Diários da Terapia #7533 – Sobre Bloqueios

Lembram quando eu comecei a colocar o título “Diários da Terapia” na frente dos posts? Pois é, não durou três postagens.

Uma breve história, talvez não tão breve assim, dos nascimento do site e um detalhe dos bastidores. O ano era 2013, e das cinzas do falecido MRZI, que morreu pois o dono do site não quis passar o domínio pra quem estava dispostos a pagar e manter o site funcionando surgiu o Bem Amiches, formado por membros do antigo site e uns malucos que estavam quase todo dia em chamadas no Skype. Um desses desocupados era eu.

O outro era o Vinnie.

Participar de um site, escrever com uma turma que compartilhavam os mesmo gostos e anseios era um verdadeiro sonho, independente de alcançar visibilidade ou algo do tipo. Antes mesmo do site ir pro ar eu já tinha colocado uns oito posts prontos no rascunho, afinal, vida de estudante de medicina é uma bagunça, então eu descarregava tudo no teclado quando tinha tempo.

Por muito tempo essa fórmula deu certo, pois sempre tinha algo pra sair, e na época éramos mais rigorosos com a frequência de postagem. Isso rendeu frutos, óbvio, é dessa época o nosso recorde de acessos diários, por exemplo. E nessa época também já ocorriam os meus bloqueios. Eram menores, geralmente passavam depois de um tempo afastado da caixa de texto e sumia escrevendo no tranco.

O tempo passa. Formatura, trabalho, a dinâmica do site muda. A cobrança por postar muda, vira algo que parte apenas de mim, afinal, sempre gostei de escrever. Mas o stress diário, emprego, casa, contas e o escambau só pioraram a questão do bloqueio. Eis que surge um ingrediente mágico: álcool.

Eu já recebi elogios sobre dois post que fiz anos atrás, um sobre Táxi Driver e outro sobre Trainspotting. O que ambos tem em comum? Estava bêbado enquanto escrevia ambos. O texto de Trainspotting nasceu em uma quarta feira de tarde, depois de uma garrafa e meia de vinho.

A culpa disso é do site? Não, nem fodendo. Eu usei o álcool como válvula de escape para as minhas frustrações, e não escrever aera apenas a menor delas, a maioria era relacionada ao trabalho. Mas o fato é que não dá pra brincar assim por muito tempo, e antes que eu fizesse alguma besteira do tipo ir trabalhar bêbado eu consegui dar um basta, fiquei quase um ano sem colocar uma gota de álcool na boca, depois da hepatite por má alimentação eu continuei sem beber e hoje eu mantenho um ritmo de uma garrafa de cerveja ao mês em média.

Um ano e meio atrás veio o transtorno de ansiedade. Meu amigo, se já estava difícil antes, agora sentar e escrever tá nível Dark Souls. Mas com o tempo eu consegui controlar, com ajuda profissional e farmacológica claro, mas e tá sussa.

O bloqueio ainda está aqui? Sim, e sempre vai ficar, eu acho. Aprendi a me relacionar com a escrita de outra forma, hoje ela é mais pessoal que antes, então adeus frequência de posts ou algo do tipo, vai sair quando eu quiser e deu. Ainda devem aparecer coisas antigas também, revirando os rascunhos acabei encontrando uma resenha de livro escrita em 2018 e esse esqueleto está no armário tem tempo demais já.

E sobre esse texto ser todo ilustrado com fuscas a explicação é bem simples: não tem explicação. Enquanto escrevia pensava em fuscas, então resolvi pegar umas fotos aleatórias e colocar aqui.