Godzilla Unleashed


Mas todos preferem Shin Godzilla
Depois do sucesso, e porque não dizer, da grana, que o Godzilla da Legendary fez, a Toho achou que deveria deitar a mão na bufunfa também e trazer de volta o Gojira da aposentadoria.
Na verdade não é a primeira vez que isso acontece. Quando o filme o Zilla da TriStar saiu, a reação dos caras da Toho foi algo como “éééé… não…. ficou como esperávamos….” e no ano seguinte foi feito Godzilla 2000 para revitalizar a franquia.

“Godzilla americano, você é o pior Punho de Ferro Godzilla de todos os tempos.” disse Godzilla em entrevista exclusiva.
O ultimo filme japonês do Godzilla foi justamente o royal rumble melee Godzilla Final Wars de 2004, supostamente o último da série e acabou sendo um dos mais longos periodos de dormencia do bichão.
Então para Godzilla Unleashed, ou Shin Godzilla o caminho do reboot foi tomado, de novo. E isso não é a primeira vez também. A cronologia do Godzilla é tão confusa quanto a da Marvel e cheia de reboots quanto a da DC.
Dirigido pelos dois manos da Gainax, Hideaki Anno e Shinji Higuchi (que dirigiu uma trilogia de filmes da escrota tartaruga Gamere) é um dos filmes mais incomuns do Godzilla, como convém a esses caras.
Num dia comum, a guarda costeira de Toquio investiga um estranho iate à deriva. O barco está vazio e parece ter sido abandonado às pressas. Logo em seguida acontece um desastre e o tunel Aqualine é inundado misteriosamente e desaba. Rando, um dos altos funcionarios do gabinete do primeiro ministro é ridicularizado por sugerir que pode ter sido causado por uma criatura marinha desconhecida. Até que surge um video mostrando exatamente isso.

“Por favor, que isso seja a cauda dele.”
As aguas da baia se tornam vermelhas, enquanto alguma coisa se move em direção ao solo, causando um gigantesco deslocamento de agua. É impossivel ver a agua invadindo as ruas da cidade sem notar como são cenas parecidas com os videos do tsunami de 2011.
O governo chama respeitados biologos cujas opiniões acabam sendo absolutamente inúteis, mas servem para mostrar como se faz uma aparição num filme, já que são Mamoru Oshii e Hayao Miyazaki.
A imensa criatura sai da agua e causa uma baita destruição conforme se locomove, e repentinamente sofre uma mudança fisica, se ergue e, bem, segue o filme, com as tentativas desesperadas do governo japonês e depois de outros países, de tentar deter a criatura, chamada pelos americanos de Godzilla.

Uma das formas intermediarias se tornou muito popular e recebeu o apelido de “Kamata Kun”. É. Parece um pug enorme.
O Godzilla é definitivamente estranho, mas de uma forma interessante. A principio, quando surge, é algo parecido como uma salamandra, se arrastando pelo solo com uns olhos esbugalhados, mas ele vai evoluindo até se tornar parecido com o Godzilla tradicional. Mesmo assim, é o primeiro Godzilla japonês que não é um cara numa roupa de borracha, mas uma mistura de CG com pratical effects.
Ele é definitivamente grotesco, os braços, os dentes, a própria pele repleta de tumores e parecendo que algo vai sair por debaixo dela… parece algo que sente dor simplesmente por existir.

Há uma similaridade com alguns dos concepts originais do Godzilla de 1954
A mão de Anno é claramente perceptivel sustentando a coisa toda: os dialogos dos militares e politicos, as mudanças rápidas de cena e até a trilha sonora tem uma ou duas músicas direto de Evangelion (Decisive Battle é pra lá de óbvia), e a edição, com cenas mudando de lugar rapidamente,
Há uma variedade de temas, desde a inabilidade dos politicos e especialistas em reagirem a eventos inesperados, bem exemplificado nas sequencias de dialogos que podem ser resumidos como: “criatura gigante? Ridiculo!” E aparece a criatura gigante. “É muito grande para ir para terra firme, morreria sob o próprio peso,.” A coisa vai pra terra. ” Felizmente se move devagar.” E o treco muda e fica de pé. Por aí vai.

“Bem, não pode ficar pior…. fuck.”
Mas dá pra entender. Não há protocolos, suponho, para kaijus. Dizem haver para contato alienigena no entanto.
Se o Godzilla original era uma analogia ao terror das bombas nucleares, esse é um lembrete do poder da natureza e como pode ser desastroso misturado aos erros humanos, é um terremoto, um tsunami e um reator nuclear pronto para explodir. É Fukushima.

“Para um hálito refrescante use Uranio-235”
Os personagens humanos são interessantes também, embora tratados com uma certa superficialidade, aceitável dado o grande numero deles, embora só alguns sejam realmente importantes. Eu destacaria Hiromi Ogashira (Mikako Ichikawa), que é tão sorumbática quanto Rei Ayanami.
É um excelente filme de kaijus e a maior bilheteria dos filmes do Godzilla no Japão. É um filme absolutamente diferente, tanto do Godzilla da Legendary quanto de 99% dos outros filmes do Godzilla. É um filme de terror misturado com filme de desastres, como o primeiro foi.

Era uma imagem de Primeiro de Abril, mas um homem pode sonhar…