Desejo de Matar

Não é dificil fazer algo bom com o Justiceiro, não para quem manja.

Como já mencionei antes, não esperava nada desse remake de Desejo de Matar. A mesma recepção pasmaceirenta e cautelosa que costumo reservar para remakes.

Mas as coisas mudaram o bastante para no minimo me intrigar. Bruce Willys no lugar de Charles Bronson, dos astros de ação, Willys ainda é o unico que consegue transmitir um ar de “sujeito normal” e na verdade Liam Neeson era a escolha inicial mais forte quando o projeto começou.

Depois o diretor. Eli Roth me pareceu uma escolha estranha. Curto os filmes do cara, mas sei que ao mesmo tempo que ele tem um tremendo controle de cena, nunca sai muito de sua zona de conforto no terror. Desejo de Matar é justamente sua primeira pernada fora dela.

O trailer posteriormente me fez ter interesse genuino.

Mas o que me vendeu o filme, ao mesmo tempo que demonstra que pessoa horrivel que sou, é quem está reclamando dele. Pensei comigo: “Se essas pessoas não gostam, então deve ser bom.”

Se for ver, são na maioria as exatas mesmas criticas que o original enfrentou. A Nova Iorque dos anos 70 era o mesmo atoleiro de crime que a atual Chicago. Então era/é considerado de “mau gosto” explorar isso. Há a sempre presente questão das armas. Ineficácia da policia e tudo mais. É incrivel e meio assustador perceber que as mudanças mesmo foram a cidade e a tecnologia.

A trama é aquela. Paul Kersey é um cirurgião de sucesso e sua vida é arrasada quando um assalto à sua casa termina com sua esposa morta e sua filha em coma. Ao esperar a ação da policia, Kersey percebe que ela não consegue fazer quase nada, devido à sobrecarga e incompetência ocasional. Então resolve agir por conta própria.

 

O filme não é um remake ipsis literis do original, e nem se propõe a ser, principalmente por conter muito da atualidade nele, como os comentaristas de rádio falando do “Ceifador”, o uso de tecnologias inexistentes na época do clássico e mudanças em alguns personagens. Kersey era um arquiteto e declaradamente um pacifista. Aqui é um cirurgião e há a figura de seu irmão, interpretado pelo Rei do Crime. Ironico.

Posso ser pouco capaz de analisar isso, mas tive a impressão que Willys estava bem letárgico em boa parte, mas não sei dizer se é devido ao próprio personagem, ao ator ou mesmo à dublagem.

E pasmem completo e absoluto, Eli “torture porn” Roth aliviou, e muito, as cenas do ataque à familia. Quem viu o original pode lembrar do tremendo desconforto, incluindo o fato que a filha de Paul Kersey foi brutalmente violentada também. Isso não acontece aqui. Claro que ele mandou um pouco de gore em outros momentos, mas isso seria inevitável.

Eu duvido que vá gerar uma puta grana, ou uma franquia, é odiado demais para isso e com certeza seu destino é ser cult como o primeiro. Mas é tão válido quanto. Apesar de não ter o Risadinha.