G.I. Joe: Resolute – A Origem que Vale do Snake Eyes

Vamos tirar poeira de post velho?

Com a iminente chegada do filme solo do misterioso ninja silencioso dos G.I. Joe, Snake Eyes (que nesse novo filme não é nem um pouco misterioso e NADA silencioso) aos cinemas brasileiros no dia 19 de agosto mas já tendo estreado lá fora e sendo devidamente ESCORRAÇADO como um verdadeiro pedaço de lixo, mantendo o legado fedorento da franquia G.I. Joe no cinema, resolvi desencavar um dos primeiros posts que fiz lá no Baile dos Enxutos em 2013, dar uma guaribada atualizando pontos aqui e ali, e publicar aqui pra evitar de escrever um post novo sobre a obra audiovisual que não apenas mostrou a MELHOR origem do personagem como é a MELHOR produção da franquia dos Comandos em Ação. E, sim, eu estou contando a série clássica onde todo mundo era míope e não acertava a porra de um tiro de laser em um inimigo a menos de um palmo de distância.

“Ué…mas não é um texto do BDE,tio Hellbolha? Como o senhor vai publicar aqui? Não dá treta isso não?” você pode indagar. E eu respondo: Não, ué! O texto é meu e o BDE é tão fodido quanto a gente, eles não tem dinheiro nem pra pensarem contratar um advogado. Sem falar que estão ocupados fazendo Nikes piratas no porão da sua sede desde que foram adquiridos por uma empresa chinesa…

Mas, vamos lá, sem mais delongas:

Hoje titio Hellbolha ficou nostálgico e relembrou sua longínqua e feliz infância, láááááá no fim dos anos 80, inicio dos 90, quando energia elétrica se tornava uma realidade possível num futuro próximo em terras sertanejas e uma lenda chamada “Coca-Cola” se fazia ouvir pelas bodegas do vilarejo! Alguns diziam que dava até pra beber esse troço…

E no meio desse flashback, relembrei quando o prefeito Odorico Paraguaçu colocou uma TV de 14 polegadas movida a querosene na praça da cidade, bem em frente a igrejinha, onde todo o vilarejo poderia assistir aos seus programas favoritos e era nessa TV que eu assistia aos meus desenhos favoritos entre uma jornada na lavoura e outra! Thundercats, He-man, Silverhawks, Brave Star, Rambo e a Força da Liberdade, Os 6 Biônicos entre tantos outros. Mas havia um que eu nem gostava tanto da animação, mas adorava os bonecos (consegui ter dois depois que minha mãe vendeu um de nossos irmãos para um cantor americano meio esquisito. Máicôu Jeguison…Jadson…Jolemison…algo assim!). Tratava-se de G.I. Joe, ou para nós brazuqueiros, Comandos em Ação!

Assim como todos os desenhos citados acima, Comandos em Ação seguia uma linha básica de roteiro: histórias simples com muitos tiros lasers e uma liçãozinha no final. A inocência imperava naquela época, afinal não existia GTA para nos dar uma noção bem embasada de civilidade!

G.I. Joe tinha uma caralhada de personagens, afinal quanto mais personagens, mais bonequinhos pra vender. Alguns mais legais que os outros, outros mais chatos que uns, porém  todos com uma característica em comum: apesar de militares extremamente bem treinados, todos ATIRAVAM MAL BAGARAI!!!! Sério, se um deles resolvesse executar o outro com uma rajada de laser na fuça, mesmo com a arma enfiada no buraco da venta do inimigo…ELES ERRAVAM! Isso sem falar que ao acertarem um veículo tripulado, o mesmo só viria a explodir depois que fosse devidamente desocupado! Sério! Se você colocasse uma granada no escapamento de um jipe, sem que ninguém notasse e tivesse iniciado uma viagem de 4 quilômetros seguidos, a granada iria se segurar, como quem segura um peido em frente a namorada(o), até chegar ao destino, pagaria o pedágio, trocaria os pneus se necessário, pagaria a “cervejinha” do guarda rodoviário e, só depois que todos o passageiros estivessem em segurança, explodiria! Safety first…

A guerra entre os G.I. Joe e os Cobra não acabava porque NINGUÉM MORRIA e as fileiras de nenhum dos lados NUNCA diminuía!

Apesar de tudo isso, todas as jovens e serelepes crianças daquela época adoravam essa budega. E qual não foi a surpresa de todos ao descobrirem que um filme sobre os piores militares mais amados do mundo estava sendo produzido! Claro que muita gente achava que ia ser uma merda, mas essa expectativa foi superada… e o filme foi BEM PIOR!

Entupido de efeitos especiais furrecas e com um roteiro com a profundidade de minha conta bancária (quase zero), o filme é uma bomba sem tamanho. A começar pelo protagonista, Xana Tatu (não sei escrever Channing Tatum, me deixem em paz…) que tem o carisma de um tijolo, a expressividade de um cabide e cujo olhos tiveram o espaço entre eles muito mal calculados! A única coisa legal nesse monte fumegante de fezes foram as cenas com o ninja Snake Eyes (Ray Park, o Darth Maul  em Star Wars – Episódio 1 e o Groxo em X-Men). Ninjas são sempre legais!

