Leia Esta Merda! – A Morte do Vigilante

É assustador como certas coisas  continuam atuais.

 

Na DC Comics existem dois heróis com a alcunha de Vigilante. O primeiro era Greg Sauders, cujo visual era a de um caubói desses que vemos em filmes de velho oeste, com um lenço vermelho escondendo sua identidade e combatendo o crime com um par de pistolas Colt. O segundo, é alvo deste post, é um vigilante urbano,trajando preto e munido de uma Magnum calibre 45 e um visor infravermelho. Alguns homens assumiram o manto de Vigilante, porém o primeiro e mais marcante foi Adrian Chase.

Chase era um promotor público jovem e idealista que um dia sofreu um atentado a bomba. A bomba não o vitimou pois não estava presente no apartamento na hora da explosão, porém matou sua esposa e filhos. Perturbado pela perda, assume a alcunha de Vigilante e sai a procura de justiça e vingança com as próprias mãos. Mesmo tendo matado os assassinos de sua família a busca de Chase e sua fúria assassina não parou por aí.

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A história desse encadernado se inicia após o confronto de Chase com o Pacificador, outro maníaco homicida e responsável pela morte de Dave Winston. Winston era um policial que resolveu assumir o manto do Vigilante quando o sucessor de Chase, Allan Welles, entrou em uma espiral de mortes e loucura e teve de ser parado pelo próprio Chase. O Vigilante não age mais sozinho também, fazendo parte de uma força tarefa que conta com agente federal Harry Stein e Val Vostok, a Mulher Negativa.

Enquanto tenta colocar a cabeça no lugar, o justiceiro parte para Nova York investigar uma séria de assassinatos por alguém apelidado pelos jornais como Espinho Negro. Os alvos são sempre criminosos famosos, e a maneira com que são mortos também é sempre a mesma: um espinho envenenado. Durante a busca pelo novo assassino, Espinho Negro vai ao encontro de Chase e revela ser uma mulher que decidiu se tornar vigilante inspirada por ele. Espinho Negro e Vigilante além de formarem uma extremamente frágil aliança, também começam um relacionamento extremamente destrutivo.

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“Resolvido” o problema com Espinho. Chase passa por uma série de acontecimentos intensos em um período muito curto, cujo desenvolvimento mostra de forma gradativa como Chase passa a sofrer as consequências de viver sempre no limite e agindo como juiz, júri e executor. Um dos momentos emblemáticos da mini é quando ele e Espinho enfrentam outro vigilante responsável por inúmeras  mortes. Suas vítimas era sempre agressores e assassinos de moradores de rua, uma parcela da sociedade invisível tanto para o estado quanto  para o povo. O final dessa parte é um soco no estômago tanto para o leitor quanto para Chase.

Sendo uma figura trágica, obviamente  o fim de Chase não seria exatamente heróico.

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Por conta da faculdade eu tive que mudar da minha cidade para uma cidade vizinha maior e morar por lá por um ano e meio, e essa cidade contava com duas coisas as quais eu não estava acostumado: uma livraria, que ficava a apenas alguns quarteirões da casa onde morava e um sebo literalmente atravessando a rua. Entre coisa boas que eu comprei e coisas boas que eu deixei pra trás, escondida ao fundo da prateleira estava esse formatinho da Abril sendo vendida por 5 reais.

Levou um tempo pra que eu resolvesse sentar a minha bunda na cadeira e começar a ler. Na verdade acho que eu só li essa história uns 3 anos após ter comprado-a. A compra foi feita por impulso, fui motivado pelo preço, pela capa com desenho do Bolland e pelo protagonista, que sempre atraiu a minha atenção mas eu nunca consegui encontrar muito material pra ler. Essa história foi lançada em 1987, e hoje, 31 anos depois, não dá pra dizer que as coisas mudaram.

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Não mencionei antes, mas no começo da história Harry Stein está em Gotham para ministrar uma palestra/treinamento contra atos terroristas. Stein fica puto com o discurso pronto e joga na cara da audiência que terrorista não é apenas um árabe armado matando em nome de uma religião, que existem terroristas de todas as nacionalidades cometendo atrocidades em nome do que acham correto, mas parece que até hoje essa ideia não entro bem na cabeça das pessoas. Quanto ao problema dos moradores de rua, acho que nada do que eu escreva consegue ter  o mesmo impacto do que foi feito nessa história.

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A figura do justiceiro urbano sempre me chamou atenção, seja com o Vigilante na DC ou o Justiceiro na Marvel. Todo mundo tá careca de saber que Frank Castle é um dos meus personagens favoritos e que a fase do personagem no selo MAX foi talvez a grande responsável por eu me tornar um leitor e colecionador. Antes eu era atraído pela catarse, em ver um cara sem poderes correndo atrás dos vilões que realmente interessam, mas o tempo traz certa sabedoria. Castle é um sociopata, um soldado, e todos estamos de acordo que soldados são bons em executar ordens, mas não em pensar, e talvez seja por isso que o paralelo entre os dois personagens seja interessante. Chase, um promotor público que também perdeu a família tomou o mesmo caminho de Castle, e no final acabou enfiando uma bala na própria cabeça. Talvez seja essa a mensagem no final das contas, a punição simples não traz justiça.

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Saindo do meu arroubo esquerdopata comunista abortista e voltando ao gibi, a não ser que você dê sorte de encontrar essa pérola em algum sebo, a única alternativa é recorrer ao bom e velho scan, encontrado nas melhores importadoras do gênero. Não é preciso background pra entender a história, já que alguns flashbacks durante ela dão conta do recado.

Godoka
08/02/2017