologia normal.

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Anos atrás, 2001, se não me engano, eu comprei uma Revista Herói. Foi o único exemplar dessa publicação que eu comprei, uma edição de aniversário da revista, que trazia o Goku na capa. Deve ter sido uma das 12 revistas das 300 lançadas que tinha Cavaleiros do Zodíaco na capa. Naquela época a internet estava dando os primeiros passos em vias de se tornar esse monstro de informação e desinformação que é hoje, então revistas como a Herói eram as responsáveis por trazer as novidades em cinema, desenhos, quadrinhos, jogos e qualquer outro interesse nerd.

Não sei onde essa revista foi parar, assim como o poster com todos os personagens de DBZ que vinha com ela, mas me lembro de algumas coisas. Lembro de ver umas estátuas do Frodo e do Gandalf que seria lançadas junto com o primeiro filme da trilogia Senhor dos Anéis, ainda em produção na época. Lembro também de uma retrospectiva passando por todos os Final Fantasy até chegar naquele filme em cg que eu acho lindo até hoje. E lembro que na seção de quadrinhos falavam sobre o lançamento da minissérie O Prego aqui no Brasil.

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Fiquei bastante empolgado com a premissa, de que um prego no pneu da caminhonete fez com que os Kent desistissem de sair de casa exatamente no dia que encontrariam a nave que trouxe Kal-El para a Terra, fazendo com que o mundo e os super heróis se desenvolvessem sem a figura norteadora do Super Homem. Como morava (e ainda moro) em cidade pequena, as probabilidades de ter em mãos uma revista dessas era quase nula, mas hoje, quinze anos depois, com uma carga de leitura e uma coleção de quadrinhos em fase de crescimento, tenho em mãos a edição em capa dura que faz parte da Coleção DC Eaglemoss. A espera valeu a pena.

Originalmente lançada em 3 edições no ano de 1998, O Prego é desenhada e escrita por Alan Davis, que dispensa apresentações, mas se alguém quiser conhecer mais o trabalho do cara é só conferir a fase de Alan Moore no Capitão Britânia e Miracleman. Como já explicado, a história tem início quando um prego impede os Kent de encontrar Kal-El, e sem a figura de bondade e esperança do Super Homem, o planeta ainda guarda um grande ceticismo em relação aos seus habitantes poderosos, sendo grande parte deles alienígena.

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A ascensão de Lex Luthor como prefeito de Metrópolis também não ajuda muito nesse panorama. O empresário e cientista conseguiu trazer paz e segurança aos habitantes da maior cidade do planeta através da criação de um estado policial, com duras políticas de prisão e exclusão de todos os habitantes não humanos. A mídia em quase que total apoia suas decisões, e o mundo está cada vez mais decidido a ser como Metrópolis. A Liga da Justiça, formada por Lanterna Verde, Flash, Átomo, Mulher Maravilha, Ajax, Mulher Gavião,  Batman e Aquaman entram em contato com a jornalista Lois Lane, para que ela os ajude a melhorar a imagem da equipe.

Só que, agindo de maneira secreta, alguém está decidido a destruir a reputação dos mascarados até que o povo clame pelo seu exílio ou extermínio. O próprio Luthor pode estar servindo como marionete de um poder maior, que não quer que aqueles que juraram defender o planeta estejam fora do caminho.

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Os elseworlds da DC tem como ponto em comum o fato de que sempre no final eles acabam se alinhando com a cronologia oficial, e em O Prego não é diferente. Apesar da atmosfera mais tensa e acontecimentos um tanto quanto pesados, muito do clima clássico de histórias de super heróis pode ser notado no desenvolver da história, assim como nas explicações e evento. O final pode parecer piegas e clichê, assim como as reviravoltas, mas eu encaro apenas como uma homenagem ao modo clássico de escrever aventuras de heróis encapuzados. Elogiar a arte de Alan Davis é chover no molhado, o cara possui uma qualidade estética e habilidade de narrativa que o colocam no mesmo patamar de nomes como Neal Adams e José Luis Garcia Lopez.

Nos extras temos a galeria de capas, além da republicação de Superman 13, lançada originalmente em 1938, pelos criadores da lenda, o roteirista Jerry Siegel e o desenhista Joe Shuster. A revista é notória pois é a primeira vez que o nome do repórter foca do Planeta Diário é mencionado. E podemos notar também o quanto Jimmy Olsen é um personagem bem merda desde as suas origens. Outro coisa divertida de se notar é como o Superman primordial é um tanto babaca se comparado ao bom moço dos dias de hoje.

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Essa é uma das revistas dessa coleção que com toda a certeza valem a pena de ter na prateleira, com o porém do preço. Ela já pertence à leva de exemplares que saíram com o preço de 44,99, conhecido também como “45 reais e se devolverem o troco vai ser em bala”. É um preço bastante salgado, mesmo com o bom acabamento e o grande número de páginas. Se houvesse uma alternativa da Panini mais barata eu diria para ir atrás, mas como esse não é o caso, só resta comprar nesse preço ou ficar sem.

Godoka
19/12/2016