A prova disso é que na sequência de 2013, além de terem o bom senso de matarem o Xana Tatu no inicio do filme e darem o protagonismo pro The Rock, o filme se focou bem mais no ninja silencioso.

O filme é BEM MENOS horroroso que o primeiro mas ainda está longe de ser uma perola do cinema de ação.

Porém, nem tudo são tragédias na “historiografia” recente dos G.I. Zé! Assim como ocorreu com a medonha nova trilogia Star Wars, uma pequena série animada foi planejada e lançada em 2009, pouco antes do primeiro filme chegar aos cinemas (no caso de Star Wars o lançamento foi entre os episódios 2 e 3). E assim como a animação Clone Wars de Gendy Tartakovsky, a tal animação se mostrou TROCENTAS VEZES superior ao filme! O nome da bagaça: G.I. Joe: Resolute!

Criada e dirigida pelo português Joaquim dos Santos, figurinha carimbada nas animações da DC, G.I. Joe: Resolute foi dividido em episódios curtos de, em média, 5 minutos cada exibidos pelo canal Adult Swin e, posteriormente, foram compilados como um longa metragem de 50 minutos.

O roteiro ficou a cargo de um velho conhecido na nerdaiada quadrinheira: Warren Ellis! E Ellis fez um trabalho muito competente aqui. O ritmo frenético de Resolute trás muito do que Ellis apresentou em Frequência Global, com ação ininterrupta mas sem perder o foco na história. Beeeem diferente de hoje em dia, onde ele tenta nos matar de tédio com a lentidão de Castlevanina na Netflix, série onde todo mundo conversa MUITO e parece só saber fazer isso sussurrando. A história de G.I. Joe: Resolute é a seguinte:

Cansando de não ganhar uma, o Comandante Cobra toma um poderoso sistema de satélites norte americanos (mais especificamente o projeto HAARP) e exige que em 24 horas seja declarado governante do mundo (ó as ideia do cara…). Sem ser levado a sério pela ONU (nem imagino o porquê…), o Comandante Cobra usa sua nova arma e manda Moscow para a casa do caralho com passagem só de ida. Sim, ele LITERALMENTE EXPLODE Moscow! O governo americano não tem outra opção se não soltar o seu grupo de operações especiais mais altamente phodão pra cima do cabeça de balde. E eis que os G.I. Zé entram em ação! Mas dessa vez o negócio vai ser sério, já que durante a tomada do sistema de satélites, os Cobras mataram um dos Joe, o sargento Bazooka. Agora Duke e sua turma vão atacar com a fúria de mil siris numa lata de querosene e pôr um ponto final nas falcatruas dos Cobras.

O plot principal é muito bem construído, mas o secundário é o que ganha a série. E adivinha em quem se foca esse plot secundário?! Isso mesmo! O bom e velho ninja com a língua no c*, Snake Eyes! É como eu disse: Ninjas são sempre legais!

Nessa subtrama conhecemos um pouco mais do passado do ninja silencioso, seu conturbado relacionamento com Storm Shadow e finalmente entendemos por que esse puto não larga um “ai” nem quando tem sua mão atravessada por uma espada!

Tecnicamente G.I. Joe é impecável. A animação não deixa nada a dever a nenhuma animação dos estúdios “pica grossas” japoneses. Na verdade é muito mais bem produzida que muita porcaria que está sendo feita na terrinha do senhor Miagy hoje em dia! E Joaquim Dos Santos tem bagagem pra fazer isso! O cara esteve por trás de um dos “animes que não é anime” mais populares da ultima década: Avatar – A Lenda de Aang e sua sequencia, Avatar: A Lenda de Korra.

E se lá a animação era bem feita bagarai, aqui soltaram a coleira de Joaquim e sua equipe, oras pois! As cenas de ação são phodásticas e as coreografias de luta entre Snake Eyes e Storm Shadow são de fazer inveja a qualquer Van Damme do cu frouxo da vida. E, por ser uma série voltada para o publico adulto, aquelas merdas de armas lasers e personagens que nunca sofrem um arranhão, mesmo com uma bomba nuclear caindo no dedão do pé, foi pras cucuias. Aqui a bala come solta e a peixeirada corre no bucho da bandidagem!

Os G.I Zé de ontem.
E os G.I Zé de hoje. Que caras de “mal fazejos” da mulesta…

Porém a animação não se reinventou apenas no tocante a violência, fazendo mais sentido no que tange a um grupo militar antiterrorismo. O visual dos personagens também está mais sóbrio e pé no chão e menos “Village People vai a guerra” da animação original. Aqui, todos são militares e tem aparência militar. Excetuando o defunto Bazooka, que aparece com seu visual clássico no começo da série. Mas ele tá morto, então não conta…

Em suma (já que esse post tá grande pra cacete), G.I.Joe: Resolute diverte, engorda e faz crescer, sem falar que dá uma surra nos filmes (principalmente no primeiro) e ainda chama a mãe deles de quenga afolosada. E, pelas criticas ao filme solo do Zóio de Cobra, o bicho vai entrar na fila da surra e a mãe dele será a quenga afolosada chefe do cabaré.

Por isso podem “importar” sem medo de ser feliz. E, nas imortais palavras do ninja “módafocka”, Snake Eyes:

– ………………………………………………………………………………………………………………………..
-EYES, Snake

E acabou essa porcaria!